Saúde quer comprar 30 milhões de doses de vacinas russa e indiana

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O Ministério da Saúde informou na tarde desta sexta-feira (5) que está nas “últimas negociações” para adquirir 20 milhões de doses da vacina Covaxin, desenvolvida pela indiana Bharat Biotech.

Mais cedo, a pasta também informou que pretende adquirir 10 milhões de doses de vacinas Sputnik V importadas da Rússia por meio do laboratório União Química, que tem uma parceria para oferta do imunizante no Brasil.

Somados os dois acordos em negociação, seriam 30 milhões de doses de vacinas contra a Covid. A pasta, porém, não deu prazo para fechar os contratos.

Segundo o ministério, a compra da vacina indiana deve seguir agora para análise jurídica do contrato, o qual depende de um aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso emergencial.

Intenção semelhante foi manifestada a representantes da vacina russa caso o preço seja “competitivo” -a pasta não informou qual seria esse valor.

A posição foi manifestada em reuniões entre diretores e membros de laboratórios brasileiros que representam as duas vacinas por meio de parcerias e o secretário-executivo do ministério, Elcio Franco.

Em nota, a pasta disse ter recebido a garantia de entrega das doses da indiana Covaxin em até 20 dias após a assinatura do contrato. Inicialmente, seriam 4 milhões de doses. O restante seria entregue de forma escalonada em até 70 dias.

“Vamos partir agora no Ministério da Saúde para a análise jurídica do contrato. Pretendemos fazer a compra e a mais rápida distribuição no Brasil dessas vacinas importadas da índia. E sublinhamos ao fabricante que obtenha da Anvisa o quanto antes a aprovação para uso emergencial e temporário no país para que realizemos o pagamento e iniciemos a aplicação da vacina”, disse o secretário, em nota.

Já no caso da vacina russa, chamada de Sputnik V, a pasta apresentou a questão de preço como um condicionante.

“Iremos contratar e comprar as dez milhões de doses, se o preço for plausível, e efetuaremos o pagamento após a Anvisa dar a autorização para uso emergencial da ‘Sputnik V’, fazendo a disponibilização imediatamente aos brasileiros. E futuramente, a depender dos entendimentos que tivermos com a União Química, interessa-nos também adquirir a produção que a empresa vier a fazer no Brasil dessa vacina”, disse Franco.

Segundo a pasta, o volume de doses da Sputnik se baseou em um documento apresentado pelo Instituto Gamaleya, onde a vacina é fabricada, e enviado ao ministério.

O cronograma encaminhado pelo instituto estima o envio 400 mil doses uma semana após assinatura do contrato de compra. Outros 2 milhões de doses estariam no Brasil um mês depois e mais 7,6 milhões nos dois meses seguintes, informa.

Além do volume importado, a União Química planeja produzir ao menos 150 milhões de doses da vacina no Brasil.

Nos últimos meses, representantes da empresa têm feito intenso lobby político sobre a Anvisa para liberar o uso emergencial do imunizante. Um dos principais interlocutores é o ex-deputado federal e ex-governador do DF Rogério Rosso, que mantém contato direto com deputados e senadores. A situação tem gerado incômodo em diretores da agência.

Em meio à pressão, a Anvisa decidiu nesta quarta-feira (3) alterar as regras para receber pedidos de uso emergencial de vacinas. Na prática, a agência retirou a exigência de estudos clínicos de fase 3 no país para que a análise para esse aval possa ocorrer.

A medida beneficia diretamente a Sputnik, além de abrir espaço para outras vacinas.

A União Química já tinha entrado com um pedido para liberação do uso emergencial da vacina em 15 de janeiro, mas o pedido foi recusado pela agência devido à falta de estudos clínicos no país.

Também faltavam dados de boas práticas de fabricação, entre outros documentos.

Questionada após a mudança, a agência negou que a medida tivesse relação com pedidos da empresa ou do governo. Técnicos, porém, admitem que o aval poderá ser facilitado.

Pouco após o anúncio da Anvisa, o Ministério da Saúde anunciou que faria uma reunião nesta sexta com membros da empresa e do laboratório Precisa Medicamentos, que tem uma parceria com a Bharat Biotech, que responde pela vacina indiana Covaxin.

A avaliação dentro do governo é que a medida adotada pela Anvisa também pode agilizar o aval à vacina indiana, que finaliza estudos em outros países enquanto organiza testes no Brasil.

Atualmente, as vacinas russa e indiana são tidas pela equipe da pasta da Saúde como as mais promissoras em novas negociações sobre vacinas. O motivo é o fato de ambas terem parcerias com laboratórios brasileiros para produção nacional.

Apesar disso, a maior parte das negociações iniciais ocorrem para doses importadas, segundo informações divulgadas pelo ministério. ​

Fonte: Midianews