Quais são os tipos de arquétipo?

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Arquétipo: o que é, tipos e como se aplicam

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Você pode não saber o significado de arquétipo, mas certamente esse conceito faz parte da sua vida, até mais do que imagina.

Ele exerce influência nos seus sentimentos e ações, mesmo que, na maioria das vezes, isso ocorra de forma inconsciente.

Se você trabalha com o público, é ainda mais importante saber como se aplicam esses modelos. Afinal, existem diferentes tipos de arquétipo.

Ficou curioso?

Então, siga com a gente até o final do artigo e saiba mais sobre o assunto, desde conceitos básicos até as suas aplicações práticas.

Boa leitura!

O que é arquétipo?

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O arquétipo pode ter diferentes interpretações, dependendo da área de conhecimento na qual o conceito for aplicado.

De forma prática, o termo pode ser resumido como um conjunto de representações do que seria o modelo ideal de algo que já faz parte do nosso inconsciente.

Ainda confuso? Vamos trazer alguns exemplos para facilitar a sua compreensão.

Qual é a primeira coisa que vem a sua mente quando a gente fala sobre Madre Teresa de Calcutá? Se respondeu bondade, é provável que você siga a maioria.

Logo, podemos dizer que ela representa o arquétipo da bondade.

Outro exemplo: quando pensamos na figura de um cachorro, o que a gente lembra? Que ele é o melhor amigo do homem, um animal fiel e companheiro.

É algo que automaticamente surge na nossa cabeça, sem que saibamos explicar o porquê.

Isso é um arquétipo.

Ficou mais claro agora? Então, vamos avançar na leitura.

Arquétipos como padrão de comportamento, segundo Jung

Ao que tudo indica, o criador do termo arquétipo foi o psicólogo suíço Carl Jung.

Para ele, arquétipos são imagens primordiais, presentes em nosso imaginário, que ajudam a explicar histórias passadas, vividas por outras gerações.

Imagens primordiais

Jung chega a usar imagens primordiais como um sinônimo para arquétipo.

Segundo ele, elas se originam a partir da repetição de uma mesma experiência por diversas vezes, por pessoas diferente e em épocas distintas.

No inconsciente coletivo

Essas imagens primordiais fazem parte do inconsciente coletivo.

Ou seja, não estão presentes somente na sua cabeça, mas na da grande maioria das pessoas.

A imagem da figura materna, por exemplo, passa os mesmos valores de porto seguro, carinho e amor para um brasileiro e um japonês, apesar de todas as diferenças entre as duas culturas.

Arquétipo como percepção de si e do outro

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Além do arquétipo como padrão de comportamento, Jung também lidava com o conceito de uma segunda forma, como uma maneira de compreender nós mesmos e aos outros.

Nessa análise, há uma tentativa de buscar significados nessa, até então, forma inconsciente de manifestação.

Ao analisar a origem dessas imagens primordiais, estamos, de certa forma, estudando o comportamento humano.

Afinal, ao trazermos esses arquétipos a público, muitas pessoas vão se identificar com esses modelos e encontrar semelhanças consigo mesmas ou com indivíduos próximos.

Em outras palavras, essa segunda forma de encarar os arquétipos nada mais é do que uma alternativa de tentar racionalizar uma manifestação vista como inconsciente.

Arquétipo na genética

A terceira e última forma de Jung ver o arquétipo é na genética.

Segundo ele, há uma relação clara entre psique e o corpo.

Sendo assim, as estruturas que moldam o nosso comportamento passariam de geração para geração.

Cada pessoa que nasce recebe um “passado mental” de seus antepassados. Os arquétipos seriam parte dessa herança, que vem de muito tempo atrás.

Muito do que defendia o suíço no passado, sem embasamento científico na época, hoje, foi comprovado pela neurociência.

O desenvolvimento das conexões feitas pelos nossos neurônios são um exemplo.

