Uma reportagem do jornal O Globo, desta quinta-feira (22), mostra que Cuiabá está entre as 47 cidades mais populosas do Brasil que conseguiram reduzir o pico de óbitos por covid-19 de 2021. Conforme a publicação, Cuiabá já chegou a registrar 170 mortes pela doença em uma única semana, no final do mês de março deste ano, e agora apresenta queda acima de 15%, considerada incipiente, já que está iniciando agora. Os dados foram reunidos pelo projeto Brasil.IO.
O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, comentou que mesmo diante desse cenário as medidas rígidas de biossegurança são fundamentais. “Sabemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido, pois ainda nos deparamos diariamente com o sofrimento de famílias que estão perdendo seus entes queridos, mas essa queda nos casos de mortes, mesmo que incipiente, demonstra que estamos no caminho certo, rumo ao fim desta pandemia, que tanto assolou a nossa população”, disse.
Ao analisar outros pontos, é possível verificar que Cuiabá apresenta melhora em outros aspectos relativos à covid-19. Por exemplo, no final de março deste ano, quando houve o pico de mortes, o Hospital Referência à Covid-19 (antigo Pronto Socorro) chegou a ficar com 98% de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto. Nesta quinta-feira (22), a ocupação é de 75%.
Também é possível observar que as internações e mortes por covid-19 de pessoas acima de 80 anos de idade reduziu na capital. Os cuiabanos dessa faixa etária são os únicos do grupo de idosos que já receberam as duas doses da vacina contra a covid-19 há mais de um mês, ou seja, já passaram pelo período de produção de anticorpos. Nesta quinta-feira (22), somente uma idosa acima de 80 encontra-se internada no Hospital Referência à Covid-19 e dois idosos de Cuiabá nessa faixa etária no Hospital São Benedito. Além disso, pela primeira vez ao longo de semanas, não há um morador de Cuiabá sequer na fila de espera por leito de UTI covid do estado, que conta hoje com 13 pacientes.
Especialistas avaliam cenário
A gerente de Vigilância Epidemiológica de Cuiabá, Flávia Guimarães, aponta que apesar do cenário estar menos grave, não significa que as pessoas já podem comemorar e deixar de tomar os cuidados com a prevenção ao coronavírus. “A gente continua com a alta letalidade, mas pelo menos não estamos aumentando o número de mortes. O óbito ocorre após um tempo de ocorrência da doença, ou seja, tem uma evolução. Se não tiver o controle, continua a propagação do vírus, através do contato entre as pessoas. Por outro lado, o fato da gente já ter reduzido a fila de espera por leitos, demonstra uma melhora e que as pessoas estão tendo a assistência em saúde adequada, estão tendo acesso à estrutura de saúde”, avalia.
Para o diretor clínico do Hospital São Benedito, Giovane Fortuna, “é bem visível que teve uma diminuição grande da quantidade de pacientes da faixa etária acima de 80 anos. Até da faixa de mais de 70 anos já diminuiu bastante”. Ele acredita que essa redução de internações entre os mais velhos tem ligação com a vacinação e espera que essa evolução continue. “Tudo o que a gente mais quer é que já vacine pelo menos as pessoas de 40 anos, que já diminuiria drasticamente a quantidade de pessoas internadas. Temos alguns pacientes internados nas faixas de 20 e 30 anos de idade. A maioria é de 40 anos pra cima, e é o grupo que mais causa impacto nas famílias, porque são chefes de família, pais e mães de família”, afirma.