O levantamento do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que aplicar golpes foi o “crime da moda” no Brasil em 2022. No país foram registrados 208 tipos de crime dessa natureza por hora no ano passado. Em Mato Grosso, um dos golpes que estão sendo realizados é em motéis e casas noturnas de Cuiabá e Várzea Grande.
Criminosos estão filmando homens, muitas vezes casados ou comprometidos, entrando nesses estabelecimentos com amantes, ou garotas de programa. Eles identificam as vítimas a partir das placas dos veículos e passam a extorquir.
Segundo o delegado Nilson André Farias de Oliveira, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Várzea Grande, a maioria das vítimas não denuncia por medo de que a esposa descubra a traição ou até mesmo pela vergonha da exposição.
“Como às vezes envolve uma traição, um caso ‘vexatório’, onde a pessoa não quer se expor, não quer que descubram que saiu com transexual ou algo do tipo, acaba nem registrando ou quando registram, contam outra história, onde ocorreu um furto. Mas quando nós, como investigadores, vamos apurar e aprofundamos, descobrimos que aconteceu a extorsão”, explica.
Ainda conforme o delegado, os valores que os bandidos tentam extorquir mudam de vítima para vítima.
“Quando eles identificam que a vítima possui uma grande quantia financeira ou é alguém bem-sucedido aumenta o valor. Mas muitas vezes acontece de exigir um valor alto e depois ir abaixando o preço e a vítima acaba pagando”, acrescenta.
Nilson André reforça que, caso alguém seja vítima desse tipo de extorsão, procure a polícia e realize o boletim de ocorrência. “Se for necessário pede pra conversar com o investigador ou com o delegado em separado, explica a situação, se precisar o casso pode correr em sigilo. A intenção da Polícia Civil é garantir que essa pessoa seja bem acolhida e que ela não sofra nenhum tipo de extorsão”, salienta.
“A dica é não pagar o valor, em hipótese alguma. Porque se você pagar esse valor, o bandido vai querer mais. É uma fonte inesgotável. Ele para e volta na outra semana pedindo mais, eles continuando cobrando”, completa.
O delegado afirma que, caso a vítima tenha pago o valor, mas se arrependeu logo depois, é bom registrar boletim de ocorrência o mais rápido possível, que, fica mais fácil conseguiu ‘rastrear’ para onde o dinheiro foi e recuperar o valor.
“Se pagou via Pix, via transação bancária, fica mais fácil, porque nós conseguimos eventualmente identificar quem recebeu esse valor e às vezes até efetuar a prisão dessa pessoa”, afirma.
“E quem empresta a conta pra receber esse valor também pode praticar o crime. Dependendo da organização, da estrutura criminosa, pode responder até por lavagem de dinheiro”, acrescenta.
Fonte: Folhamax