Comissão da Covid-19 estudará ações para evitar que índios sejam dizimados em MT

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A pedido do senador Wellington Fagundes (PL-MT), a Comissão Especial Mista da Covid-19 deverá adotar medidas para evitar que a população indígena de Mato Grosso seja dizimada pela proliferação do novo coronavírus. Entre outras ações, o presidente da Comissão, senador Confúcio Moura (MDB-RO), discutirá com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-RR), a possibilidade, sugerida por Fagundes, de realização de uma diligência externa para avaliar a grave situação.

Líder do Bloco Parlamentar Vanguarda, Fagundes tem reclamado da demora por parte do Governo em agir em defesa dos indígenas. Há pelo menos um mês ele mostrou a necessidade da implantação de um hospital de campanha em Barra do Garças para atender aos indígenas infectados e, ao mesmo tempo, reduzir a pressão sobre as UTIs dos hospitais públicos. Esse hospital teria o auxílio do Exército, que mantém uma base na cidade de Aragarças, na fronteira entre Mato Grosso e Goiás.

Wellington ressaltou que a pandemia da Covid-19 tem causado grande apreensão entre os indígenas como um todo na região do Vale do Araguaia. A morte de 32 Xavantes ocorrida em Mato Grosso e o recente falecimento do cacique xavante líder das causas indígenas, enquanto aguardava uma vaga na UTI, ocorrido no último dia 06 de julho, segundo ele, “são um triste exemplo dessa calamidade”. A pandemia avança rapidamente também para dentro do Parque Nacional do Xingu.

O Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena, organizado pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), informou que há mais de 407 mortos dentro das comunidades indígenas. Constata-se, ainda, que foi proposta ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Governo Federal instale barreiras sanitárias em 31 reservas onde há presença de índios isolados ou de recente contato, bem como outras medidas de combate.

“As medidas para estancar a sangria do povo indígena são urgentíssimas” – apelou o senador, em ofício encaminhado ao presidente da Comissão Especial da Covid-19. “Não podemos correr o risco de essa pandemia da Covid-10 causar o extermínio e o aniquilamento dos povos indígenas que ainda restam”.

Para o senador mato-grossense, que há meses vem denunciando a situação dos índios em Mato Grosso, ao lado da deputada federal Rosa Neide (PT-MT), “é imprescindível” que a Comissão Mista exija providências e informe-se de quais as medidas estão sendo tomadas para evitar o que ele chama de “catástrofe humana” já, que além das vidas, considera os índios como “importantes para a formação e identidade do Brasil”.

“O que está acontecendo aqui é um verdadeiro genocídio” – acrescentou, ao destacar as características dos índios Xavantes, que migram das aldeias para as cidades e andam normalmente em grupo. “Mato Grosso é o epicentro hoje da crise saúde. Um Estado gigantesco, uma população pequena ainda, e estamos batendo recorde de contaminação e, consequentemente, de mortes” – assinalou.

Durante a reunião da Comissão Especial da Covid-19, o ministro da Controladoria Geral da União, Wagner de Campos Rosário, disse disse que o Executivo tem várias áreas atuação no programa específico de proteção aos indígenas e informou que a ministro da Mulher, da Família e Direitos Humanos, Damares Alves, estaria trabalhando para garantir a distribuição de cestas básicas com a estratégia de evitar que os índios deixem suas reservas e sigam para as cidades.

“Uma das ideias é esta: evitar que o índio saia da sua tribo para se dirigir à cidade, corra o risco de ser contaminado e leve isso para a aldeia – informou, ao admitir que que a situação, de fato, está “bem complicada e o Governo está correndo atrás”.