Pré-candidato, ex-deputado não é encontrado para responder ação em MT

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O ex-deputado estadual Pedro Inácio Wiegert, o Pedro Satélite (PSD), tem “dado trabalho” ao Poder Judiciário. Réu na ação penal derivada da Operação Rota Final, o possível candidato a deputado federal, que recentemente esteve em um evento do PSD, não está sendo encontrado pelos oficiais de Justiça e foi intimado mais uma vez pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

A ação penal tramita na Turma de Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e também envolve o deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM), detentor de mandato eletivo. Segundo as investigações, ambos teriam feito lobby, ou seja, exercido pressão política, se valendo dos respectivos mandatos para “barrar” a concessão do transporte intermunicipal de passageiros em Mato Grosso.

Em janeiro, o desembargador Marcos Machado já havia tentado intimar o ex-parlamentar, para que ele apresente sua resposta à acusação. Endereços de apartamento de alto padrão e de condomínio chique foram visitados pelos servidores do Judiciário, mas o ex-parlamentar não foi encontrado.

“Isto posto, determina-se a notificação do denunciado Pedro Inacio Wiegert nos endereços constantes dos autos [avenida Miguel Sutil, nº 6.322, Edifício Villagio Di Bonifácio, apartamento 907, 9º Andar, Prédio 02, e rua das Garças, quadra 21, n. 05, Condomínio Belvedere I, bairro Recanto dos Pássaros, ambos nesta Capital], para apresentar sua resposta, no prazo de15 (quinze) dias”, diz o despacho publicado nesta segunda-feira no Diário da Justiça Eletrônico.

Embora não esteja sendo encontrado pela Justiça, o ex-deputado estadual tem trabalhado em uma possível candidatura para uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília. Satélite esteve no último sábado (9) no Encontro Regional do PSD, partido ao qual ele é filiado. O encontro foi realizado no Hotel Holiday Inn, em Cuiabá.

O PROCESSO

Pedro Satélite e Dilmar Dal Bosco foram investigados pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) na 3ª fase da Operação Rota Final e denunciados sob acusação de terem recebido propina paga pelo empresário Éder Augusto Pinheiro. Ele é dono do Grupo Verde Transportes e apontado como o chefe da organização criminosa que vinha agindo para frustrar a licitação da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra-MT).

A licitação vinha sendo lançada em etapas desde 2012, dividida em vários lotes somando R$ 11,25 bilhões para contemplar diferentes empresas de ônibus, atuantes no transporte de passageiros dentro do Estado. Até 2018, elas operavam no Estado sem regulação, por meio de contratos precários, que o Grupo Verde vinha fazendo de tudo para mantê-los.

Pedro Satélite não tem mais mandato eletivo, mas os fatos remetem ao período em que ele ainda estava na ativa na Assembleia Legislativa e, de acordo com o Ministério Público, teria recebido R$ R$ 332,4 mil em “cortesias” de passagens de ônibus do Grupo Verde, entre os anos de 2013 a 2018. Segundo as investigações, ele também usou familiares para receber propina paga no esquema. Por este motivo, o processo contra ele continuou no Tribunal de Justiça enquanto as ações penais contra os demais réus tramitam na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

De acordo com o Ministério Público, entre 2014 e 2018, Pedro Satélite recebeu R$ 1,1 milhão em propina do Grupo Verde Transportes, que repassou parte dos recursos (R$ 609,9 mil), ao filho do ex-deputado estadual, Andrigo Gaspar Wiegert, e também a uma mulher identificada como Glauciane Wiegert, que teria recebido R$ 259 mil.

CÂNCER

Recentemente, o ex-deputado usou as redes sociais para revelar que está em tratamento contra um câncer no pâncreas. Inclusive, passou uma cirurgia.

Segundo Satélite, o tratamento já está na fase final. “Inicialmente só a minha família e alguns poucos amigos estavam sabendo do meu estado de saúde, porém devido ao grande número de ligações e mensagens que tenho recebido nestes dias, venho aqui tranquilizar vocês e agradecer a todos pelas orações. Em breve estaremos juntos para comemorar mais essa vitória”, escreveu o deputado que posou para uma foto tomando chimarrão ao lado de seu médico.

Fonte: Folhamax