Politraumatismo causou morte de vítimas de acidente com Marília Mendonça

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Apesar da causa da morte da cantora Marília Mendonça, de 26 anos, e mais quatro pessoas na tarde de sexta-feira (5) após a queda de um avião de pequeno porte perto de uma cachoeira na serra de Caratinga, interior de Minas Gerais, ainda não ter sido divulgada pelo Instituto Médico-Legal, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, apontou que encontrou as vítimas em situação de politrauma.

Episódios recentes, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, e o do jornalista Ricardo Boechat, mostraram que o politraumatismo é causa de morte recorrente em acidentes áereos.

Entenda abaixo o que é e como essa causa pode estar associada a morte da cantora Marilia Mendonça:

1. O que é politraumatismo?
2. Quais tipos de acidentes geram um politraumatismo?
3. Quais as principais características clínicas?
4. Todas as vítimas de politraumatismo são fatais?
5.Como deve ser o atendimento às vítimas de um acidente?

É chamado de politraumatismo qualquer tipo de situação onde exista lesão grave de, pelo menos, dois órgãos ou duas partes distintas do corpo causadas por forças externas de natureza física (choque) ou química (queimadura).

De acordo com o médico ortopedista Alberto Gotfryd, do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), a energia desprendida no momento da colisão está diretamente relacionada com a gravidade das lesões.

“Quanto maior a velocidade que o corpo se desloca no momento do trauma, maior a gravidade das lesões. Por isso, uma queda de avião tende a ser mais fatal e agressiva que um acidente no trânsito”, explica Gotfryd.

Acidente de trânsito é a principal causa de politraumatismo na população devido ao excesso de velocidade e distração com o uso do celular ao dirigir.

“Essa é a importância das campanhas de conscientização no trânsito. Não é porque você não está na velocidade de um avião que o acidente não será fatal. O que mais tem nas emergências de hospitais são vítimas do trânsito que, muitas vezes, foram imprudentes ao dirigir bêbados ou enquanto mexiam no celular”, diz o especialista.

Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), o politrauma é a principal causa de morte em indivíduos jovens nos países ocidentais. Quando não leva a óbito, as lesões podem deixar sequelas permanentes que podem acarretar problemas psicológicos e sociais.

Os politraumatismos podem incluir lesões cerebrais, fratura de ossos, lesões na coluna, hemorragias, perda de membros (amputações), queimaduras extensas, cegueira, perda auditiva e múltiplas fraturas ósseas.

Na maioria dos casos, sim. Segundo Gotfryd, existem três “picos de morte” em politraumatizados:

Mortes imediatas;

“Nesses casos, as vítimas morrem devido à ruptura de grandes vasos por desaceleração, causando hemorragia. Acontece quando um carro vem em alta velocidade e se choca com outro, por exemplo”

Após três horas do acidente: Geralmente óbitos causados por sangramento, lesões na coluna ou no cérebro.

Após dias ou semanas: mortes causadas por infecção generalizada decorrente do acidente.

“O atendimento ao politraumatizado começa no local do acidente e o profissional que for atendê-lo deve seguir uma série de regras prioritárias, chamado de ‘ABC do trauma'”, diz Gotfryd.

Veja como funciona o procedimento ‘ABC do trauma’ baixo:

A – Manutenção de via aérea com controle de coluna cervical

Profissional deve verificar se não há obstruções nas vias aéreas do paciente, como por exemplo hematomas, corpos estranhos que se desprenderam na colisão ou mesmo próteses dentárias.

Além disso, o profissional deve prezar pela integridade da coluna cervical da vítima imobilizando o pescoço com um colar e a colocando em uma prancha de madeira.

B – respiração e ventilação

O fato de não existir nada obstruindo as vias aéreas da vítima não é sinônimo de boa respiração. Por isso, é preciso avaliar a integridade física dos pulmões, da parede torácica e do diafragma.

C – circulação

Sangramento está entre as principais causas de morte evitável por trauma. Por isso, é necessário verificar se a vítima não está com hemorragias.

D – exame neurológico

Para saber se a vítima consegue se comunicar, se está desorientada e se consegue mover braços e pernas.

E – outras lesões

Por último, verificar o paciente como um topo, para analisar se não há fraturas.

“Esse procedimento é feito no local do acidente e, só então, o paciente é direcionado ao hospital. Esse procedimento é repetido em diversos momentos, mas sempre nessa ordem de prioridade”, explica o especialista.

Fonte: Estadão de MT