Os casos de Covid-19 têm aumentado a passos largos em Mato Grosso. Até esta quinta-feira (11), 111 dos 141 municípios do estado têm casos confirmados da doença. O número era 241% menor há um mês, quando havia 545 casos distribuídos em 46 municípios, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT).
O avanço do vírus pelo interior preocupa pelo baixo número de leitos disponíveis em algumas regiões do estado. Segundo uma nota técnica publicada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de 30% da população em Mato Grosso têm graves problemas de acesso a serviços de saúde, caso precise com urgência.
A situação mais grave é na região Norte e Oeste do estado. Este é caso de Confresa (1100 km de Cuiabá), que atualmente concentra 187 casos, e está na lista de municípios em que é elevado o percentual de população que leva mais de 4 horas de deslocamento até um município polo que possua estrutura necessária para o atendimento de casos mais graves. Em todo o município, só há 10 leitos de UTI. Com o agravamento da situação, a Prefeitura chegou a decretar lockdown, que deve ir até o dia 22 de junho.
UFMT
Segundo os pesquisadores, uma das razões para a grande interiorização do vírus é a falta de dificuldade de adoção de um discurso único nas três esferas de administração, municipal, estadual e federal. Em Mato Grosso, não houve qualquer redes de conexão entre os municípios, não foram impostas barreiras sanitárias eficazes e assim a livre circulação de pessoas, bens e serviços entre os municípios pode ter acelerado o processo que levou o vírus aos municípios menores.
De acordo com dados da SES, até esta sexta-feira, havia 233 leitos de UTI voltados exclusivamente para atender pacientes com Covid-19. Destes, 59 ainda estão disponíveis, o que representa uma taxa de ocupação de 74,7%. Nos leitos de enfermaria a situação é mais tranquila, com 668 disponíveis e uma taxa de ocupação em 18,1%.
O ideia, aponta a Fiocruz, seria definir serviços de referência objetivos no atendimento à saúde, evitando vazios de atendimento, como os observados em Mato Grosso, a fim de evitar deslocamentos longos, que podem afetar o estado de saúde do indivíduo.
“É de extrema relevância destacar que, assim como o vírus não respeita limites político-administrativos para se deslocar, a população, em sua vida cotidiana, não se restringe a esses limites na busca de serviços de saúde. É evidente que nem todos os municípios do país devem ter um centro de tratamento intensivo, mas é necessário prestar serviços mais especializados de saúde de forma mais otimizada e organizada”, alerta a pesquisa.
Fonte: PNB Online