Profissionais do sexo relatam crise financeira e dificuldades diante da pandemia

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Devido à pandemia de Covid-19, o coronavírus, profissionais do sexo de Cuiabá relataram ao HNT/Hipernotícias que estão passando por dificuldades, com perda total ou parcial da renda por causa das medidas de isolamento social previstas em decretos municipais e estaduais.

A pandemia, como outras situações de crise, expõe as desigualdades e a vulnerabilidade das atividades econômicas marginalizadas, como é o caso do trabalho sexual. Para muitas trabalhadoras, a situação já é de incapacidade financeira.

“O movimento está muito fraco, os homens só pensam em beber, a situação para nós está muito ruim. Eu perdi cerca de 80% da minha renda, mês passado a minha família teve que me ajudar e eu também usei minhas economias no banco para manter as contas em dia”, relatou uma profissional que não quis ser identificada.

Ela destacou que muitas das suas amigas, que não tem o apoio da família, estão em situação ainda pior.

“Tinham muitas garotas viajando também, o que torna tudo mais difícil. Nós estamos todas no mesmo barco, nós, mulheres trans, as mulheres cis, todas estamos sofrendo muito”, afirmou.

A trabalhadora contou também que a procura por sexo não diminuiu somente nas ruas, sendo que a procura online também foi afetada.

“Afetou muito, os clientes estão com medo, seja pelo coronavírus ou pela economia. Ultimamente só tenho trabalhado o suficiente para comer, não trabalho para manter a estética, unha, cabelo, maquiagem, roupas, tudo isso parei de consumir”, declarou.

Em relação ao auxílio emergencial, lançado no dia 07 de abril pelo Governo Federal em parceria com a Caixa Econômica, as profissionais comentaram que dá para ajudar nas contas, mas não é o suficiente.

“Eu tive acesso ao auxílio do governo, mas foi o suficiente para quitar a prestação da minha moto e juntar para pagar mais alguma conta. Minha mãe vai ter que me ajudar novamente nesse momento de dificuldade que eu estou passando”, destacou a profissional.

“Eu estou conseguindo me manter no básico, mas estou endividada. Estou na expectativa de receber o auxílio”, comentou Pretinha, outra garota de programa que atua na região da baixada cuiabana.

Questionada se tinha medo de ser contaminada pelo vírus, Pretinha disse que tem adotado alguns cuidados para evitar o contágio.

“Ando sempre com álcool em gel, cortei beijos e abraços, tomo banho por inteiro antes e depois e me higienizo com o álcool antes de entrar em casa”, explicou.

Fonte: Hipernotícias