“Gigante da soja” de MT amplia mercado e venderá pescado

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A mato-grossense Bom Futuro, com sede na capital Cuiabá, é uma das maiores empresas do agro. Gigante e dona de 33 fazendas, ela produz soja, milho, algodão e boi, principalmente. São cerca de 580 mil hectares de lavouras, sendo a oleaginosa o seu carro-chefe. Mas, além do grão e do boi, a Bom Futuro pratica uma diversificação que não é recente, embora, até agora, ela foi de certa forma silenciosa.

Carli Junior diz que a meta é aumentar o processamento em cerca de 25% e dobrar a produção. “O objetivo é que em seis meses estejamos processamento em cerca de 25% e dobrar a produção. “O objetivo é que em seis meses estejamos processando 150 toneladas por mês e produzindo 50 toneladas de filé de tilápia”, afirma. “Para isso, investimos na planta frigorífica, que fica em Campo Verde, e na contratação de novos colaboradores.”

Com investimento da ordem de R$ 2 milhões, em anos anteriores na construção de um frigorífico, a empresa tem capacidade instalada para abater 10 toneladas de peixe por dia. Além da tilápia, a empresa cultiva tambaqui, pintado e piauçu, espécies nativas que são uma aposta de futuro na diversificação do apetite do consumidor, mais a tambatinga, um híbrido de dois nativos: o tambaqui e o pirapitinga. De janeiro a novembro deste ano, o faturamento da Bom Futuro com peixes processados foi da ordem de R$ 12 milhões, aumento de 68% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os ensaios com a marca própria renderam R$ 82.000 e mostraram que o caminho escolhido tem potencial.

TILÁPIA NA MESA DO CONSUMIDOR

A marca criada pela Bom Futuro é direcionada à venda da tilápia por ser o peixe com o maior atrativo comercial. A produção do peixe no país cresce a uma taxa superior a 10% ao ano. Em 2020 foram 12,5%, de acordo com a Peixe BR (Associação Brasileira da Piscicultura), entidade da qual a Bom Futuro é associada. Foram 486.155 toneladas, registrando o melhor desempenho entre todas as espécies criadas no país, com 60,6% do total. O Mato Grosso produziu 46.800 toneladas, sendo que a tilápia respondeu por 4.500 toneladas.

Os ensaios com a tilápia no varejo, neste ano, já responderam por 10% da produção de pescado da Bom Futuro. “A meta, em 2022, é elevar este percentual para 50%”, diz Carli Junior. A experiência com a marca em supermercados de Mato Grosso ocorreram de forma pulverizada, ainda sem parcerias com grandes redes varejistas. Segundo o executivo, a aposta no varejo para a tilápia tem por objetivo a busca por um ticket médio mais atrativo para a empresa, juntamente com os peixes nativos que por ora continuam apenas no atacado. Hoje, a Bom Futuro vende 150 toneladas mensais de nativos, comercializados inteiros para os mercados paulista, goiano, paraense, mais Distrito Federal e região Nordeste.

Um estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), realizado no ano passado por oito pesquisadores da unidade Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO), aponta que os “supermercados têm se consolidado como o principal canal de varejo de pescados em todo o Brasil”. Eles foram a escolha de 61% dos entrevistados de cinco capitais (São Paulo, Curitiba, Manaus, Recife e Brasília). A peixaria aparece em segundo lugar com 15%, seguida das feiras com 11%, de acordo com o estudo.

Mas o mercado de peixe no Brasil ainda é uma fronteira de consumo a ser desbravada, embora o setor venha se organizando, apresentando opções de escolha ao consumidor, como faz a Bom Futuro, e, por isso, crescendo. Em 2020, o país produziu 802,9 mil toneladas de peixe cultivados em redes ou tanques, volume 5,93% acima de 2019, segundo o Anuário Peixe BR 2021. Foi o melhor desempenho, desde 2014. Para 2021, a estimativa da entidade é um crescimento da ordem de 10%, passando para a faixa de 880 mil toneladas de peixes.

O país consome anualmente abaixo de 4 quilos de peixe cultivado, por habitante, mas a demanda será crescente nos próximos anos. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), o mercado de pescado na América Latina crescerá 33% até 2030. O Brasil, no 13º lugar do ranking mundial no consumo, é candidato a subir nessa disputa por uma fatia do mercado global. A mais recente publicação bianual “Estado Mundial da Pesca e Aquicultura” (“The State of World Fisheries and Aquaculture”), apresentada pela FAO no ano passado, mostra uma receita de US$ 401 bilhões para 179 milhões de toneladas de peixes vendidos, em 2018.

Fonte: Folhamax