‘Sobrevivente’ de delação, prefeito de Cuiabá tenta reeleição e quer eleger filho em cidade vizinha

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Emanuel Pinheiro, flagrado em vídeo em que colocava dinheiro no paletó, superou CPI e forma maior chapa

Em reportagem da Folha de São Paulo aponta que o prefeito da capital mais duramente atingido pela onda de delações surgida em tempos de Lava Jato e de operações congêneres resistiu no cargo, e se lança agora à reeleição entre os favoritos e ainda tenta emplacar o filho no comando de uma cidade vizinha.

O jornal lembra que Emanuel Pinheiro ganhou destaque no noticiário nacional em 2017, ao aparecer em um vídeo embolsando maços de dinheiro entregues pelo ex-chefe de gabinete da Governadoria do Estado, Sílvio Corrêa.

“Pega as notas de cem pra mim”, dizia o prefeito na gravação, feita em 2013, quando ainda era deputado estadual. Um dos maços de dinheiro que ele tentava colocar no paletó chega a cair no chão em trecho do vídeo.

Veja o Vídeo:

https://www.facebook.com/SoudeCuiaba/videos/1749604772011343

Para o jornal, as imagens faziam parte do acordo de delação de Corrêa e do ex-governador pelo MDB Silval Barbosa e pareciam um golpe de misericórdia na carreira do emedebista, então com apenas nove meses de mandato na prefeitura.

“Blindado por vereadores aliados, porém, resistiu a uma CPI. Também conseguiu a rejeição de pedidos de afastamento feitos pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot (negado pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal) e pelo Ministério Público do Estado – que não teve aval na Justiça local”, escreveu a Folha.

O jornal lembra o que todo mundo já viu: a justificativa de Emanuel Pinheiro, ao longo destes anos, foi a de que o dinheiro vivo recebido não era de propina, mas sim o pagamento de uma dívida que o delator tinha com o irmão, Marco Polo Pinheiro, em decorrência da contratação lícita de uma pesquisa eleitoral.

Como se recorda, a explicação não convenceu o Ministério Público Federal, que, enfim, o denunciou em setembro deste ano, sob acusação de corrupção passiva e associação criminosa.

Os procuradores afirmam que Emanuel, assim como outros gravados, recebia suborno de R$ 50 mil mensais para votar com o Governo de Silval Barbosa na Assembleia Legislativa.

“Ao mesmo tempo em que dirigiu sua campanha à reeleição, Emanuel Pinheiro também participou da articulação, em que contrariou o próprio partido, da candidatura do filho à Prefeitura de Várzea Grande, cidade vizinha e a segunda mais populosa do estado, só atrás da capital”, cita a Folha.

Lançado pelo PTB, Emanuelzinho, como é conhecido, vai disputar contra o partido do pai. O filho tem 25 anos e hoje é deputado federal.

Questionado a respeito, Emanuel disse que nada tem a ver com a candidatura do PTB, mas que não iria “podar o sonho” do filho.