Marido já está há quase um mês esperando alta de esposa com covid sentado na porta de hospital

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Desde o dia 11 de julho, Jarcedi Han coloca duas cadeiras em frente ao Hospital Metropolitano de  Várzea Grande. Ali, pela manhã e ao fim de tarde, toma chimarrão e aguarda a esposa Cristiane Fagundes, 42 anos, internada em decorrência da covid-19. O gesto de amor, cumplicidade e esperança comoveu a comunidade e ganhou repercussão na mídia e nas redes sociais.

O casal é de Sapezal, mas, após a intubação de Cristiane no município, no dia 11 de julho, ela foi transferida de UTI móvel para a unidade de saúde em Várzea Grande. O Hospital Metropolitano é referência para o tratamento da covid-19 desde o começo da pandemia. Hoje, são 109 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pactuados com o estado.

A espera tem sido longa e cheia de angústia. Neste tempo, Cristiane chegou a ser extubada, no entanto foi intubada novamente e receberá a traqueostomia. “Neste tempo em que fizeram a extubação dela, Cristiane conversou, sorriu, chorou”, contou ele.

A partir do diálogo entre as prefeituras de Várzea Grande, de Sapezal e Governo do Estado, Jarcedi, 52 anos, recebeu ontem a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus, afinal sua faixa etária está contemplada no Plano Nacional de Imunização (PNI) praticada nos dois municípios.

“Estou muito emocionado, a vacina significa gotas de esperança, e a Cristiane não teve tempo de tomar”, disse Jarcedi, com lágrimas nos olhos, após receber a primeira dose da Coronavac, no ponto fixo das Clínicas Médicas do Univag.

(Foto: Prefeitura de Várzea Grande)

Após a primeira etapa da imunização, Jarcedi retornou às suas cadeiras, colocadas diante do hospital, em que ele esteve na inauguração, em 2011, quando à época era o secretário de saúde de Sapezal. Anos antes, o contador também exerceu a função de secretário de Administração por 12 anos em Campos de Júlio.

“A saúde pública tem sido impecável no atendimento da população, já estive aqui em uma situação festiva e agora retorno vivendo esse pesadelo, mas não perco minha fé e tenho a certeza de que ela está sendo cuidada da melhor maneira possível. A equipe do hospital também me acolhe com muito respeito e carinho, já vieram assistente social, psicólogo, médicos, enfermeiros, todos muitos solidários diante da minha dor e da dor de outras famílias. Aqui em Várzea Grande, minha família são vocês”, disse ele.

Jarcedi e Cristiane se conheceram no Paraná, na cidade Ampere, e há 24 anos moram em Mato Grosso. Casaram no sul do país e decidiram começar a vida em família no interior do estado que prospera diariamente. Administradora, Cristiane não tem comorbidades e a doença avançou com muita rapidez em seu organismo. O casal possui três filhos, de 24, 19 e 17 anos, e uma netinha, de três anos.

“Estamos unidos pelo amor e pela fé, ficarei aqui até ela ganhar alta e, então, vamos juntos para casa”, comentou.

Ao acompanhar a vacinação do senhor Jarcedi, a Gerente da Vigilância Epidemiológica de Várzea Grande, Relva Cristina de Moura, se emocionou e destacou dois sentimentos importantes nesta época de pandemia.

“Vivemos uma pandemia que tem causado dores em muitas famílias, precisamos ter mais amor e mais esperança. Mais amor no cuidado conosco e com o próximo e esperança na vacina, como bem disse o senhor Jarcedi, são gotas de esperança”, pontuou ela.

Opinião compartilhada pelo secretário de saúde do município, Gonçalo de Barros.

“Estamos nos dedicando ao máximo para oferecer tratamento digno de saúde e efetividade na campanha de vacinação. Jarcedi está com 52 anos, apto por sua faixa etária a receber a vacina, ficando mais protegido para aguardar sua esposa com mais segurança na porta do hospital, um gesto que reafirma que as relações familiares são alicerces do ser humano”, acrescentou.

O prefeito Kalil Baracat e a primeira-dama Kika Dorilêo Baracat também se comoveram com a história de cumplicidade de Jarcedi e Cristiane, que passaram a receber muito carinho e orações da comunidade.

“São milhares de famílias vivendo dias de incertezas e nós, como gestão pública, temos o dever de oferecer o que há de melhor para todos tenham atendimento de saúde pública e gratuita. Além disso, oferecer uma rede de acolhimento para as famílias, pois quando um familiar adoece, todos ficam sensibilizados. A covid-19 traz uma situação ainda mais difícil, a necessidade de isolamento, e, neste sentido, temos de criar ferramentas para que o cidadão não se sinta desamparado, ao contrário, ele tem uma rede de apoio”, finalizou Kalil, acrescentando que ele e a primeira-dama estão unidos em oração pela recuperação de Cristiane e de todos as vítimas do novo coronavírus. (O Livre/com Assessoria)