Após quase 2 anos, mesmo com confissão, ação de Operação Sangria segue sem desfecho

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Desde então, a população não tem mais informações sobre a investigação do suposto esquema criado para monopolizar a saúde em Mato Grosso

Esta semana um novo escândalo de suspeita de corrupção envolvendo a Saúde de Cuiabá estampou as manchetes e fez com que voltasse à tona a Operação Sangria, que teve a primeira fase deflagrada em dezembro de 2018, ou seja, quase dois anos atrás. Porém, apesar das prisões e até uma segunda etapa, a ação segue sem desfecho.

Neste sábado (3), inclusive, completa um ano e três meses que o processo oriundo da Operação Sangria foi enviado da Justiça Estadual para a Justiça Federal. Desde então, a população não tem mais informações sobre a investigação do suposto esquema criado para monopolizar a saúde em Mato Grosso por meio da prestação de serviços médicos hospitalares. O motivo é que o processo tramita em segredo de Justiça.

“O processo está tramitando. Na Justiça Federal”, foi a resposta do advogado de Huark Douglas Correia, Hélio Nishyiama, em contato telefônico com a reportagem do Leiagora. Hélio é impedido de dar detalhes sobre o teor do processo devido ao sigilo. Huark foi secretário de Saúde de Cuiabá e apontado na denúncia do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) como um dos líderes do esquema. Ele confessou sua participação.

O Ministério Público Federal (MPF) informou apenas que a ação corre em segredo de Justiça. A Justiça Federal, por sua vez, não respondeu ao pedido de informação enviado pela reportagem.

Nessa semana, mais uma vez a Secretaria de Saúde de Cuiabá foi alvo de operação policial, a operação Overpriced. Na quinta (1º), o secretário de saúde Luiz Antônio Possas de Carvalho foi afastado do cargo por determinação da juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Ana Cristina Silva. Ele foi o quarto secretário da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) a deixar o cargo em decorrência de investigação policial.

A Operação Sangria apura fraudes em licitação, organização criminosa e corrupção ativa e passiva, referente a condutas criminosas supostamente praticadas por médicos/administradores de empresa, funcionários públicos e outros, tendo como objeto lesão ao erário público, vinculados a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Cuiabá, através de contratos celebrados com as empresas usadas pela organização, em especial, a Proclin e a Qualycare.

Segundo a apuração, a organização mantinha influência dentro da administração pública para desclassificar concorrentes, de modo que apenas empresas pertencentes a eles (Proclin/Qualycare) pudessem atuar livremente no mercado.

Fases
A primeira fase da operação foi deflagrada em 4 de dezembro de 2018 pela Polícia Judiciária Civil, por meio da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz). O objetivo era apurar irregularidades em contratos de prestação de serviços médicos hospitalares, firmados com o município de Cuiabá e o Estado de Mato Grosso.

À época, 11 mandados de buscas e apreensão foram expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá, onde o processo tramitava. Coordenaram a operação os delegados Lindomar Aparecido Tofoli, Sylvio do Vale Ferreira Junior e Maria Alice Barros Martins Amorim.

A segunda fase foi deflagrada no dia 18 daquele mesmo mês e resultou na prisão de Huark. De acordo com a Polícia Civil, o esquema já existia há seis meses e visava monopolizar contratos e licitações de prestação de serviços de saúde para as empresas Proclin (Sociedade Mato-Grossense de Assistência Médica em Medicina Interna), da qual Huark fez parte, para a Qualycare (Serviços de Saúde e Atendimento Domiciliar LTDA) e a Prox Participações.

Em 29 de janeiro de 2019, o MPMT ofereceu denúncia contra Huark Douglas Correia; Fábio Liberali Weissheimer; Luciano Correia Ribeiro; Celita Natalina Liberali Weissheimer; Adriano Luís Alves Souza; Fábio Alex Taques Figueiredo; Flávio Alexandre Taques da Silva e Kedna Iracema Fontenele Servo Gouvea.

Conforme a denúncia, o grupo teria constituído uma organização criminosa com atuação em todo o Mato Grosso, com o objetivo de fraudar licitações e cometerem crimes contra a administração pública, se aproveitando de “prestígio político” e ocupação de cargos e funções públicas na área da saúde para provocar situações emergenciais, a fim de justificar a contratação das empresas envolvidas (Proclin, Qualycare e Prox) por dispensa de licitação, por valores superiores aos contratos substituídos.

Além disso, o grupo teria agido para atrapalhar as investigações, promovendo a destruição de provas do envolvimento dos denunciados. No dia 31 daquele mês, a juíza Ana Cristina Silva Mendes, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, recebeu a denúncia, tornando-os réus.

Huark foi solto em três de maio do ano passado após confessar participação no esquema.

Fonte: Portal Leiagora