Policial militar é indiciado por homicídio e formação de milícia privada em MT

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A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Brasnorte, encaminhou à Justiça um inquérito que apurou um homicídio cometido por um grupo criminoso supostamente liderado pelo policial militar Manoel Santos da Silva. O policial, apontado pela Polícia Civil como mandante do crime, e dois autores identificados nas investigações foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, constituição de milícia privada e ocultação de cadáver.

A vítima, Diego Junior da Silva Fernandes, foi morta em fevereiro do ano passado, a golpes de arma cortante.

Investigações

Segundo a Polícia Civil, Diego foi capturado na noite de 23 de fevereiro, no bairro Parque das Nações, e levado para a MT-170, próximo a um frigorífico de Brasnorte, onde foi esfaqueado e sofreu esgorjamento (lesão na face anterior do pescoço, próxima à laringe).

Conforme a investigação da Delegacia de Brasnorte, a vítima sobreviveu ao primeiro ataque. Diego foi avistado ainda com vida por um morador da cidade, que passava pela estrada voltando de um gleba da região, e o encontrou perto do acostamento.

O morador tentou pedir ajuda, mas no local não tinha sinal de telefonia celular e, ao chegar na cidade, ele comunicou o Samu sobre a vítima. Posteriormente, o morador procurou novamente o serviço de atendimento de urgência e foi informado que uma equipe se deslocou até o ponto onde a vítima estaria, mas não encontraram Diego.

Conforme a apuração da Polícia Civil, os criminosos tomaram conhecimento de que a vítima ainda estava viva e o capturaram novamente, finalizando a execução. Em seguida, ocultaram o cadáver em local desconhecido.

Motivação

A Polícia Civil apurou que o crime foi cometido por motivo foi fútil, porque a vítima teria desligado o disjuntor de energia de um imóvel do sargento da Polícia Militar. Além disso, para executar o homicídio, a vítima sofreu uma emboscada.

Uma testemunha ouvida pela Polícia Civil declarou que na noite em que a vítima foi capturada, viu que na rua passou um rapaz em uma bicicleta laranjada e usando um fone de ouvido. Assim que ele passou na rua, surgiu em seguida um veículo baixo, de cor preta, e parou ao lado do rapaz. Desceram  três pessoas, que pegaram a vítima, que ainda gritou: “Socorro, socorro, eles vão me jogar no rio do Sangue”.

Em outro depoimento, uma testemunha afirmou que o mandante do crime teria dito que Diego tinha ido à casa dele e desligou o disjuntor de energia: “Furei aquele desgraçado tudinho de faca, pra ele aprender a não fazer esse tipo de coisa comigo”.

Evitar perícia

No decorrer do inquérito e com os elementos informativos coletados, o delegado Eric Fantin apreendeu um Vectra preto, ano 2007, para realização de perícia, a fim de verificar se havia vestígios de sangue humano.

Segundo a Polícia Civil, o sagento M. Santos, investigado como mandante do homicídio, teria demonstrado preocupação com a apreensão do veículo e tentou evitar, por via judicial, a realização da perícia, com questionamento em julho deste ano. Entretanto, a perícia já havia sido realizada no veículo.

Outros inquéritos

Em duas investigações sobre crimes cometidos pelo mesmo grupo, a Polícia Civil concluiu dois inquéritos que apuraram três homicídios entre 2020 e 2022. O suposto mandante (policial militar) e um dos autores identificados foram indiciados por homicídio triplamente qualificado e constituição de milícia privada e tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça.

A prisão preventiva contra o militar foi expedida pela Justiça no dia 21 de julho e o policial se apresentou a uma unidade em Tangará da Serra, onde teve a ordem judicial cumprida. Um dos executores dos homicídios também foi preso preventivamente e outro está foragido.

A Polícia Civil apurou que o militar fazia questão de falar que “ninguém matou mais vagabundos do que ele”. Elementos reunidos nos inquéritos indicaram que a motivação para a execução dos crimes seria, na verdade, o domínio territorial para o tráfico de drogas.

Fonte: Livre