Antes das declarações bombásticas do deputado estadual Wilson Santos (PSD) virem à tona na imprensa cuiabana na semana passada, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Corrêa Mendes, já havia declarado, em entrevista ao RDTV, que o crime organizado estava tomando conta de Mato Grosso.
De acordo com ele, as facções criminosas chegaram até mesmo em escolas de Cuiabá, onde um estudante foi flagrado vendendo drogas dentro da instituição. O menor foi apreendido e encaminhado à Delegacia Especial de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente – DEDDICA. Na conversa, o coronel ainda afirmou que o crime organizado está enraizado na sociedade.
Segundo ele, o grande desafio no enfrentamento das facções é unir as instituições para combater o crime organizado e se os órgãos não agirem rapidamente e de forma eficaz, a ilicitude se tornará cada vez mais frequentes e baterá na porta da sociedade cuiabana.
“Daqui a pouco, esse crime organizado estará batendo na porta da sua casa. Quando falamos em instituições, é um Poder Judiciário forte, Ministério Público investigativo e atuante e Polícia Judiciária Civil forte e atuante, além da Polícia Militar combater o crime organizado de maneira forte”, declarou.
Para ele, é preciso endurecer as leis punitivas do Brasil, uma vez que o crime organizado já se faz presente nos Poderes Legislativo e Executivo. “Nossas leis, nossos deputados têm que pensar com carinho sobre mudanças no Código de Processo Penal porque hoje o crime organizado está adentrando os os locais, tanto no Poder Legislativo, no Poder Executivo, infelizmente nós temos que atuar junto. Hoje não se pode falar que tem condomínios seguros porque lá dentro já tem membros de organizações criminosas”, afirmou o coronel Alexandre Mendes.
POLÊMICA – Declarações do deputado Wilson Santos afirmando que na Assembleia Legislativa teriam deputados que foram eleitos com apoio de facção criminosa geraram reações imediatas, criando um clima de tensão no Legislativo Estadual. Com isso, o governador Mauro Mendes União) se manifestou afirmando ser algo grave e que cabe à Polícia Civil e Ministério Público investigarem.
Por sua vez, o coronel Alexandre Mendes, na condição de comandante-geral da Polícia Militar também fez duras cobranças ao deputado Wilson Santos pedindo que ele “dê nomes aos bois”. Nesta terça-feira (2), foi a vez do Ministério Público Estadual (MPE) também entrar no assunto e anunciar que determinou a instauração de uma investigação na qual o deputado autor das declarações será ouvido para explicar a situação.
Conforme documento assinado pelo promotor de Justiça, Marcos Regenold Fernandes, as acusações são gravíssimas, pois sugerem que deputados estariam praticando o crime de organização criminosa. Dessa forma, a investigação vai buscar elementos para confirmar ou descartar essa suspeita lançada por Wilson Santos.
Já o parlamentar, diante da grande repercussão e da investigação instaurada pelo MPE, afirmou que ele não tem os nomes dos deputados, mas vai prestar os esclarecimentos necessários ao Ministério Público quando for intimado.
Fonte: Folhamax
