VLT, oito anos de espera

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Por: Vicente Vuolo

Mato Grosso é palco de um vexame sem precedentes em sua história: a conclusão das obras do VLT de Cuiabá e Várzea Grande. A espera já dura 8 anos.  E mostra ao mundo o atestado de incompetência dos últimos governos.

Mas nas campanhas políticas, não faltaram promessas e discursos inflamados dos candidatos à governador. Depois de eleitos, todos viraram as costas, cada um com as suas desculpas: corrupção, falta de planejamento na construção, pressão dos empresários dos ônibus poluentes, judicialização.

Ora caríssimos leitores. A corrupção (se houve, já que ninguém foi punido) tem que ser punida exemplarmente. Mas, a obra tem que ser finalizada porque a grande prejudicada é a sociedade.

Diante da inação do governo do Estado, nós lançamos o Movimento Pró VLT, cívico e suprapartidário, em maio de 2019. Após um amplo debate com a sociedade, reuniões entrevistas, a criação do Grupo de Trabalho (GT), o Movimento Pró VLT decidiu apresentar uma proposta para a conclusão das obras.

Os engenheiros de Mato Grosso e de São Paulo, inclusive, o Secretário Nacional de Mobilidade Urbana, Jean Pejo, entenderam que a maneira mais econômica e rápida (tanto para o Estado como para a sociedade) de finalizar a obra é por meio de uma Parceria Público Privada (PPP). Nessa proposta,não haveria mais necessidade de investir dinheiro novo. O dinheiro que está depositado na conta do VLT de R$ 193 milhões é suficiente para terminar a primeira etapa: Aeroporto – Porto – Centro. O restante seria a iniciativa privada com uma importante observação.

O Estado entregaria os equipamentos que foram comprados e que estão guardados no Centro de Operação e Controle ao lado do aeroporto, em Várzea Grande. A área de 133 mil quadrados contém 40 trens, 280 vagões, 40 km de cabos de energia, 22 km de trilhos, 9 subestações, posteamento com catenárias para todo o percurso.

Além disso, serão entregues 3,5 km de trilhos eletrificados, viaduto do aeroporto, trincheira da avenida da FEB, em Várzea Grande, ponte sobre o rio Cuiabá, viadutos da SEFAZ, UFMT, 294 vigas de concreto para a ponte sobre o rio Coxipó e o viaduto da entrada para Santo Antôniode Leverger, em Cuiabá. Ou seja, o “P” público estaria em alta e o Estado com credibilidade para atrair empresas para a parceria.

Os especialistas informaram ao Movimento Pró VLT que esta solução é viável e está de acordo com a legislação. Mas o governo se recusa a debater o assunto com a sociedade, o que aumenta dúvidas de comerciantes, empresários, engenheiros e cidadãos em geral sobre os reais interesses do governo, lembrando que as obras paradas entre todos os prejuízos que causa à população, ainda gera uma perda mensal considerável. O Estado paga R$ 4 milhões de juros ao mês, pelo empréstimo tomado junto a Caixa Econômica Federal para a construção.

Não há sentido algum nos atrasos e na prorrogação dos prazos, a não ser que o governo queira fazer com que os prazos judiciais se esgotem e ninguém acabe punido pela eventual corrupção que motivou a paralisia da obra. Será mais um caso de inocência por decurso de prazo?

VICENTE VUOLO É ECONOMISTA, CIENTISTA POLI´TICO E COORDENADOR DO MOVIMENTO PRÓ VLT