Caos na Bolívia leva turistas ao desespero e já afeta Cáceres

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A professora Albertina Almagna Tempesta, 66, enfrentou horas de desespero até a conseguir sair da Bolívia. Moradora de Cuiabá (MT), ela estava no país vizinho a turismo e se viu encurralada pelos protestos que tomaram conta das cidades bolivianas, motivados pela reeleição de Evo Morales.

Ela conta que tanto os favoráveis ao governo, quanto os contrários, saíram às ruas das principais cidades, inclusive queimando carros e criando um ambiente de tensão e caos.

Para conseguir sair do território boliviano, a professora e a família precisaram pegar um avião de linha de La Paz para Santa Cruz.

“Não tinha ônibus, carros e poucos táxis foram liberados pelo governo. Até entrar e sair do aeroporto é difícil”, disse a professora ao LIVRE, por telefone.

Em seguida, precisou fretar um avião para seguir até Porto Soares e, de lá, contrataram um táxi para chegar até Corumbá (MS), onde a família deixou o carro.

Segundo a professora, foi preciso conseguir um atestado médico para fazer o trajeto de carro. Só assim conseguiam passar pelas barreiras.

“Eram várias. Primeiro de populares que eram contra e depois de índios, que eram favoráveis. Foi muito difícil e gastamos na fuga mais do que em toda viagem e passeios. Mas era preciso sair para sobreviver”.

Agora, a aposentada já está a caminho de Cuiabá e alerta as pessoas a não entrarem no país vizinho enquanto a situação política não se resolver.

Entenda o caso

Evo Morales venceu as eleições no primeiro turno e o resultado das urnas foi questionado por organizações internacionais e movimentos sociais do país.

Evo Morales é presidente eleito pela 4ª vez consecutiva. (Foto: Agência Brasil)

A apuração deu ao atual presidente, que soma o 4º mandato consecutivo, a aprovação de 47,08% do eleitorado. Enquanto o opositor, Carlos Mesa, teve 36,51%.

O caso foi para o Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia, que no dia 26 de outubro confirmou o resultado favorável a Morales.

A situação culminou em uma série de protestos. A rua foi tomada pelos opositores e também por grupos favoráveis.

Como fica a fronteira

O prefeito de Cáceres, Francis Maris Cruz, conta que a violência não chegou à cidade brasileira, que faz fronteira com a Bolívia, porém prejudicou muito o comércio.

De acordo com o gestor, 10% dos consumidores simplesmente desapareceram dos supermercados.

Movimento no comércio de Cáceres reduziu 10% devido ao fechamento da fronteira com a Bolívia. (Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

“San Matias é uma cidade pobre e com poucos recursos. Eles compram tudo aqui, principalmente alimentos”, disse o prefeito.

Outro tipo de comércio impactado é o de ureia, fertilizante usado nas lavouras e no tratamento e formação de pastos. O produto vem da região e, como a fronteira está fechada, não tem como se entregar.

Segurança

O Grupo Especial de Segurança de Fronteira está acompanhando a situação, mas até agora, conforme a Secretaria de Estado de Segurança Pública, os protestos são pacíficos.

A fronteira foi fechada pelos bolivianos, mas o lado brasileiro continua aberto. Apenas a passagem de ambulâncias é permitida.

Fonte: O Livre