Os últimos decretos municipais e estadual que permitiram uma maior flexibilização pode estar contribuindo para o aumento da propagação do vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19, em Cuiabá, nas crianças e adolescentes que, durante o pico da pandemia, ficaram em isolamento social. A médica patologista e representante do Conselho Federal de Medicina, Natasha Slhessarenko, alerta para isso e diz que a Capital deve ter um incremento considerável de casos nas próximas semanas.
A Secretaria de Saúde de Cuiabá (SMS), em boletim epidemiológico, chamou atenção para o incremento da taxa de incidência em crianças e adolescentes que se revelou muito maior que para outras faixas. Desde o Informe Epidemiológico 16, que saiu no mês de julho, a taxa de crianças aumentou 453% e de adolescentes 615%, evidenciando o aumento superior do risco de infecção nesses grupos.
“Com o retorno das atividades sociais, praticamente normais, essa população que estava reclusa, em casa, saiu, está adquiri
ndo a covid e tem risco de levar para os familiares com mais idade ou que tenham alguma doença associada”, observou Natasha. Ela acredita que podemos voltar a registrar aumento no número de casos como São Paulo que já está com as Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) cheias e os hospitais internando adultos em UTIs Infantis por falta de mais leitos.
A especialista fala que as pessoas acabaram se excedendo e deixando de ter o cuidado, mas ela reforça que todo mundo sabe que “o melhor contra essa doença é a prevenção. E se previnir usando máscara, lavando as mãos, mantendo o distanciamento social. Isso é fundamental”. A liberação de eventos, mesmo para poucas pessoas, argumentou a médica, vai trazer o aumento no número de casos. “Enquanto a gente não tiver uma vacina, a gente vai ter esse aumento”, pontua ela que recomenda às pessoas que só saiam de casa em caso muito necessário.
Riscos para crianças e adolescentes
Alguns estudos mostraram que crianças e adolescentes têm menos risco de desenvolver sintomas graves da covid. A médica chama atenção para a ocorrência da síndrome de respiração inflamatória multissistêmica que associada ao vírus pode até matar a criança ou adolescente. Pelo menos 400 já pegaram a doença no Brasil. Em Mato Grosso, ela lembra que já foram atendidos alguns casos suspeitos e somente um, de uma menina de 10 anos, no Hospital Júlio Müller que ficou grave, mas não foi a óbito.
A síndrome acomete criança e adolescente acima do peso ou que com doenças pré-existentes, como problemas coronarianos, que podem acabar se tornando fatores complicadores para quem contrai o novo coronavírus. Geralmente começa com os sintomas comuns do vírus e acaba evoluindo para um quadro clínico, parecendo um choque tóxico ou uma assepsia, infecção generalizada, um choque cardiogênico.
Fonte: Repórter MT