Fundador do movimento LGBTQIA+ em MT revela que pais vivem luto ao descobrir filhos gays; vídeo

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A Entrevista HNT desta semana recebe o professor, mestre em Educação e um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Clovis Arantes. Como fundador do movimento LGBT de Mato Grosso, com a ONG Livremente, e presidente da Associação da Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá, que completa 20 anos em 2023, ele falou com propriedade sobre a comunidade que ainda é invisibilizada pela sociedade. Destacou inclusive que, quando os pais descobrem que têm um filho ou uma filha homossexual, precisam viver um processo de luto. Duarante a conversa, além de tratar sobre a descoberta da sexualidade, o entrevistado também tratou de desafios e lutas fundamentais à comunidade LGBTQIA+.

“Um pai que descobre que seu filho é homossexual, ou que a filha é lésbica, ele tem que viver o luto”, revelou ele sobre a descoberta, destacando ser uma desconstrução total, por fugir do ‘socialmente aceito’ e dos projetos feitos para o futuro da criança. A reflexão do ativista é no sentido de que ninguém quer um filho machucado, que sofra preconceitos. Clovis disse que a família acaba tendo que enfrentar o medo e, por isso, o processo de entender o luto, já que a família vive a situação sem apoio de outras pessoas, sozinha, completando que a casa deve ser um local de acolhimento.

Há quem diga que o mundo está mais chato, já que não se pode fazer piada com mais nada. O fundador do movimento LGBTQIA+ no Estado refutou esse tipo de pensamento: “a gente precisa compreender que eu não posso brincar com a possibilidade de uma pessoa que já é vulnerável sofrer mais violência”, comentou sobre o fato de as brincadeiras de mau gosto terem dado origem a muita violência.

No país em que mais se mata pessoas trans, de acordo com um relatório divulgado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), existe a dificuldade de conseguir a inclusão e garantia do direito de todos. O discurso, elucidou, não é sobre dar mais proteção porque a comunidade é mais especial, mas, sim, porque a comunidade é mais vulnerável dentro de uma sociedade que não se atenta a respeitar as diferenças.

“No Brasil não tem nem uma lei que foi votada no Congresso Nacional que proteja a população LGTQIA+, não existe”, comentou Arantes. “Tudo que nós temos foram ações judiciais. Então, nós judicializamos nosso direito”, expressou ele ainda sobre a dificuldade na busca pela igualdade. Se não for a comunidade LGBT lutar pelos seus direitos com afinco, pouco é feito, acrescentou.

O entrevistado também falou sobre a Câmara dos Deputados, que é composta por figuras como Nikolas Ferreira (PM-MG), parlamentar polêmico com atuações homofóbicas. Mas que também é composta por Duda Salabert (PDT-MG), a primeira deputada federal trans na história de Minas Gerais.

“Nós temos o Nikolas que, por um lado também é horrível, mas nós tivemos em Minas uma parlamentar trans, que foi a mais votada do país. Então, isso quer dizer alguma coisa”, expôs o professor. Além de Duda, a também trans Erika Hilton (PSOL-SP) compõe a Câmara dos Deputados, por São Paulo. Em 2023, a Câmara tem, pela primeira vez na história, portanto, duas mulheres trans como deputadas federais.

“Em momento algum nós queremos discutir homossexualidade na escola, mas nós queremos discutir direitos humanos”. Clovis ainda rebateu um pensamento que habita a cabeça de muitos: ‘educar para ser gay’. Na conversa, o entrevistado mostrou que a busca na educação não é para influenciar, mas para respeitar e entender desde cedo o mundo de diferenças e possibilidades. (HNT)

Confira abaixo a entrevista completa!