POR: VICENTE VUOLO
O VLT Cuiabá-Várzea Grande está a um passo de se tornar realidade. É o que diz o relatório final do Grupo de Trabalho (GT),criado pela Portaria nº 1.674 de 12 de julho de 2019, publicada pelo então Secretário Nacional de Mobilidade, Jean Pejo, formado por representantes da Secretaria Nacional de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional, do Governo do Estado de Mato Grosso e da Caixa Econômica Federal.
Segundo informações por mim colhidas diretamente do Ministério do Desenvolvimento Regional, o Grupo de Trabalho (GT) concluiu os estudos técnicos para a retomada das obras do VLT no dia 6 de março de 2020. Assim que terminou os trabalhos, foram realizadas reuniões com o novo Ministro do Desenvolvimento Regional (MDR), Rogerio Marinho e com dois Secretários do Governo do Estado de Mato Grosso.
De acordo com o GT, “considerando o estágio avançado das compras dos equipamentos, acho difícil uma mudança de rumo muito radical”. Ou seja, os vultosos investimentos realizados com a compra de 280 vagões, a construção da estação de passageiros de VG, bem como 3,5 km de trilhos eletrificados do aeroporto até a entrada do bairro Cristo Rei em VG, e a ponte de 224 metros sobre o rio Cuiabá não podem ser menosprezados. As obras devem ser retomadas imediatamente, pois existem recursos depositados na conta do governo do Estado suficientes para a conclusão do trecho Aeroporto–Porto–Centro.
Logo que o governador do Estado marcar a data para a retomada das obras, muito provavelmente, dentro de um ano esse trecho inicial poderá estar funcionando, é o tempo suficiente para o Governo do Estado escolher a melhor opção para a operação dos trens e a extensão dos trilhos até o CPA e o Coxipó, afirmou um técnico do MDR.
Essa decisão de priorizar o transporte sobre trilhos vem ao encontro da política de transporte do Governo Federal. O presidente da República assinou o Decreto nº 10.387, de 5 de junho de 2020, seguindo tendência mundial para o setor de mobilidade urbana com prioridade para o VLT.
A preocupação com o meio ambiente é tão grande que o Papa Francisco lançou o Movimento Católico Global pelo Clima (GCCM) para a Igreja colocar em prática sua missão de cuidado com a criação. O GCCM é responsável pelo Programa Católico de Desinvestimento em Combustíveis Fósseis.
A cada dia o VLT vem ganhando mais importância no mundo. A pandemia que exigiu o isolamento social transformou as nossas vidas. A mobilidade urbana ganhou mais importância. O transporte limpo, confortável, saudável, ecologicamente correto tornou-se prioridade. O Veículo Leve sobre Trilhos já está operando em 388 cidades, transportando mais de 14 bilhões de passageiros.O povo cuiabano e várzea-grandense espera ansioso pela inclusão nesse rol das cidades inteligentes.
É chegado o momento de iniciar uma verdadeira revolução na mobilidade urbana das duas maiores cidades do Estado. É o que pensam engenheiros, arquitetos, urbanistas e as entidades das mais representativas de Mato Grosso.Isso é pensar no futuro de forma positiva. Faz com que a gente desenvolva a resiliência, que é a capacidade de lidar com o inesperado e se reinventar.
O momento é de união de esforços para trazer o que existe de melhor em mobilidade urbana para a nossa terra.
A crise econômica, que tem caráter mundial, vai demorar a passar. Os efeitos da crise que foi agravada com a pandemia serão difíceis de serem superados. Muitas empresas não conseguiram e não conseguirão continuar abertas. As dificuldades são gerais e afetam inclusive o poderoso agronegócio que tem impulsionado a economia da região. Essa é hora de criatividade e solidariedade. Também é hora de planejamento e de retomada dos investimentos do Estado. A conclusão da obra do VLT faz parte disso, mas precisaremos muito mais da presença do Estado e da Prefeitura nesse processo, auxiliando os micros e pequenos empresários, a economia das comunidades e dando importância às atividades geradoras de emprego e renda, facilitando a vida dos comerciantes e dos informais.
VICENTE VUOLO É ECONOMISTA, CIENTISTA POLÍTICO E COORDENADOR DO MOVIMENTO PRÓ VLT
