VLT, a ignorância e a filosofia

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Por: Vicente Vuolo

A palavra “ignorância” deriva do latim IGNORANTIA, de ignorare (não saber), formada por IN (não), mais GNARUS (sabedor, que domina um assunto). A pessoa ignorante, portanto, não tem conhecimento, cultura, ou por falta de estudo, experiência ou prática.

Um belo exemplo sobre a ignorância de conhecimento pode-se extrair nestas eleições municipais. Alguns candidatos a prefeito de Cuiabá e Várzea Grande deram opiniões totalmente equivocadas sobre o VLT. Para esses acéfalos, seria muito mais cômodo não enfrentar o problema e enterrar o VLT, ignorando por completo o dinheiro já investido, a sua importância e o contrato firmado entre o governo do estado e a Caixa Econômica Federal que impede a troca de modal.

Aliás, esses candidatos que teimam em ignorar o VLT, sequer chegaram a visitar o Centro de Controle, Operação e Manutenção do Veículo Leve sobre Trilhos, uma área de 132 mil metros quadrados localizada ao lado do aeroporto onde estão 40 trens, 240 vagões, 40 km de cabos de energia, todo o posteamento com catenárias, 9 subestações, 22 km de trilhos, dentre outros equipamentos caríssimos.

Esses candidatos, sem conteúdo, ignoram também, que parte do empréstimo de R$ 1 bilhão foi utilizado, além das compras desses equipamentos, na construção da estação de passageiros, 3,5 km de trilhos eletrificados e viaduto da Avenida da FEB em Várzea Grande, na ponte de concreto de 224 metros sobre o rio Cuiabá, viadutos da SEFAZ, da UFMT, e o da entrada para o município de Santo Antônio do Leverger, além da compra de 294 vigas de concreto para a ponte sobre o rio Coxipó. Todo esse dinheiro não pode ser jogado no lixo.

Falta educação política para esses candidatos, que não estão focados em causas. Para eles, o projeto de governo eleitoral é mais importante. Uma visão tacanha. Outra sugestão oportunista e populista foi a de jogar o VLT no lixo para construir hospitais. Ora, candidatos, investir em saúde não é só construir hospitais e aplaudir os hospitais lotados de doentes. Temos, sim, evitar que as pessoas fiquem doentes por causa do ar sujo dos veículos movidos a combustível fóssil. A fumaça preta dos ônibus poluentes mata mais que a pandemia. É uma morte silenciosa.

Pensar na próxima geração é preciso. Investir na prevenção, cuidando da saúde e longevidade. Não queremos envelhecer dentro dos hospitais. Queremos melhoria de qualidade de vida, respirar um ar limpo todos os dias. Inverter a matriz de transporte para o VLT, transporte ecologicamente correto com poluição zero, evitará doenças gravíssimas como asma, bronquite, câncer de pulmão e cardiovasculares. Portanto, menos pessoas irão para o hospital. Queremos, sim, envelhecer com saúde fora dos hospitais curtindo filhos e netos.

Não podemos ser governados por ignorantes. Estudar é preciso! Questionar é preciso! Como bem disse Rui Barbosa: “Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles”. Ter interesse em saber os principais problemas e a funcionalidade da estrutura de uma cidade é fundamental.

A filosofia é um campo do conhecimento que estuda a existência humana e o saber por meio da análise racional. Foi Pitágoras que cunhou o termo “filosofia”, uma junção das palavras “philos” (amor) e “sophia” (conhecimento), que significa “amor ao conhecimento”. Ela nos faz sair da escuridão do comodismo e ir encontrar a luz da sabedoria das soluções.

O objetivo da filosofia é tornar o pensamento crítico, por meio das reflexões e situações cotidianas que afetam a vida das pessoas. E a mobilidade urbana afeta em muito a vida das pessoas.

O pensamento filosófico tem como base o questionamento do que as coisas são daquela forma. A corrupção tem que ser questionada. Por que as pessoas se corrompem? Por que políticos se beneficiam do Estado ao invés de servir à sociedade?

A filosofia ocidental surgiu na Grécia em meados do século VI a.C., a partir da necessidade de explicar o mundo de maneira racional. Consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais, a mente, e à linguagem.

Meu desejo não é ofender pessoas que de boa-fé falam sobre o que não conhecem, nem as pessoas que por má fé tentam enganar o povo. A questão não é essa. Precisamos fazer com que as pessoas, todas elas, conheçam a verdade, reflitam sobre os fatos e construam sua própria consciência crítica que ajude a coletividade a romper grilhões e a melhorar a vida de todas as pessoas.

É por isso que atualmente se faz importante falar a verdade sobre o VLT e defender uma alternativa ao transporte de hoje, que enriquece uns poucos, corrompe outros e faz mal a toda a sociedade. Substituir o ônibus poluente pelo VLT e começar a construir uma nova matriz de transporte público e de mobilidade sustentável é um passo importante para salvar vidas e melhorar o futuro de todas as pessoas de nossa Cuiabá e de Várzea Grande.

VICENTE VUOLO É ECONOMISTA, CIENTISTA POLÍTICO E COORDENADOR DO MOVIMENTO PRÓ VLT