Expulsão de atriz pornô expõe racha no PT de MT; manifesto exige refiliação

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A tumultuada e breve filiação de Esther Caroline Perralto, de 24 anos, atriz pornô conhecida como “Tigresa Vip”, aos quadros do Partido dos Trabalhadores (PT) em Mato Grosso, expôs um racha dentro da legenda. Sua desfiliação, anunciada oito dias depois do ato que a alçou à condição de pré-candidata a deputada estadual, lançou luz sobre uma “briga interna” que coloca em lados opostos os dois representantes PT na Assembleia Legislativa: Lúdio Cabral e Valdir Barranco.

Na verdade, o evento realizado no dia 14 de abril, na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MT), no bairro Areão, em Cuiabá, nunca foi reconhecido como um ato do Diretório Estadual pelo presidente do partido, Valdir Barranco. Ele sequer participou.

Conforme apurado por Folhamax, Barranco entende que “o evento era do deputado Lúdio Cabral”. À ocasião, houve discursos, inclusive, da própria Tigresa, confirmando sua filiação. Alguns participantes fizeram falas citando a jovem como pré-candidata a uma vaga no Legislativo Estadual.

Por sua vez, Valdir Barranco sustentou que a filiação de Tigresa ainda não estava confirmada e “nada passou por ele”. A partir de então, segundo comentários de bastidores, na condição de presidente do PT em Mato Grosso, Barranco agiu para desfiliar Tigresa. Em nota divulgada nesta sexta-feira (22), o petista informou que a suspensão da filiação foi aprovada com nove votos dentro do Diretório Estadual. Houve ainda um voto contrário e duas abstenções. Com isso, Tigresa foi imediatamente removida da lista de filiados.

Já o deputado Lúdio Cabral, não só apoiou a filiação da jovem ao partido, como concedeu entrevistas rebatendo os comentários e críticas que surgiram nas redes sociais e matérias jornalísticas sobre o assunto. Ele lamentou que “vivemos numa sociedade conservadora, cheia de preconceitos”. Conforme o parlamentar, isso ficou demostrado com a ampla repercussão negativa acerca da filiação de Tigresa.

Segundo ele, todo o cidadão tem direito de se filiar a um partido caso preencha os requisitos legais do pedido de filiação. Lúdio deixou claro que todo filiado tem direito de se propor a disputar uma eleição e enfatizou que o caso da Tigresa precisa ser tratado com serenidade. Também explicou que na hora de definir sobre formação de chapa o PT deveria deliberar sobre critérios políticos acerca de todas as pessoas que propuseram a disputar um cargo nas eleições de outubro.

MACHISMO E PRECONCEITO

Diante do desfecho inesperado, Tigresa recorreu ao Facebook neste sábado (23) para se manifestar e deixou um recado aos responsáveis por sua exclusão do partido. “Pretos, pobres e profissionais do sexo sofrem preconceito só por serem o que são!  tbem existe o machismo. Segunda-feira irei falar sobre a minha expulsão do partido dos Trabalhadores PT”, publicou a atriz que é conhecida em plataformas e sites de “entretenimento” adulto por estrelar centenas de filmes pornôs, a maioria deles de produção caseira e improvisada.

Até a tarde deste sábado a publicação já contava com mais de 1,3 mil comentários e 231 compartilhamentos. Vários internautas apoiaram Tigresa com palavras de incentivo e críticas ao Partido dos Trabalhadores.  “O PT caiu em contradição feio com você menina, um partido que diz defender inclusão social e da uma gafe dessa… Absurdo, por isso vou optar por uma terceira opção além de Lula e Bolsonaro pelo menos no primeiro turno. Não desista do seu projeto, se tem um objetivo vá em frente, lute”, escreveu Amaro Silva.

ABAIXO-ASSINADO 

Manifestações de apoio à Tigresa Vip não ficaram somente nos comentários do Facebook. Um manifesto pedindo sua imediata refiliação aos quadros do PT foi criado no site Avaaz.org e traz um longo texto repleto de críticas aos responsáveis pela exclusão da jovem.

O texto do manifesto classifica a atitute da direção estadual do PT em suspender a filiação da atriz pornô como “inaceitável para a militância do partido em Mato Grosso e em todo o Brasil”. Vai além e sustenta que tal medida “configura flagrante ato discriminatório, preconceituoso, hipócrita e ilegal”.

No texto, o responsável pelo abaixo-assinado observa que Tigresa não teve direito de se defender pois sequer foi ouvida na condição de cidadã filiada ao PT. “O que por si bastaria para anular a decisão – resta o vergonhoso fato de que a ‘expulsão’ de Esther Caroline se configura em uma injúria moral e à sua honra, além de um flagrante e repugnante ato de machismo e misoginia”.

Por fim, o manifesto também coloca em xeque os reais interesses da legenda, que prega ser defensora das minorias e dos trabalhadores. “E isto dentro do Partido dos Trabalhadores, uma legenda política que sempre se orgulhou de defender as mulheres em sua liberdade de corpo, comportamento, expressão, pensamento, manifestação e igualdade de direitos e oportunidades, inclusive e principalmente, dentro das próprias instâncias partidárias, o que torna o ato ainda mais revoltante, indigno e inadmissível!”.

Fontes: Folhamax/Estadão de MT