Hoje, se sabe que parte desse processo é realizado pelo nosso código genético, enquanto a outra parte se deve às experiências de vida de cada indivíduo.

Isso vai ao encontro da tese de Jung de que o nosso organismo está diretamente ligado às nossas vivências e que é impossível não pensar no desenvolvimento de um sem o outro.

Quais são os tipos de arquétipo?

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Ao estudar o inconsciente coletivo, Jung conseguiu mapear doze tipos de arquétipos.

Cada um deles com suas características, princípios e motivações.

Segundo o psicólogo, todo o ser humano deveria fazer parte de um desses perfis, tendo apenas um arquétipo como principal.

Vamos a eles?

Inocente

Fazem parte desse arquétipo aquelas pessoas que acreditam que o mundo pode ser um lugar melhor, sem interesses mesquinhos, com um ajudando o outro, no qual as diferenças são respeitadas e todos podem ser feliz à sua maneira.

Os inocentes não costumam ver maldade nos outros.

Para eles, todo mundo é bom até que se prove o contrário.

Explorador

Não gosta de estar preso a nada, nem a ninguém.

O seu lema é liberdade acima de tudo.

Os exploradores estão sempre em busca de novas aventuras e não suportam o tédio.

Se você quer ver esse arquétipo contrariado, faça ele ter uma rotina regrada.

Viajar e conhecer lugares diferentes estão entre os seus passatempos favoritos.

Sábio

São aqueles que valorizam o conhecimento, buscam crescer através do estudo, da pesquisa, da troca de informação e da autorreflexão.

Os sábios costumam ser detalhistas, metódicos e acreditam que, mais cedo ou mais tarde, a verdade vai aparecer.

Se tivessem tempo, eles leriam todos os livros do mundo e se formariam no maior número de cursos de graduação que conseguissem.

Herói

Compreende os indivíduos que não medem esforços para conquistar seus objetivos, tal qual acontece nos contos de fadas.

No entanto, diferentemente das histórias infantis, os heróis não se preocupam tanto em encontrar uma mocinha, pois sabem que a felicidade está neles mesmos.

Eles acreditam que, a partir de competências como força de vontade, coragem e aplicação, tudo é possível de ser alcançado.

Fora da lei

São pessoas com o perfil rebelde, que gostam de quebrar as regras impostas pelas convenções.

Normalmente, os foras da lei são carentes e necessitam de atenção.

Além disso, seguem a sua própria cartilha sobre o que é certo ou errado.

Por estarem insatisfeitos com a realidade atual, acreditam que podem mudar o mundo e estão dispostos a fazer isso acontecer.

Mago

Representam esse arquétipo aqueles que misturam uma série de conhecimentos de diferentes áreas para explicar determinados fenômenos.

Em seu caldeirão de poções, estão pitadas de religião, tecnologia, ciência e, claro, de magia.

De certa forma, se aproximam bastante dos sábios, mas a sua principal diferença está em crer não apenas em conceitos palpáveis, mas também no inexplicável.

Cara comum

Não tem grandes ambições e, por vezes, até silencia suas opiniões para não ser excluído de nenhum grupo.

Possui uma capacidade incrível de se moldar a diferentes realidades para se parecer ao máximo com os outros.

Seu maior medo é descobrir o inevitável: que ninguém é igual a ninguém e que a beleza está justamente nas diferenças.

Bobo da corte

Assim como o personagem da realeza, ele vive do humor e de fazer os outros rirem.

Até por isso, não leva a vida tão a sério.

Prioriza o presente e procura desfrutar dele ao máximo, não se importando com a opinião dos outros sobre o estilo de vida que leva.

Os bobos da corte não fazem planos a médio e longo prazo.

Eles acreditam no destino e que a alegria supera qualquer coisa.

Amante

Esse arquétipo valoriza as relações interpessoais.

Os amigos, a família e os parceiros são tudo para os amantes.

Tudo é vivido com muita intensidade e envolvimento por eles.

