Polícia Civil instaura inquérito para apurar denúncia de tortura durante treinamento no Exército, em Rondonópolis, que resultou na morte de Rafael Luz Marques Pereira, 18. A denúncia foi feita pela mãe da vítima. Comandante do 18º Grupo de Artilharia de Campanha, ao qual Rafael fazia parte, o tenente-coronel Luciano Bittencourt Abreu afirmou que foi instaurado um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias da morte.
De acordo com relatos da mãe de Rafael e do próprio comandante do 18º GAC, Rafael passou mal durante um treinamento em Rondonópolis no dia 7 deste mês, foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento da cidade, encaminhado para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em hospital particular e morreu na última sexta-feira (10). Entretanto, o Exército não explica o que teria provocado o quadro grave de saúde do jovem.
Conforme relato da mãe de Rafael à Polícia Civil, o filho foi submetido à sessão de tortura no dia 7 de abril. O treinamento era de resistência física, onde os soldados eram obrigados a cumprir algumas etapas dos exercícios para poderem ganhar água e alimentos. Como o jovem não conseguiu fazer todas as etapas, ficou sem receber água por um longo período. Mesmo depois de falar que não estava se sentindo bem, foi submetido a mais treinamentos e “sobre pressão e constrangimento continuou com os exercícios físicos”.
A mãe relatou que por volta das 13h30, Rafael entrou em estado de alucinação, começou a vomitar e só então foi socorrido e encaminhado para UPA, onde deu entrada somente às 16h. A família só foi avisada por volta das 19h.
Devido à gravidade do quadro de saúde, Rafael foi encaminhado para o hospital da Unimed, onde foi para a UTI e faleceu três dias depois. De acordo com informações repassadas pela mãe à Polícia Civil, Rafael deu entrada na UPA com histórico de desidratação e rebaixado nível de consciência, confirmando a tortura e sofrimento que foi submetido no quartel do exército.
“Que a verdade apareça… chega de mentiras e desculpas por parte do 18 GAC. Porque ele passou mau das 2 às 3 da tarde, só chegou 4 hrs no UPA e o Quartel só avisou a família 7 hrs da noite”, postou um amigo de Rafael nas redes sociais.
Por meio de nota, o tenente-coronel Luciano Bittencourt Abreu informou que o jovem entrou para o Exército no dia 1º de março deste ano, no serviço obrigatório.
“Durante as atividades de instrução previstas no Período de Instrução Individual Básica (IIB), o militar sentiu-se mal, sendo prontamente socorrido no local pela equipe médica do quartel e conduzido à Emergência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), sendo transferido, posteriormente, para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Unimed. Infelizmente o militar teve seu quadro clínico agravado, vindo a falecer no dia 10 de abril de 2010”.
O corpo do jovem foi sepultado no dia seguinte, em Primavera do Leste. A assessoria de imprensa do Exército reforçou que tudo será averiguado no inquérito militar.
Fonte: Repórter MT