Parentes e amigos do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, que foi baleado e morto pelo vereador Marcos Paccola (Republicanos) no último dia 1, o descrevem como uma pessoa calma, amorosa e excelente profissional.
Ilka Mizuno, a quem Alexandre chamava carinhosamente de avó, é sogra de uma das tias do agente e conta que convivia com ele desde os primeiros anos de vida.
“Ele encontrava a gente sempre sorrindo, nunca ninguém pôde falar que o Alexandre fez isso ou fez aquilo, sempre alegre, um amor de criatura”.
Alexandre Myiagawa de Barros nasceu há 41 anos no Hospital Santa Helena, em Cuiabá.
Apesar de ter passado seus últimos anos de vida morando no Brasil, Ilka conta que Alexandre viveu um longo período no Japão, para onde se aventurou em busca de melhores condições de vida.
Lá ele chegou a ter uma companheira, com quem teve um filho, porém precisou voltar para Cuiabá. A criança hoje tem 8 anos e vive com a mãe no país asiático.
De volta ao Brasil, “Japão”, como era conhecido pelos amigos, conseguiu se tornar agente contratado do Sistema Socioeducativo, porém seu objetivo era ser concursado. Para isso, sua avó de consideração conta que Alexandre se dedicou aos estudos.
“O tio dele pagou todos os cursos que ele queria, mas ele trabalhou um tempo sem ser concursado”, conta.
Alexandre era servidor efetivo há apenas um ano e dois meses, porém sua história no socioeducativo já vinha dos anos anteriores.
Seu amigo e também agente Júlio Cesar da Silva Souza lembra que foi ele quem recepcionou “Japão” no seu primeiro dia no trabalho novo.
“Quando ele entrou no sistema já parecia que trabalhava ali há anos, parece que era algo que ele gostava, que queria ser”, relembra.
Assim como afirma a família, Júlio conta que o agente sempre se mostrou uma pessoa sorridente enquanto atuava e também se mostrava mais do que um companheiro, mas um amigo para quem o conhecia no trabalho.
O presidente do Sindicato do Sistema Socioeducativo do Estado de Mato Grosso, Paulo Cesar de Souza, também destacou o profissionalismo de Alexandre como agente. Segundo ele, em diversas ocasiões o servidor era elogiado até mesmo pelos adolescentes de quem tomava conta.
Paulo relata que em um das situações, um dos menores chegou a escrever uma carta para mãe de Alexandre, Élia Miyagawa, agradecendo pelo trabalho que o filho desempenhava.
“Servidor super profissional, calmo ao extremo, nunca o vi exaltado, bravo com adolescente. Com os colegas então, você viu aí a comoção de quase todos, porque conheciam a pessoa dele, uma pessoa boníssima, profissional excelente”, descreve.
Mesmo tendo plantões em datas distintas, Paulo conta que sempre conversava com o agente durante as trocas de turno.
Como presidente do sindicato, ele tinha conhecimento que Alexandre por vezes ficava no lugar do líder de seu grupo quando este estava de folga ou de férias.
Dia da morte
Alexandre foi morto por volta das 20 horas da última sexta-feira (1º), em uma rua atrás do restaurante Choppão, em Cuiabá.
Marcos Paccola (Republicamos) efetuou três disparos contra o agente, em meio a uma confusão depois que a esposa de Miyagawa entrou com seu carro pela contramão, na rua Presidente Artur Bernardes.
Júlio conta que ficou sabendo que o amigo e companheiro de profissão havia sido baleado pelo vereador poucos minutos após o fato.
A esposa de Alexandre, Janaina Sá, usou o celular do agente para enviar uma mensagem no grupo de plantão do Sistema Socioeducativo.
Júlio afirma que logo que recebeu a notícia uma equipe foi até o local, no Bairro Duque de Caxias, para saber o que havia acontecido.
Já Ilka relata que é um choque a morte do homem que conheceu ainda criança. Segundo ela, a família nunca soube de nenhuma situação em que Alexandre tivesse brigado na rua ou se desentendido com outra pessoa.
“Ele nunca falou um palavrão dentro da família, ele era fora de série. É muito doído o que aconteceu, nem gosto de pensar, mas é muito triste. Nunca soubemos que ele brigou na rua ou alguma coisa e nunca vimos ninguém falar que o Alexandre fez isso ou aquilo.
O presidente do sindicato se encontrou nesta terça-feira (5) com o presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, vereador Juca do Guaraná Filho (MDB). Paulo afirma que foi reivindicar Justiça para o caso de Alex.
Atualmente a Polícia Civil instaurou um inquérito sobre o caso para investigar a morte do agente. A vereadora Edna Sampaio (PT) também entrou com um pedido de cassação contra Paccola, que será avaliado pela Comissão de Ética da Câmara de Cuiabá.
Fonte: Midianews