Advogada denuncia descaso ao chamar Samu para moradora em situação de rua em Cuiabá

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Uma advogada de 29 anos relata ter presenciado uma situação de descaso do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ao solicitar ajuda médica para uma moradora em situação de rua, em frente à Rodoviária de Cuiabá. A jurista chegou no local às 18h30 de quarta-feira (26) e só foi embora por volta das 20h, quando uma ambulância finalmente levou a paciente. Porém, ela estava no estabelecimento com dores desde às 15h.
A mulher estava no posto de combustíveis que fica ao lado de uma farmácia para abastecer seu carro, quando teria visualizado a moradora em situação de rua passando mal. Mesmo com muita dificuldade, ela teria ido até o tapete da farmácia, onde ficou deitada no chão.

“Parei o carro junto a minha sobrinha de 10 anos, descemos e fomos até essa senhora, perguntei a ela diversas vezes o que estava acontecendo, ela me informou que estava com dor no peito. Logo, os funcionários da farmácia vieram até a mim, dizendo que ela estava mal desde as 15h da tarde e que já tinham registrado a ocorrência no 192 (Samu). Eu disse a ela que ligaria também”, relata.

A advogada então realizou a primeira ligação. Embora não soubesse o nome da rua, informou que estava no único posto que fica em frente a Rodoviária de Cuiabá e ressaltou que havia uma mulher passando mal desde 15h. “Simplesmente me falaram que eu teria que saber o endereço, o nome da avenida, se eu estava na farmácia era só perguntar.  Ainda me disseram para ligar depois que soubesse o endereço e desligaram na minha cara”, conta.

“Liguei outra vez, disse tudo novamente, fui maltratada, desligaram na minha cara. Na terceira vez que liguei para o Samu, fui maltratada novamente, mas a enfermeira que falou comigo, foi mais educada, diferentemente do médico e atendente anterior. Expliquei que aparentemente a mulher vivia em situação de rua, porém eu não poderia afirmar, não a conheço, mas precisava muito de ajuda, pois ela estava com muita dor no peito”, diz.

Ao final da ligação, a advogada ainda foi informada que era normal ter “esse tipo de pessoa” na região. Ela ainda reforçou o estado de saúde da mulher e novamente desligaram o telefone.

“Eu ali, após horas, comecei a sentir muita dor de cabeça, em razão da tensão de tudo que estava acontecendo, as funcionárias da farmácia, super educadas, dando água para a senhora que mal conseguia se levantar”, lembra.

A advogada ainda afirma que acionou a Polícia Militar e logo uma viatura chegou. Os agentes então conversaram com a mulher e ligaram novamente para o Samu.

“Depois de tempos, chegou a ambulância que só foram após os policiais chegarem. O suposto médico, fez a mulher se levantar, com muita dificuldade, pois ela falava que não conseguia se levantar que estava doendo, ele forçou ela levantar de todo jeito para ir andando até a ambulância, para ele examinar ela, deu dó, ela tentava levantar e abaixava, de dor, ficaram minutos na ambulância e no final levaram ela”, diz.

“Foi desumano, foi cruel, foi horrível, frustrante, meu Deus, eu quis chorar, independente DE viver em situação de rua ou não, é uma vida”, desabafa a advogada.

Outro lado

Procurada pelo Olhar Direto, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), informou que a qualidade das três ligações estava muito ruim, sendo que em certos momentos a comunicação ficava muda.

“Contudo, o atendimento à paciente foi devidamente prestado pelo Samu; a paciente foi transferida e assistida pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Verdão. O registro das ligações não aponta qualquer destrato no atendimento prestado pelo Samu, apenas evidencia a má qualidade da ligação telefônica”, diz trecho da nota.

Veja vídeo: 

Fonte: Olhar direto