O bacharel em Direito que causou prejuízo em ao menos 100 vítimas, em um golpe de pirâmide financeira, em Cuiabá, deixou barba e cabelo crescer e se mantinha vigilante à movimentação no local onde residiu nesse período.
Ele foi preso no último dia 7 (quarta-feira), no interior de Santa Catarina, após ser localizado pela Polícia Civil de Mato Grosso. O prejuízo é da ordem de R$ 100 milhões.
Samir de Matos, 45 anos, estava na cidade de Palhoça, com sua companheira e a filha dela.
De acordo com a Polícia Civil, ele mantinha a casa, bastante simples, monitorada o tempo todo por câmeras de segurança.
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A Polícia apurou que ele quase não saía de casa, abriu um site para venda de produtos variados e usava um nome falso na cidade.
O golpista é investigado pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon) por lavagem de capitais, estelionato, pirâmide financeira e crimes contra relações de consumo.
Em março do ano passado, a Decon instaurou uma investigação após diversas vítimas registrarem boletins de ocorrência informando que foram lesadas pelo bacharel.
Ele prometia dividendos com juros mensais que variavam de 5 a 8% para quem aplicasse em uma plataforma de day trader, da agência FBS, que ele administrava comprando e vendendo moeda estrangeira, como dólares e euros.
Uma das vítimas ouvidas na Delegacia do Consumidor teve acesso às transações realizadas pelo golpista, desde 2019.
Samir Matos não realizava operações com valores significativos, por meio da agência FBS.
Em uma ocasião, para demostrar a uma das vítimas que não havia perdido os valores investidos, o golpista mostrou um extrato de nove contas com o valor de US$ 1 milhão, cada uma, e outro extrato com valor de aproximadamente 800 mil dólares, a fim de demonstrar que não havia perdido o dinheiro investido dos clientes e que possuía liquidez.
Após desaparecer e não dar mais satisfação sobre os valores aplicados, as vítimas descobriram que as contas mostradas pelo golpista como sendo da agência FBS eram, na verdade, apenas contas “demo”. Ou seja, uma simples simulação criada por ele e que, sequer, existiam de verdade.
Uma vítima ouvida na Decon narrou que, em fevereiro de 2021, quando estava hospitalizada na UTI de um hospital, em decorrência da Covid-19, o golpista enviou um comprovante de transferência bancária, falsificado, para a esposa e a sócia da vítima.
As investigações da Decon começaram no final de março de 2022, assim que as primeiras vítimas registraram boletins de ocorrência.
“Os elementos de informação comprovaram a materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria em desfavor do investigado, cujo número de vítimas supera 100 pessoas e o valor do prejuízo causado pode chegar aos R$ 100 milhões, conforme depoimentos colhidos”, explicou o delegado Rogério Ferreira, responsável pelo inquérito policial.
Fonte: Diário de Cuiabá