A Polícia Civil encontrou nos celulares de Francisco Lopes da Silva e Aneuza Pinto Ponoceno vídeos que mostram parte dos abusos e torturas cometidos contra a sobrinha de apenas dois anos. Além das imagens, depoimento da mulher relata uma rotina de intenso sofrimento e dor na vida da criança.
A informação consta no pedido de prisão preventiva formulado pelo delegado Maurício Maciel Pereira Junior contra o casal, que foi aceito pela Justiça.
A criança morreu na segunda-feira (8) depois de passar quatro dias internada no Pronto-Socorro de Várzea Grande. Ela era vítima de agressões e estupros constantes em Poconé (a 104 quilômetros de Cuiabá), onde morava com os tios.
O casal detinha a guarda da menina há aproximadamente 5 meses, depois que os pais, que também submetiam a criança a maus-tratos, a perderam. Os pais da menor, segundo a Polícia Civil, eram usuários de álcool e drogas.
Conforme o delegado, que está à frente das investigações, “a materialidade dos crimes resta comprovada, ainda que preliminarmente, pelas fotos das lesões da vítima apresentadas pelo Conselho Tutelar e pelos documentos médicos já acostados”, disse.
Foi comprovado, por meio de exames médicos, que a criança era agredida e sofria abusos. Quando a menor foi hospitalizada, o laudo médico apontou traumatismo craniano grave.
Em seu depoimento, Aneuza revelou com riqueza de detalhes que a criança era estuprada pelo seu companheiro semanalmente. O crime era cometido ao menos duas vezes na semana, enquanto a menina gritava de dor. “Ocasiões em que a criança chorava de dor e gritava “não, não, dói, dói”, relatou o delegado.
Aneuza alegou que há cerca de dois meses observou que o ânus da menina estava bastante machucado e alargado. Ela afirmou ainda que, no dia seguinte aos estupros, a fralda da criança apresentava manchas de sangue.
A menina era submetida a agressões físicas com corda de curral e tinha as refeições suspensas. Ainda conforme o depoimento, ela era obrigada a desfilar nua e rebolar diante do tio.
“A suspeita relatou agressões físicas com corda de curral, supressão de refeições, constrangimento para que a criança desfilasse nua e rebolasse, tudo para satisfazer a lascívia repugnante de Francisco”, consta no pedido do delegado.
Em sua defesa, Aneuza alegou que também era agredida pelo marido e, que certa vez, Francisco a teria enforcado quando ela ameaçou contar o que acontecia na casa.
Ambos entregaram seus celulares para as equipes de investigação, e neles foram encontrados os vídeos “que demonstram um pouco da tortura infligida à vítima”.
Os tios da menor seguem presos preventivamente e podem responder pelo crime de tortura seguida de morte.
Segundo o delegado, o inquérito tem o prazo de 10 dias para ser finalizado. Ao fim desse período ele será encaminhado ao Poder Judiciário do Ministério Público.
Fonte: Midianews