O maior medo desses apaixonados é ficarem sozinhos e não ter o amor correspondido.

De certa forma, o arquétipo lembra bastante o do cara comum nos quesitos de relegar a felicidade aos outros e se importar mais com a opinião alheia.

Criador

Inovação e criatividade são palavras-chave deste arquétipo.

Os criadores têm inclinação para as artes e, normalmente, contam com uma mente inquieta.

Assim, se aproximam, de certa forma, aos exploradores.

O reconhecimento por seus feitos também é importante para eles.

Outro interesse desse perfil é pela tecnologia: tudo o que há de mais moderno chama a atenção.

Governante

A analogia com a figura política não é por acaso.

Os governantes gostam do poder e de ter o controle sobre as situações.

Costumam ser bons líderes, mas tudo depende de como eles exercem a sua influência.

O segredo é não confundir autoridade com autoritarismo.

Prestativo

Gosta de ajudar os outros e tem na empatia a sua principal competência comportamental.

Às vezes, essa atenção demasiada em cima dos problemas dos outros pode prejudicar os prestativos, pois eles acabam esquecendo que também precisam de cuidados.

Os arquétipos na publicidade: como se aplicam?

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Se você parar para pensar, os arquétipos definidos por Jung podem servir de base para traçar perfis de consumidores.

Foi mais ou menos o que fizeram as escritoras Margaret Mark e Carol S. Pearson em seu livro “O herói e o fora da lei”, quando relacionaram os doze arquétipos junguianos com prováveis produtos e marcas de interesse desses públicos.

Por exemplo, a Nike combina com os ideais defendidos pelos heróis, já que é uma das principais patrocinadora dos esportistas.

Já os foras da lei têm tudo a ver a Harley-Davidson, marca de motocicletas famosas.

Afinal, você consegue pensar em um estereótipo de rebeldia mais claro do que um motoqueiro barbudo, cabeludo, de jaqueta de couro, óculos escuros e todo tatuado?

A polêmica do uso de mensagens subliminares

Como já vimos, os arquétipos são representações que fazem parte do inconsciente coletivo.

Em outras palavras, eles estão em nossas mentes sem que saibamos como foram parar lá.

É algo um pouco parecido com as mensagens subliminares, presentes em algumas propagandas, por exemplo.

Uma marca deixa alguma informação escondida em um comercial e o consumidor, sem se dar conta, acaba fazendo algum tipo de associação positiva com o produto – algo que o incentive a comprar.

O grande perigo aí está na confusão de valores: a persuasão pode virar manipulação.

Como se sabe, há algum tempo as marcas de cigarro foram proibidas de fazer qualquer tipo de publicidade.

Mas a Marlboro tentou burlar essa determinação e estampou o seu logo, de forma criativa, na lataria da principal equipe de Fórmula 1, a Ferrari.

O que aparentemente era apenas um gigante código de barras nas cores vermelho, branco e preto (mesmas da empresa de tabaco), se transformava no símbolo da Marlboro quando os velozes carros da escuderia italiana chegavam a centenas de quilômetros por hora.

Uma mensagem subliminar, portanto.

O poder de persuasão dos arquétipos

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Enquanto tudo estiver apenas no terreno da persuasão, não há problemas.

É como acontece muitas vezes com os arquétipos, que podem ser ferramentas excelentes na hora de convencer uma pessoa a comprar determinado produto.

Estímulos sutis, grandes impactos

Quando você pensa na marca Apple – aquela da maçã -, qual é a primeira coisa que vem na sua cabeça? Inovação?

Sim, esse é um arquétipo possível.

E se nós dissermos que só o fato de ver, rapidamente, o logo da empresa de tecnologia por pouco tempo pode fazer com que você tenha ideias mais criativas?

Um estudo realizado pela Universidade de Duke, no Canadá, mostrou que a exposição por 30 milissegundos da marca da Apple fez com que pessoas pensassem mais fora da caixa do que aquelas que viram o logo da IBM.

