A estudante cuiabana Yasmin Andrade, de 23 anos, passou 15 dias de terror ao ser enganada e presa no Instituto Nacional de Migração em Cancún, no México. Ela foi presa no dia 17 de setembro, pela polícia imigratória, e solta na última quinta-feira (1), após muita luta, exposição nas mídias mexicanas e até greve de fome. Vale ressaltar que a jovem não cometeu nenhum crime no local.
Ao Repórter MT, a estudante contou que não consegue dormir, comer e saiu da detenção com infecção no intestino e problemas psicológicos. “Fomos tratados como cachorros, ninguém nos dava informação de nada, fiquei desesperada”, afirma.
Yasmin relatou que deveria retornar para o Brasil em abril, no entanto, por conta da pandemia os voos foram suspensos. Quando seu visto venceu, ela ligou no Consulado do Brasil, que informou que ela não precisava fazer renovação e que quando pegasse o voo de volta teria que pagar uma multa de cerca de 500 pesos, mesmo valor da renovação.
Ela, que estava em Guadalajara, foi visitar uma amiga em Cancún, no dia 11 de setembro. No dia 17, enquanto fazia compras em um Centro Comercial da cidade com uma amiga, foi abordada pela migração e explicou o que o Consulado havia lhe explicado.
“Eles me disseram sem problemas, mas que teria que acompanhá-los para que eu fizesse a renovação do meu visto. Quando eu entrei na van, eles tomaram todos os meus pertences, meu celular, minhas sacolas, a bolsa com as roupas da praia. Não deram nenhum tipo de informação. Por volta das 22h da noite me deram o celular, o qual eu anotei dois números de amigas para entrar em contato. Eu não podia passar nenhum número internacional, nenhum número da minha família”, relembra.
Prisão
Yasmin conta que o lugar não era chamado de prisão, mas que ela ficou em uma cela com grandes com outras três mulheres de outras nacionalidades. A elas foi entregue uma manta, e um kit higiene básico. A jovem relata que no dia que foi levada fazia parte de um grupo de quatro mulheres e oitos homens todos estrangeiros, ela era a única brasileira. (veja abaixo)
Os dias foram passando e outras pessoas foram chegando. Eles pediam explicações, ajuda, uma data de quando saíram dali, se voltariam para suas terras natais, mas nada era dito.
Suas amigas do México iam ao local todo os dias pedir informações, ou para falar com o responsável pelo local. A situação de Yasmin foi parar na mídia mexicana e só assim que o chefe do local apareceu e disse que ela e suas colegas de cela seriam liberadas. Ela foi a última a sair.
Um papel dizendo que a jovem deveria deixar o país em até 20 dias foi entregue a ela, que disse que até o dia de 15 outubro deve estar em Cuiabá.
Consulado
Questionada pelo site Repórter MT, ela disse que chamou o Consulado Brasileiro que informou que não tinha jurisdição e nada poderia fazer. Diferente de suas colegas colombianas e argentinas, as quais mesmo o consulado não tendo jurisdição, seus membros ligavam ou iam até o local todos os dias acompanhar o estado físico das mesmas.
“Foi decepcionante”, disse ela sobre a postura do Consulado.
México
Yasmin foi para o México em agosto do ano passado, pelo programa de mobilidade acadêmica, ofertado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Estudo em Guadalajara na sua área de formação, Engenharia Florestal.
Mas toda experiência vivida foi para o ralo, sendo substituída por um grande trauma.
“Sobre voltar aqui. Tudo o que eu vivi. Eu perdi tesão por esse lugar. Eu não quero voltar, eu não consigo comer, dormir, eu ainda estou aterrorizada. Meus amigos e eu estamos juntando dinheiro, a passagem está cara, ainda mais em cima da hora, mas eu quero sair daqui o mais rápido possível”.
Veja vídeo
Fonte: Repórter MT