Estudantes cobram retorno das aulas presenciais na UFMT

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Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se encheram de esperança ao receber a informação de que o retorno das aulas presenciais aconteceria em abril deste ano. No entanto, foram pegos de surpresa pelas discussões sobre um novo adiamento, devido à terceira onda de covid-19.

Frustrados, os estudantes criaram uma página no Instagram para pressionar a instituição a voltar com as aulas presenciais na data divulgada. Os acadêmicos se dizem esgotados após quase 17 meses de aulas remotas, algo completamente novo para os estudantes da universidade pública, acostumados com o ensino 100% presencial.

Nos comentários de uma publicação, os estudantes explicam que a página foi criada após uma live da União Estadual dos Estudantes (UEE) sobre um possível adiamento. Os universitários reclamam de professores que reaproveitam aulas postadas no Youtube para os semestres seguintes.

“Esse comitê de covid é formado pelos professores que ficam de pernas para cima postando aula do início da pandemia, como se a gente não enxergasse o dia da publicação do Youtube? (Desculpem minha revolta, mas não vou fingir estar satisfeita)”, protestou uma estudante.

Outra universitária cita o retorno das aulas presenciais nas redes municipais e estaduais que, mesmo antes da vacinação infantil, já voltaram para as salas de aulas. Eles destacam que os únicos ‘parados’ são os universitários, que já estão imunizados, em sua maioria.

“Não queremos saber de desculpinhas mais! Meus irmãos mais novos que nem vacinados estavam ainda e já estavam tendo aula, estão aqui muito bem e esperando pra começar o novo ano escolar. Sei que não posso usar algo isolado pra justificar, mas eles não estudavam sozinhos, a turma toda estava lá. Não podemos parar, estamos vacinados!”, disse.

À reportagem, um dos administradores da página apontou a qualidade e o empenho dos professores para lecionar no ensino remoto, mesmo com as dificuldades enfrentadas, como desgaste mental, problemas com internet e evasão de alunos.

“Escolhemos a UFMT pela inegável qualidade de ensino, mas o modelo remoto infelizmente nos traz dificuldades inenarráveis. No entanto, mesmo com elas, temos professores muito competentes que fazem o máximo que podem para nos ensinar”, destacou.

Além disso, os alunos se dizem preocupados com o desempenho acadêmico a longo prazo, em especial pela suspensão das aulas práticas, que só podem ser feitas de forma presencial.

“Chega a ser desesperador toda essa situação, afinal é o futuro da nossa vida acadêmica. Estamos fazendo nossa parte e esperamos que a instituição também faça”, concluiu.

SEM VIÉS POLÍTICO – Em menos de 24 horas, a página ganhou mais mil seguidores, entre alunos e professores. Além disso, o deputado estadual Ulysses Moraes (PSL) também manifestou apoio aos estudantes.

Com a polarização de esquerda versus direita, esse apoio foi o suficiente para o movimento enfrentar críticas por parte de outros estudantes, que dizem que ele é liderado por alunos negacionista e antivacinas, algo que foi descartado pelos administradores da página. Eles afirmam que o movimento é totalmente democrático e que o objetivo de todos é o retorno das aulas presenciais.

“Não temos viés político. Acreditamos que já passou da hora de assuntos em evidência na sociedade deixarem de ser divididos entre esquerda e direita. Nossa união se deu pela luta por nossos direitos, e somente isso. Defendemos as opiniões dos estudantes de uma forma verdadeira e limpa de opiniões políticas”, garantiu.

OUTRO LADO – A reportagem entrou em contato com a Universidade Federal por e-mail, WhatsApp e ligação. No entanto, não obteve respostas. O espaço segue aberto.

 

Estagiária sob a supervisão da editora Cátia Alves*

Fonte: Estadão de MT