O senador Wellington Fagundes (PL) preferiu submergir diante da “estratégia” do governador Mauro Mendes (União) de fortalecer seu projeto político-eleitoral para 2026.
Foi considerada das mais tímidas a sua reação ao suposto apoio do condenado ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à pré-candidatura do chefe do Palácio Paiaguás ao Senado, com a condição de levar à tiracolo o deputado federal José Medeiros (PL), que também sonha com uma das vagas na Câmara Alta.
De quebra, Mauro e sua turma ainda garantiriam apoio à pré-candidatura do vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) – que acena com a possibiilidade de migrar para o ninho bolsonarista – ao Governo de Mato Grosso.
“Neste momento, é normal este tipo de posição”, disse o senador, se referindo à articulação pró-Mauro e Pivetta. Ele afirmou que não recua da disputa, mas também não explicou como irá disputar as eleições majoritárias sem apoio partidário, sem fundo partidário e sem os filiados para pedir votos.
Presente na adiência pública para discutir a prorrogação ou não da concessão, por mais 30 anos, dos serviços de distribuição de energia elétrica em Mato Grosso pela Energisa S/A, na Assembleia Legislativa, o senador liberal se apegou ao fato de, há pelo menos três décadas, estar ligado à direita. Disse que, enquanto o grupo de Mauro-Pivetta “desesperadamente” bate às portas do PL, ele está nas ruas, “trabalhando na conquista de votos dos eleitores”.
Para Wellington Fagundes, sem querer desprezar o apoio do maior líder da extrema-direita, Jair Bolsonaro, condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado, a melhor opção foi sair em defesa do aliado. “Vamos conquistar a anistia ao presidente, para que ele possa ser novamente nosso candidato e nosso presidente”.
Na prática, esse quadro mudaria os cenários e os pré-acordos políticos, pois, com Bolsonaro candidato (sonho cada vez mais difícil), este tipo de acerto cairia por terra. Afinal, o PL necessitaria de candidaturas próprias, em vez de candidaturas avulsas de possíveis ou pseudos aliados.
A verdade é que Mauro Mendes demonstrou ser um bom articulador nos bastidores políticos, ao “construir” o suposto apoio de Bolsonaro – fato que ainda não foi confirmado oficialmente -, além de Michelle Bolsonaro, praticamente jogando por terra as pretensões de Wellington Fagundes.
Para analistas, o senador foi (ou deverá ser) “fritado. Ademais, até agora, não se viu nenhum líder do PL na defesa do senador, que, vale lembrar, em 2022, pegou carona na candidatura à reeleição de Mauro, para conquistar seu o segundo mandato.
O histórico político de Wellington Fagundes faz jus à sua atual situação. Ele costuma entrar na disputa eleitoral apenas em cenários extremamente favoráveis. Foi assim em 2014, quando o então senador Jayme Campos (União) – a época, filiado ao DEM – desistiu de disputar a reeleição na chapa encabeçada por Pedro Taques (sem partido), eleito governador e que arrastou junto o senador. E novamente em 2022, mas desta vez, disputando na chapa de Mauro Mendes.
WF ainda foi obrigado a ouvir de um político experiente, como o deputado federal, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Sinop, Juarez Costa (MDB), de que ele ainda tem mandato de senador até 2030. Então, deveria recuar e agregar o apoio à candidatura de Otaviano Pivetta. Umsinal claro de que o MDB tende a apoiar a candidatura “chapa branca” do Palácio Paiaguás.
Isso ocorreria, mesmo diante do conflito entre o governador Mauro Mendes e a presidente do MDB no Estado, a deputada estadual Janaina Riva, que, de aliada de primeira ordem, em 2018 e 2022, mas sempre independente, se tornou um dos principais “calos” do governador e de seu grupo político. Mauro e aliados, a propósito, não aceitam a possibilidade de a parlamentar conquistar uma das vagas no Senado..
Ouve-se, pelos escaninhos palacianos, que, na questão do apoio (ainda não confirmado) de Jair e Michelle Bolsonaro, existiriam outros fatos de certa relevância. Como, por exemplo, apelos de líderes do setor produtivo, que, a partir de 2022, ganhou forte influência e tem conseguido emplacar seus candidatos aos principais cargos eleitorais.
Gigantes do setor produtivo, como os Irmãos Joesley, do Grupo JBS, Marfrig, Amaggi, Bunge, Cosan, Cargill, SLC – enfim, aqueles que vivem da exploração da riqueza ambiental de Mato Grosso – teriam interesse em que o Estado permaneça sob o comando daqueles que cumprem o que for melhor para eles.
Foi assim com Blairo Maggi (PP), o principal líder entre os produtores, por dois mandatos de governador e um de senador, além de ministro de Estado da Agricultura. Também com Silval Barbosa (MDB), que era vice de Maggi, e, depois, com Pedro Taques (sem partido), que tinha como vice-governador o atual senador licenciado e ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).
Agora, nos dois mandatos com Mauro Mendes, há o vice-governaor Otaviano Pivetta, outro gigante do agronegócio, lançado pré-canddidato ao Paiaguás pelo próprio governador.
Se faz necessário lembrar que, nas últimas disputas eleitorais, Pivetta virou destaque nacional por sua alta concentração financeira, aparecendo, em sua declaração de rendas, na Justiça Eleitora,l como um dos mais ricos do Brasil, com mais de R$ 300 milhões em dinheiro vivo, fora patrimônio.
Uma matéria do jornal O Estadão de S. Paulo, de 2024, citou Otaviano Pivetta como o sexto mais rico do Brasil, entre 10 que disputaram as eleições de 2020 e 2022. Leia AQUI.
Direta ou indiretamente, todos eles consolidaram a presença e o poder político do agronegócio no Governo de Mato Grosso, no Senado, na Câmara Federal, na Assembleia Legislativa, nas prefeituras municipais, principalmente aquelas diretamente ligadas à produção agrícola e animal, e nas câmaras municipais.
Entra Governo e sai Governo, e a turma do agronegócio está sempre presentes. Os alvos são os cargos de alto poder político e decisivos para a consolidação de sua atuação. Basta notar que Mato Grosso, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, tem políticas de preservação ambiental contidas. Ou seja, se for para atender ao agro, tudo bem; se não, muda-se a lei, como recorrentemente tem feito a Assembleia Legislativa.
Agora, é necessário esperar e ver as consequências dessa atuação nos bastidores da disputa eleitoral de 2026. Entre a definição de nomes e cargos a serem disputados, se tem um processo “doloroso” para a direita – a condenação e a iminência de prisão fechada de Jair Bolsonaro e os efeitos que isso provocará entre os eleitores.
A massa, aquela que vota, busca nos políticos ver seus anseios mínimos atendidos, e não protelados. num dos setores mais ricos do Brasil, mas que não fez de Mato Grosso e da maior parte de sua população ricos na mesmo proporção; Ao contrário, a grande parcela do povo continua dependente, com de saúde precária, educação deficiente; segurança pública inexistente, política social ruim, meio ambiente em viés de destruição total, entre outros.
Desconhecer os avanços do Governo Mauro Mendes, para analistas, quando nada, seria um erro imperdoável para a oposição. Mas, também deixar de apontar suas falhas, que são gritantes e gigantescas (veja o exemplo da liderança, por dois anos seguidos, nos casos de feminicídio e caminhando de forma acelerada para o terceiro ano consecutivo), é entregar um terceiro mandato para um mesmo grupo político. (Diário de Cuiabá)








