Doada na maternidade, cuiabana encontra mãe biológica que a teve aos 12 anos; ‘sonho realizado’

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Após 27 anos sem saber o paradeiro da mãe biológica, a maquiadora cuiabana Deyse Carlos da Silva, vai poder comemorar o primeiro Dia das Mães, neste domingo (8), em dose dupla. Ela conseguiu encontrar sua mãe biológica no mês passado, em videoconferência, onde tiveram o primeiro contato entre mãe e filha.

Jovem e cheia de sonhos, Deyse não esconde a emoção recheada de felicidade, ao lembrar-se de sua mãe.

“De todos os meus sonhos e objetivos, um deles foi realizado, que é saber de onde eu vim, que tenho mais irmãos, que minha família é maior do que eu imaginava”, disse em entrevista especial ao O Bom da Notícia.

Maria Viviane Ferreira de Jesus – mãe biológica de Deyse – a teve quando tinha apenas 12 anos. Por conta do pai rígido, à época, a avó procurou por pais adotivos que fossem cuidar de Deyse, ainda recém-nascida.

Essa é a história que a maquiadora sempre ouviu de sua mãe adotiva, dona Maria de Lourdes Vitor, e reafirmada, agora, pela sua mãe biológica.

Dona Lourdes, que já era mãe de outros dois meninos, sempre sonhou em ser mãe de menina. E desde quando pegou Deyse para criar, nunca escondeu a história para a filha adotiva.

“Desde quando me entendo por gente, meus pais me contaram e todos sabiam que eu era adotada. Mas eles nunca me diferenciaram de nada, sempre fui bem cuidada”, contou a jovem.

“Minha mãe [adotiva] sempre me contou a história. Aos 12 anos, minha mãe biológica deu à luz, mas ainda era uma criança e por ter um pai rígido, não podia voltar para casa com um bebê. Foi quando eu nasci e minha avó percorreu os corredores do hospital à procura de alguém que me criasse. Foi quando minha mãe adotiva me levou para casa, onde vivo até hoje”, lembrou.

Busca pela mãe biológica

Com o passar dos anos, familiares sempre questionavam Deyse sobre a vontade de conhecer sua mãe biológica. Foi quando teve a ideia de procurar por ela, de quem só sabia o nome, nas redes sociais. Porém, sem sucesso.

A maquiadora sempre foi espontânea e durante a pandemia começou a gravar vídeos para as redes sociais.

Entre vídeos e fotos sempre postados em seu perfil, uma repórter de uma TV local passou a segui-la no Instagram.

A partir daí, Deyse viu a oportunidade de contar sua história para a repórter, que a ouviu e por fim, fez uma entrevista.   Passado alguns dias após a reportagem, a equipe retornou para Deyse dizendo que conseguiram informações que, talvez, pudessem ajudar a encontrar sua mãe.

“Eles me ligaram, disseram que conseguiram algumas informações e me passaram, inclusive, nome e endereço”, contou.

Com as informações em mãos, Deyse decidiu ir até ao endereço citado, no bairro Jardim Vitória, em Cuiabá, mas não obteve sucesso em sua primeira tentativa.

No dia seguinte, foi até o endereço novamente. No entanto, apenas seu marido desceu do carro e perguntando por Maria, ao contar a história da esposa e a mãe ‘perdida’. Neste momento, os vizinhos apontaram para uma casa, mas disseram que não tinham contato. Logo, passaram o endereço de uma outra pessoa, que seria comadre de Maria Viviane.

“No endereço indicado pelos vizinhos, meu esposo havia descido para falar com ela e eu continuei dentro do carro. Ela me chamou, e quando desci do carro, ela me viu e falou: nossa, você se parece muito com a Viviane, é a cara dela”.  

Foto: Reprodução

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 À esquerda, Maria de Lourdes [mãe adotiva], no meio Deyse Carlos e, à direita, Maria Viviane [mãe biológica]

O primeiro contato

O primeiro contato entre Deyse e Maria Viviane aconteceu por telefone.

“Minha filha, minha vida inteira eu sonhei com você e pensei em te encontrar. Eu nunca me esqueci de você, sempre quis saber sobre você, mas não sabia como”, disse Maria Viviane por ligação.

A maquiadora não escondeu a emoção ao ouvir, pela primeira vez, a voz de sua. “Encostei no muro e chorei”.

Ela lembra que a mesma história contada durante anos por dona Lourdes, foi reafirmada por Maria Viviane.

Depois da ligação, as duas retornaram a conversar por meio de videochamada, quando todos fizeram a comparação física.

Atualmente, Maria Viviane mora com a família em Chapadão do Sul (MS), temporariamente. E por questões financeiras, o reencontro entre mãe e filha ainda não aconteceu.

“Agora a gente se fala muito pouco porque lá é ruim de internet e ligação. Ela ainda não conseguiu vir me ver e nem eu ir para lá. Mas só de ter conhecido ela, virtualmente, e saber da minha história é gratificante. Estou muito feliz”.

Deyse tem dois filhos, um menino de oito anos e uma menina de dois.

Além de dois irmãos de criação, ela descobriu que também tem outros cinco, sendo duas mulheres e três homens, por parte da mãe biológica.

Fonte: O Bom da Notícia