Imagens das câmeras de segurança do Hospital e Maternidade Santa Helena, em Cuiabá, obtidas pela TV Centro América, mostram o momento em que Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, entra na unidade com o bebê de Emilly Azevedo Sena, de 16 anos, na quarta-feira (12). Ela foi até o local no mesmo dia do assassinato da adolescente, que estava no 9º mês de gestação.
No vídeo, um homem aparece empurrando a cadeira de rodas em que Nataly estava. Ao lado, uma mulher carrega o bebê. A suspeita simula sentir dores, movimentando-se na cadeira, como se tivesse acabado de dar à luz.
A ida ao hospital e a simulação de pós parto fazia parte do plano arquitetado por ela para roubar o bebê e fingir que era dela, segundo a polícia.
Veja vídeo da chegada de suspeita a hospital:
Nesta sexta-feira (14), Nataly passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. Ela confessou à Polícia Civil que cometeu o crime sozinha, motivada pelo desejo de ficar com o bebê, após ter sofrido dois abortos espontâneos.
A suspeita deve responder por homicídio triplamente qualificado.
O marido de Nataly e outros dois homens também tinham sido presos nessa quinta-feira (13), mas foram soltos após prestar depoimento.
De acordo com a mãe de Emilly, Ana Paula Meridiane, o bebê está sob os cuidados da família e acompanhado por pediatras.
Emilly estava desaparecida desde a tarde de terça-feira (12), quando saiu de sua casa em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, para buscar doações de roupas na casa da suspeita que havia conhecido pela internet, no bairro Jardim Florianópolis, na capital.
Morte Cruel
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Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, em depoimento à polícia — Foto: Reprodução
Em coletiva à imprensa nesta sexta-feira (14), o delegado Caio Albuquerque contou que Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, disse que cometeu o crime porque queria ficar com o bebê depois de ter sofrido dois abortos seguidos e disse que agiu sozinha, inocentando o marido e outros dois homens que também tinham sido presos.
De acordo com o perito Jacques Trevizan, Emilly foi encontrada com lesões em “forma de T” no abdômen e ainda estava viva quando o bebê foi retirado. Sacolas plásticas foram usadas para abafar os gritos e Emilly morreu pela perda de sangue e não por falta de ar como havia sido cogitado inicialmente.
Segundo a Diretora Metropolitana de Medicina Legal, Alessandra Carvalho Mariano, quem fez os cortes apresentava o domínio das técnicas de corte. Nas redes sociais, Nataly diz ser bombeira civil e socorrista.
“O corte foi muito preciso e ela não hesitou, inclusive preservando camadas. Foi certeira no útero”, explicou.
Os outros três filhos de Nataly também devem passar por exames de DNA para identificar se são realmente filhos biológicos da acusada.
Entenda o caso
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Emilly Azevedo Sena, de 16 anos — Foto: Reprodução
Na quinta-feira (13), o casal procurou o Hospital Santa Helena, em Cuiabá, para registrar um bebê recém-nascido, com a alegação de que a criança tinha nascido em casa.
A equipe médica estranhou o comportamento da mulher, que afirmava ter dado à luz recentemente. Diante da suspeita, os profissionais acionaram a polícia, que deteve o casal e os encaminhou à delegacia. Exames mais detalhados foram realizados e determinaram que a mulher não estava, de fato, grávida.
A mãe da jovem desaparecida foi até o hospital, onde a criança permaneceu após a equipe médica da unidade chamar a polícia.
O delegado Caio Albuquerque afirmou que o corpo da vítima foi encontrado em uma cova rasa, com sinais de enforcamento com fios de internet e cortes na barriga para a retirada do bebê. Havia sinais de que a vítima tentou se defender, mas foi morta.
Conversas
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Conversa entre casal suspeito e adolescente grávida encontrada morta após buscar doações de roupas para bebê. — Foto: Reprodução
Print de WhatsApp mostra Nataly marcando o encontro com Emilly. A suspeita atraiu a vítima usando o pretexto de entregar doações de roupas de bebê.
De acordo com a Polícia Civil, Nataly enviou a localização para a adolescente e até pagou pelo transporte para que ela fosse ao local combinado. O corpo de Emilly foi encontrado enterrado no quintal da casa dos suspeitos do crime horas depois da prisão
Na troca de mensagens feita um dia antes do crime, Nataly afirmou à adolescente: “Você disse que seu marido vai, ele pode ir, só não vou deixar entrar, pois sou casada”.
Emilly respondeu que o marido iria da mesma forma, mas ficaria do lado de fora da casa: “Meu marido vai comigo e vai ficar para o lado de fora, mas minha cunhada vai comigo”.
Além das roupas, a suspeita ainda disse ter um protetor de berço para doar e enviou a localização para Emilly buscá-los. No entanto, após sair de casa, a jovem desapareceu e não foi mais vista. Fonte: G1 MT