Estrangeiros buscam oportunidades ao cruzar fronteira com MT

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Linguagem e adaptação são os principais obstáculos enfrentados por imigrantes que saem de seus países de origem em busca de novas oportunidades. Dados da Polícia Federal mostram que cerca de 20,4 mil imigrantes vivem atualmente em Mato Grosso, sendo 9,9 mil deles em Cuiabá. Somente nos últimos cinco anos, cerca de 11 mil estrangeiros migraram para o estado.

Em Cuiabá, o Centro Pastoral do Imigrante oferece acolhimento, atendimento social, documentação e orientação trabalhista. Também é oferecido creche aos filhos dos migrantes para evitar situações de vulnerabilidade.

A professora venezuelana Maira Alejandra Coronado contou ao g1 que passou por dificuldades quando teve o primeiro filho. Segundo ela, o esposo precisou se mudar para a capital mato-grossense em busca de melhores condições para a família.

“Quando o neném nasceu, não tínhamos como alimentá-lo e, por isso, meu esposo decidiu deixar a Venezuela. Ele tem um amigo que achou trabalho muito rápido aqui [em Mato Grosso], então, decidiu se mudar para conseguir emprego. Tem muita gente educada e recíproca no Brasil, coisa que já se perdeu na Venezuela por causa da situação que o país se encontra”, disse.

Família venezuelana encontrou oportunidades de melhoria de vida em Cuiabá  — Foto: Arquivo pessoal

Família venezuelana encontrou oportunidades de melhoria de vida em Cuiabá — Foto: Arquivo pessoal

Maira é professora de educação infantil e está no Brasil há dois anos. Ela entrou no país de forma ilegal, mas conseguiu autorização de residência pela PF depois de três meses.

“Meu marido entrou com documentação legal, mas entrei ilegalmente pela fronteira em um passeio com o meu bebê. Vim com um grupo de sete pessoas”, contou.

Além dos problemas com a adaptação a um novo idioma e país, Maira afirmou que teve dificuldades em encontrar emprego na área de formação.

“Sou formada em pedagogia na Venezuela, mas aqui, no começo, trabalhei em um supermercado e depois como doméstica em um condomínio. No mercado, a senhora me tratou muito mal, ela me colocou para trabalhar das 6h às 20h, durante 22 dias e só me pagou R$ 180. Hoje em dia, trabalho como professora de educação infantil em uma creche”, explicou.

A pedagoga contou ainda que no país de origem o salário de professora não é suficiente nem para a alimentação própria, já que a Venezuela enfrenta uma grave crise econômica.

“Meu salário de professora na Venezuela não dá nem para um frango. O salário mínimo está avaliado em 200 mil bolívares [moeda oficial da Venezuela], cerca de R$ 4”, concluiu.

Oportunidade

 

Yosniel Medina, de 22 anos, é cubano,  está em Cuiabá há três meses e, atualmente, procura por um emprego fixo — Foto: Arquivo pessoal

Yosniel Medina, de 22 anos, é cubano, está em Cuiabá há três meses e, atualmente, procura por um emprego fixo — Foto: Arquivo pessoal

A situação financeira também foi um motivo para o cubano Yosniel Medina Montes de Oca procurar, no Brasil, uma forma de tentar melhorar a vida. Ele tem 22 anos e se mudou para Cuiabá com a família há três meses.

“Nasci em Cuba, mas vivi durante três anos no Uruguai, antes de vir para o Brasil. No Uruguai, não conseguia emprego e me informaram que, em Mato Grosso, era melhor para conseguir um trabalho. Hoje moro aqui e não tenho um trabalho fixo, mas faço alguns bicos”, disse.

Yosniel explica que, por mais que ainda não tenha conseguido um trabalho de carteira assinada, ele acredita que no Brasil a probabilidade de conseguir um emprego é maior.

“Acredito que é mais fácil de conseguir emprego aqui. Passei três anos em um país que não há muitas oportunidades, diferente daqui”, concluiu.

Os 10 países com maior número de imigrantes em MT

PAÍSES N° DE IMIGRANTES
Venezuela 8.438
Haiti 5.456
Bolívia 1.785
Paraguai 585
Colômbia 542
Portugal 515
Cuba 343
Estados Unidos 314
Peru 253
Japão 227

Imigração

Desde 2001, Mato Grosso recebeu imigrantes de mais 110 países do mundo, sendo os principais da Venezuela, Haiti, Bolívia, Paraguai, Colômbia e Portugal. De acordo com a PF, o estado conta com 256 refugiados de 18 países, entre eles estão Iraque, Síria, Sudão e Estados Unidos.

A maioria dos estrangeiros que se mudaram para o estado, segundo a polícia, estão em Cuiabá (9.981), Várzea Grande (2.435), Rondonópolis (1.613), Sinop (1.013) e Cáceres (756).

Fonte: G1 MT