Família de paciente que morreu por suspeita de Covid-19 diz que maqueiros desligaram aparelho ao esbarrarem em tomada

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Um paciente com suspeita de Covid-19 morreu nesse domingo (12) na Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Verdão, em Cuiabá. A família alega que a morte de Gonçalo ocorreu por negligência médica. Os filhos afirmam que o equipamento que mantinha o idoso vivo teria sido desligado após os funcionários embarrarem na tomada.

A Secretaria de Saúde de Cuiabá nega que a morte do Gonçalo esteja relacionada com o desligamento involuntário do respirador e esclarece que ele e uma paciente ao lado sofreram paradas cardíacas. Entre as duas macas, segundo a secretaria, havia um carrinho de emergência e quando o técnico de enfermagem correu para o leito da paciente, o cabo do respirador desconectou da tomada no momento em que um médico já fazia massagem cardíaca no paciente.

O filho do idoso morto, o vigilante Augusto Brito, estava acompanhando o pai internado desde quinta-feira (9). Gonçalo estava com dificuldade para respirar e foi colocado no oxigênio mesmo sem ter a confirmação se estava ou não com a Covid-19. Ele foi internado em uma enfermaria ao lado de pacientes que testaram positivo para o novo coronavírus.

“Deveria ter um médico responsável por essa área e tem que ter isolamento. Pessoas confirmadas com Covid-19 em um outro pavilhão e pessoas esperando resultado porque pode dar negativo ou positivo, mas não misturado como está”,ressaltou.

Na madrugada desse domingo, Augusto foi informado pelo hospital que o pai não resistiu e morreu. No entanto, ele suspeita que a morte foi causada por negligência de funcionários da UPA e por falta de estrutura, já que o paciente estaria em uma “UTI improvisada”.

“Uma senhora que estava do lado da maca do meu pai, na UTI improvisada, veio a óbito. Os maqueiros ao tirar ela de lá esbarraram na tomada que estava ligada ao aparelho que mantinha meu pai vivo e ao sair de lá, meu irmão, imediatamente, entrou nessa sala e viu o aparelho do meu pai desligado”, relatou.

Segundo Augusto, o irmão, imediatamente, chamou a enfermeira-chefe e tentaram ligar o aparelho, mas não conseguiram programar de volta e Gonçalo morreu.

“Meu pai não morreu de Covid-19, ele não tinha Covid-19. Morreu por uma irresponsabilidade dessas pessoas, desses funcionários”, afirmou.

No sábado (11), à tarde, foi feito o primeiro exame do Gonçalo, o teste rápido e deu negativo. Depois foi feito o exame de PCR para confirmar se ele estava com Covid-19, mas a família ainda aguarda o resultado.

A secretaria de Saúde explicou que esse tipo de aparelho não desliga quando desconectado da energia porque tem bateria que dura por quinze minutos fora da tomada e, mesmo assim, de acordo com a pastam, o equipamento foi reconectado.

Ainda de acordo com a Secretaria, o que a família dele chama de ‘UTI improvisada’, é um leito de estabilização.

“Por fim, A Secretaria lamenta profundamente mais essa morte e reafirma que os profissionais da saúde estão se desdobrando ao máximo e arriscando as próprias vidas para salvar seus pacientes”, diz, em nota.

Situação das UPAs

Quanto à situação na UPA do verdão, a secretaria disse que todas as UPAs e policlínicas estão lotadas com pacientes com Covid-19 ou com sintomas da doença esperando atendimento, e que muitos médicos dessas unidades estão infectados e os demais fazem o possível para atender os pacientes.

“A prefeitura tenta contratar mais médicos, mas faltam profissionais no mercado pois todos os hospitais enfrentam o mesmo problema. Ontem, a Policlínica do verdão atendeu com dois pediatras e uma clínica geral, que cuidou dos internados e atendeu 24 casos de emergência”, esclarece.

Apenas pacientes em situação de urgência ou emergência eram atendidos no local. Um dos médicos que estaria de plantão na unidade de saúde está internado num outro hospital com Covid-19.

Segundo a secretaria, até mesmo países desenvolvidos não conseguiram evita o colapso do sistema de saúde e por isso as pessoas precisam se conscientizar sobre o papel de cada um para ajudar a controlar a pandemia.