Polícia: ex-secretário de Cuiabá recebeu R$ 1 milhão de sucessor

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Foram realizados três depósitos em julho e agosto de 2017 nas contas ligadas a Rafael Cotrim

A Polícia Civil detectou que o ex-secretário de Educação de Cuiabá Rafael Cotrim e uma empresa ligada a ele receberam R$ 1 milhão em três transferências bancárias realizadas por empresas ligadas ao advogado Alex Vieira Passos, que o sucedeu na Pasta.

Passos ingressou na Secretária de Educação em fevereiro de 2018, assim que Cotrim entregou o cargo alegando “motivações pessoais”.

Os dois foram alvo da primeira fase da Operação Ovelap deflagrada pela Delegacia de Combate contra o Crime Organizado (Deccor) em junho deste ano. À época foram expedidas ordens de busca e de bloqueio de valores das contas de Cotrim, pela 7ª Vara Criminal da Capital.

Segundo a investigação, os depósitos nas contas de Cotrim são tidos “como atos de lavagem de capitais para ocultação da origem desses valores desviados do erário”.

“Assim, apontam que Rafael de Oliveira Cotrim Dias é investigado como sendo beneficiário de transferências bancárias que somam a quantia de R$ 1 milhão, tendo como origem pessoas jurídicas vinculadas a Alex Vieira Passos”, revelou a Polícia.

Segundo as investigações, foram três depósitos realizados nos meses de julho e agosto de 2017 – enquanto Cotrim ainda era titular da Pasta.

O primeiro foi de R$ 400 mil, realizado no dia 10 de julho 2017. O valor saiu da conta da Ceteps de Campo Grande (MS) e foi destinado à empresa Kasual Ar Empreendimento, que tem como sócio Rafael Cotrim. Alex Vieira Passos consta no quadro societário da Ceteps de Campo Grande.

O segundo foi feito um dia depois, também no valor de R$ 400 mil, por meio de cheque emitido pelo escritório Zambrim, Brito & Vieira Passos Advogados para a conta pessoal de Cotrim.

O escritório tem entre os sócios Alex Passos e o ex-procurador-geral do Município Marcus Brito, alvo da segunda fase da Operação Ovelap.

O terceiro deposito foi realizado no valor de R$ 200 mil por meio da empresa B.O. Conceição E Silva & Cia Ltda – que tem como nome fantasia Cetepes, sediada em Cuiabá – também para a conta da empresa Kasual Ar Empreendimento.

Organização criminosa

Segundo a Polícia Civil, nos mandados de busca e apreensão realizados ainda na primeira fase foram identificaram indícios da existência de uma suposta organização criminosa integrada por Cotrim e Alex Passos.

Um dos esquemas detectados foi a contratação da empresa AB3 Construtora por parte da Secretaria de Educação. Os investigadores dizem que a empresa está no nome de laranjas e pertenceria de fato a Alex Passos.

“Inicialmente, afirmam os representantes que os elementos angariados por meio das diligências investigativas indiciariam a existência de uma suposta Organização Criminosa, a qual seria integrada por Alex Vieira Passos e Rafael de Oliveira Cotrim Dias e outros agentes ainda não identificados, estabelecida na Administração Pública do Município de Cuiabá, a qual, utilizando-se da empresa AB3 Construtora, teria promovido o desvio de verbas públicas, fraude à licitação e lavagem de dinheiro”, diz trecho das investigações a respeito da primeira fase.

“Nesse sentido, Alex Passos e Rafael Cotrim, em conluio, teriam utilizado da empresa registrada em nome de interpostas pessoas, uma vez que propriedade de fato da pessoa jurídica seria atribuída a Alex Vieira Passos, e ambos, no exercício da função pública, teriam concorrido para possibilitar o pagamento em favor da empresa por serviço, em tese, licitado em duplicidade”.

A AB3 Construtora foi contratada na gestão de Rafael Cotrim, mas com parte da execução do contrato sob a gestão de Alex Passos. As investigações apontam para possível contrato em duplicidade para a prestação de serviços para a Pasta.

Operação Overlap

A primeira fase da operação Overlap foi deflagrada no dia 23 de junho e teve como alvo principal o secretário de Educação de Cuiabá, Alex Vieira Passos, que foi afastado do cargo desde então.

Foi alvo também o ex-secretário da Pasta, Rafael Cotrim. Na época agentes da Polícia Civil cumpriram mandados de busca e apreensão na casa de Cotrim, localizada no condomínio Alphaville, em Cuiabá.

Na quinta-feira (3), a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual deflagrou a segunda fase da operação e cumpriram quatro mandados de busca e apreensão, em endereços ligados ao procurador-geral do Município Marcus Brito.

Fonte: MidiaNews