Com Selic a 2,25%, poupança passa a render 1,58% ao ano e 0,13% ao mês

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Mesmo com rendimento menor, retorno da poupança ainda supera o de muitos fundos de renda fixa, aponta Anefac.

Com o novo corte na taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, a caderneta de poupança passará a render ainda menos.

Nesta quarta-feira (17), o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu a taxa de juros de 3% para 2,25%, confirmando as expectativas do mercado.

Com isso, os ganhos da poupança cairão dos atuais 2,10% ao ano (0,17% ao mês) para 1,58% ao ano (0,13% ao mês), segundo cálculo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Segundo a regra em vigor desde 2012, quando a Selic está abaixo de 8,5% a correção anual da caderneta de poupança é limitada a um percentual equivalente a 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, que está em zero desde 2017). Já os depósitos feitos até abril de 2012, a chamada “velha poupança” continuam rendendo 6,17% ao ano (0,50% ao mês).

Mesmo rendendo menos, a rentabilidade da caderneta de poupança ainda continua batendo a de aplicações como funfos de renda fixa, quando se considera as taxas de administração e o valor líquido, descontando o imposto de renda.

“A poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano”, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, destacando que os rendimentos nessa popular modalidade de aplicação financeira são isentos do pagamento de imposto de renda e de taxa de administração.

“Considerando uma aplicação em CDB o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI para atingir o mesmo ganho obtido pela poupança nova já que as aplicações em CDBs pagam igualmente IR de acordo com o prazo de resgate da aplicação”, acrescenta.

Simulações feitas pela a associação mostra que com o novo corte na Selic, a poupança deixará de perder até mesmo para fundos com taxa de administração de até 1% ano ano.

“Este fato deverá provocar em reduções nos custos das taxas de administração dos bancos para não perderem clientes”, avalia Oliveira.

Recorde de ingresso líquido de recursos na poupança

Em maio, os depósitos de recursos na caderneta de poupança superaram os saques em R$ 37,201 bilhões. Segundo o Banco Central, foi o maior ingresso líquido de recursos desde o início da série histórica do Banco Central, em 1995 – ou seja, em 26 anos.

Esse foi o terceiro mês de ingresso líquido de recursos na poupança em 2020. Em janeiro, R$ 12,356 bilhões foram retirados das cadernetas. Em fevereiro, outros R$ 3,571 bilhões saíram dessa modalidade de investimento. Em março os depósitos superaram os saques em R$ 12,168 bilhões.

O maior ingresso de recursos na poupança ocorre em um momento de queda da renda e dúvidas sobre a retomada da economia, e reflete também o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, cuja boa parte dos valores tem sido depositada em contas poupança.

O Tesouro Direto também tem registrado um aumento da procura. Em abril, as aplicações de investidores somaram R$ 2,965 bilhões e, com isso, voltaram a superar os resgates de papeis – que totalizaram R$ 1,397 bilhão. Isso não acontecia há cinco meses.

Embora a busca por maior rentabilidade seja do interesse de todos, analistas lembram que a regra de ouro nos investimentos continua sendo planejamento, acompanhamento dos mercados, diversificação e formação de uma reserva de emergência.

“Apesar do menor patamar de juros da história, o investidor tem que ter renda fixa na carteira, pois é extremamente importante na composição de investimentos para não correr riscos de oscilação de mercado e garantir rendimento. No entanto, é fundamental continuar olhando para outros tipos de produtos, como Bolsa, Fundos de Multimercado, Fundos Imobiliários, que estão cada vez mais importantes para a diversificação da carteira e que entregam retornos melhores no médio e longo prazo”, afirma Fabio Macedo, diretor comercial da Easynvest.

Fonte: G1