Três amigos cicloviajantes completaram na noite deste sábado (4) o maior desafio de suas vidas, a travessia da Cordilheira dos Andes, onde percorreram 2.719,45 km pedalando. O grupo, composto pelo coronel da Polícia Militar Ronelson Barros, de 49 anos, morador de Várzea Grande, o sargento da PM Aderson Gomes, de 43 anos, de Cuiabá, e o servidor da Secretaria de Educação, Sérgio Macedo, de 42 anos, que mora em Rondonópolis, pedalou durante 31 dias ininterruptos, vencendo inúmeras adversidades e contou essa experiência com exclusividade ao HNT.
O sonho, que para muitos parecia impossível, começou em março de 2021 com oito pessoas, mas, em razão da agenda, restaram apenas os três ciclistas no projeto, que foi divido em cinco etapas. Na primeira, os cicloviajantes foram da cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, a Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, percorrendo 660 km em 6 dias.
Na segunda etapa, foram de Santa Cruz de La Sierra Sucre, na Bolívia, num total de 501,52 km percorridos em seis dias. Rajadas fortes de ventos, montanhas intermináveis, dificuldade de alimentação e hospedagem foram alguns dos problemas encarados por esses guerreiros, que carregavam cerca de 30 kg de bagagem em cada bike.
A terceira etapa do desafio foi de Sucre a Salar Uyuni, na Bolívia, no local conhecido pelas belezas do deserto de sal. Cansados, os cicloviajantes percorreram 366,17 km em 6 dias de pedal.
A beleza restauradora de Salar fez com que os viajantes seguissem para a penúltima etapa, até a cidade de La Paz, capital da Bolívia, percorrendo 540,76 km em seis dias. A temperatura enfrentada pelos ciclistas variava entre -8° a 16° e a altitude entre três mil e 4.400 m.
Mas essas situações, segundo Ronelson Barros, tornaram a viagem, que teve cobertura pelas redes sociais dos três ciclistas e por um canal do YouTube, ainda mais excitante. E, na última semana, eles deram início a quinta e última etapa, cujo meta era a cidade de Cuzco, no Perú.
Em vídeos publicados no Insta na noite deste sábado, é possível ver a empolgação do trio com a conclusão da jornada. Na reta final foram 651 km de pedal, em 7 dias.
“Quando foi proposto o desafio de a gente fazer essa viagem, na verdade eu queria me submeter, avaliar até que ponto eu conseguiria novamente ir ao meu limite. E realmente eu aprendi muita coisa nessa viagem, porque todos os dias era algo diferente, todos os dias… nunca foi a mesma coisa. Eram muitas adversidades e aprendi a ter mais paciência, tolerância, persistência e realmente a acreditar mais ainda no potencial da gente nos momentos mais difíceis”, relata coronel Barros, lembrando de sua superação física.
PREPARO
Ronelson Barros, o mais velho da turma, pratica ciclismo desde 2012, mas afirma que intensificou as atividades físicas para este desafio e por 6 meses participou de giros na cidade e desafios como o do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito.
Já Anderson Gomes afirma que pratica ciclismo desde 2002 e teve seis meses de treino intenso para o desafio.
O caçula entre os ciclistas, o servidor público Sérgio Macedo Silva, é o que há mais tempo aderiu ao pedal e explica que pratica ciclismo de forma assídua há pelo menos 22 anos, por isso não fez um preparo especial para o desafio.
O RETORNO
Após a chegada a Cuzco, os cicloviajantes vão desmontar suas bicicletas e dar início ao retorno a Cuiabá, que levará cerca de uma semana. Dessa vez, eles pegarão ônibus em razão do volume dos equipamentos. A volta para casa começará pelo estado do Acre e os viajantes só devem chegar à capital mato-grossense na próxima sexta-feira ou no sábado.
“Eu volto diferente para novos desafios”, afirmou Barros.
INCENTIVO
O formato que foi percorrido pelos ciclistas mato-grossenses com início em Corumbá, Mato Grosso do Sul, até Cuzco, no Peru, nunca foi feito por nenhum outro ciclista do Estado. Os cicloviajantes acreditam que a sua aventura, transmitida em tempo real pelas redes sociais, serve de incentivo para quem sonha em realizar uma viagem de bike.
As aventuras postadas no Youtube são acompanhadas por cicloviajantes de todo o mundo, servindo de inspiração a muita gente.
Eles relatam que, apesar de não fazer parte da cultura brasileira, viagens de bike são comuns em diversos países europeus e ressaltam a quantidade de ciclistas de outros países com os quais cruzaram em sua viagem aos Andes.
“Quase todos os dias, encontramos pessoas de outros países, gente de todo mundo viajando de bicicleta de maneira mais tranquila e acessível”, afirma o coronel.
EQUIPAMENTOS E ALIMENTAÇÃO
Na bagagem de 30 kg, os cicloviajantes levaram barracas para dormir e equipamentos para se proteger do frio intenso. Como a viagem foi bem programada por cerca de um ano, os ciclistas só dormiram em barracas em quatro noites, nas restantes eles se dividiram entre alojamentos, hotéis e hostel existentes nas cidades por onde passaram.
Nas bikes também havia panelas e fogareiro, mas os viajantes confessam que a maioria das alimentações foi feita em restaurantes, devido à praticidade.
“Durante todo o percurso, tivemos a oportunidade de comprar alimentação também, muitas frutas e laticínios”, explica Ronelson.
“Nesses 35 dias de jornada, pude usufruir diariamente de uma vida simples, do esforço físico para me conduzir ao desconhecido, da vivência harmoniosa com pessoas diferentes, do companheirismo para vencer os desafios; da paciência e persistência nas adversidades, momentos livres de reflexão e contemplação diferenciada da natureza”, diz o coronel PM, ao encerrar o bate-papo com o HNT.
DIA MUNDIAL DA BICICLETA
Nesta sexta-feira, 3 de junho, foi comemorado o Dia Mundial da Bicicleta. A data foi estabelecida em 2018, na Assembleia Geral da ONU, por obra do sociólogo polonês Leszek Sibilski, pesquisador do esporte, das mudanças climáticas e da adaptabilidade do ser humano. A motivação para a campanha alcançar a ONU combinou a experiência de 10 anos como atleta da equipe nacional de ciclismo da Polônia e trabalhos acadêmicos para explorar o papel das bicicletas no desenvolvimento.
A proposta foi apresentada pelo Turcomenistão e co-patrocinada por outros 56 países. Em 12 de abril de 2018, todos os 193 países membros da ONU adotaram a Resolução 72/272, que declarou o dia 3 de junho como o Dia Mundial da Bicicleta.
A bicicleta é instrumento estratégico para todos os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODs) da ONU, com especial destaque para os objetivos: “Saúde e bem-estar”, Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”, “Ação contra Mudança Global do Clima” e “Cidades e Comunidades Sustentáveis – Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”.
Bicicleta é o futuro. Aproveite o Dia Mundial da Bicicleta e vá pedalar!
Fonte: HNT