Mas por que os arquétipos são tão eficazes para gerar ações?

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A justificativa para o estudo que acabamos de citar é que, quando somos expostos a determinados arquétipos, nosso corpo produz hormônios que geram emoções que não conseguimos dominar.

Isso não acontece por acaso e é preciso que esse estímulo seja repetido algum número de vezes.

Outro ponto importante: nem sempre um arquétipo vai desencadear um estímulo positivo em alguém. É possível que ele resulte em emoções negativas também.

Por isso, todo cuidado é pouco na hora de usar esses modelos em propagandas, por exemplo.

É preciso levar em conta vários elementos antes de escolher a opção ideal, tudo para não passar uma mensagem errada para o seu público.

Os arquétipos e seu papel na satisfação das necessidades humanas

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Até aqui, foi possível entender como os arquétipos estão mais presentes nas nossas vidas do que imaginamos.

Eles, inclusive, representam as nossas necessidades mais urgentes.

Por exemplo, se você está carente de segurança, a tendência é procurar produtos que tranquilizem essa sua prioridade momentânea.

No entanto, segurança demais pode levar ao tédio.

Logo, como resposta a essa possível acomodação, nós vamos atrás de novos desafios para tentar equilibrar as coisas.

Isso porque a maior necessidade humana que existe é a busca pelo equilíbrio.

O que estamos querendo dizer é que o arquétipo representa a motivação que leva as pessoas a comprarem aquilo que solucione os seus problemas mais urgentes.

Dentre as necessidades humanas mais comuns, se destacam as seguintes:

Necessidade de segurança X desejo por desafios

Hoje em dia, a necessidade de segurança está cada vez mais latente.

Afinal, a exposição à violência e às constantes mudanças geram a sensação de insegurança, mesmo que em níveis diferentes.

Nesse sentido, os arquétipos do governante, do criador e do prestativo são modelos interessantes para as marcas que quiserem transmitir estabilidade e ordem para as pessoas.

Conexão com outros seres humanos x significância

A aparência é algo que também importa muito atualmente.

Algumas pessoas estão mais preocupadas em parecer do que ser.

Isso acontece porque queremos causar algum tipo de impacto nos outros.

Se você deseja ajudar os seus consumidores a se conectarem com mais pessoas, investir nos arquétipos de bobo da corte, amante e cara comum pode ser interessante.

Crescimento e evolução X ajudar os outros

Por outro lado, existem aqueles que não querem impactar os outro em si, mas mudar o mundo, em busca do crescimento e da evolução.

Marcas que desejam atender a esse perfil devem se atentar aos arquétipos do mágico, do herói e do fora da lei.

Eles são ótimos exemplos de quem quer transformar a realidade vigente.

Independência X senso de pertencimento

Ao contrário do bobo da corte, do amante e do cara comum, existem aqueles que buscam a independência e não se importam tanto com o senso de pertencimento.

Vender para esse público sugere investir nos arquétipos do sábio, do inocente e do explorador, que são perfis com uma personalidade mais forte.

Conclusão

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Depois de tanto falar sobre arquétipo, conhecer os diferentes tipos e ver a importância que eles têm em nossas vidas, só poderíamos terminar este artigo fazendo uma pergunta para você: qual é o seu?

Teve algum com o qual você mais se identificou?

Seja herói ou fora da lei, romântico ou explorador, o mais interessante disso tudo é saber que um conceito desenvolvido há tantos anos ainda está muito vivo em nossa realidade, mesmo passando por evoluções importantes.

Jung provavelmente não previa que a sua descoberta seria tão bem aplicada em campanhas publicitárias ou no mundo das vendas.

E você imaginava que os arquétipos seriam tão determinantes no poder de persuasão?

Analisando o que leu ao longo do texto, você acredita que já consumiu algo com base nessas definições?

Fonte: sbcoaching