A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (27), a Operação Jogatina II, para cumprir de 36 mandados de busca e apreensão em pontos identificados como de jogo do bicho e outros crimes assemelhados, nas cidades de Barra do Garças, Pontal do Araguaia, no Vale do Araguaia, e em Aragarças (GO), nos limites de Mato Grosso com Goiás.
A operação foi deflagrada com base em investigações da 1ª Delegacia de Polícia de Barra do Garças (509 km a Leste de Cuiabá), e é um desdobramento da Operação Jogatina, realizada em 2012, que desarticulou um esquema que controlava e explorava o jogo do bicho na cidade.
As recentes investigações trouxeram à tona a existência de numerosos cambistas que atuam na região central do município, concretizando apostas ilegais relacionadas a jogos de azar.
As informações chegaram à Polícia Civil em informes e denúncias anônimas pelo prefixo 197, sendo iniciado o trabalho investigativo que constatou a veracidade dos fatos informados, identificando a atuação de diversas pessoas que utilizam uma espécie de máquina, similares as de cartões convencionais, para materializarem a loteria ilegítima.
FUNCIONAMENTO – As investigações apontaram que a prática ilícita ocorre de forma muito bem organizada pelos participantes, e de forma exposta para todos os interessados em participar da “loteria”.
Durante as diligências, foram identificados 24 cambistas responsáveis por colherem as apostas, sempre acompanhados da máquina de registro, recolhedores/coletores, os quais compareciam nos pontos de venda, retiravam os extratos de apostas, conferiam os valores e repassavam o pagamento ao operador, levando todo o dinheiro e as apostas para o “escritório”.
A estrutura do jogo tem três níveis de hierarquia.
Os bicheiros ou anotadores são a face mais visível do negócio: vendem as apostas com seus bloquinhos e carimbos.
Os gerentes são contadores que cuidam dos bicheiros de determinada área, intermediando o contato e o fluxo de dinheiro aos banqueiros (também conhecidos como bicheiros), a elite financeira do jogo.
Para o deferimento das ordens judiciais, foram apresentados fortes indícios do cometimento da contravenção, elencando a forma como é sistematizada a sua realização.
Os pontos de jogos ilegais foram identificados nas cidades de Barra do Garças, Pontal do Araguaia (a 3 km do centro de Barra do Garaças) e ramificações em Aragarças (GO).
Segundo o delegado responsável pelas investigações, Adriano Marcos Alencar, a estruturação do crime se faz diante de uma “organização contravencionista”, com estrutura muito bem organizada, de alcance ainda inimaginável, sem mensurar os grandes prejuízos às vítimas e a geração de lucros ilícitos aos destinatários.
“A maioria dos suspeitos já possui antecedentes criminais pela mesma contravenção, necessitando assim de uma ação mais enérgica das autoridades constituídas, visando frear a prática da infração penal. Os jogos de azar influem na arrecadação fiscal, pois não possuem o controle do Estado, além do que, a lisura da jogatina fica comprometida, pois não existe órgão de controle fiscalizador sobre as apostas”, disse o delegado.
Ele destacou ainda que o fato de ser praticado de forma reiterada em diversos locais não afasta o caráter ilícito do jogo do bicho, pois no Direito brasileiro o costume não torna sem efeito a lei.
O delegado regional, Wilyney Santana Borges, destacou que a Delegacia Regional de Barra do Garças, em um projeto piloto no Estado, está buscando parceira com o Poder Judiciário para criar uma central de investigação de crimes de menor potencial ofensivo já com mediação e conciliação em sede de delegacia.
“A Operação Jogatina II vem para demonstrar a importância das investigações desta natureza, que no cotidiano acabam passando desapercebidas pelas forças de segurança”, disse.
A operação, coordenada pelo delegado da 1ª Delegacia de Barra do Garças, Adriano Marcos Alencar, e pelo delegado regional Wilyney Santana Borges, conta com grande efetivo policial e auxílio operacional de equipes das Delegacias Regionais de Primavera do Leste e Água Boa, bem como de equipes da Gerência de Operações Especiais (GOE), Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e Delegacia Especializada de Entorpecentes (DRE).
Fonte: Diário de Cuiabá