As vereadoras por Cuiabá, Samantha Iris (PL) e Maysa Leão (Republicanos), denunciaram que, recentemente, ambas as equipes de gabinete foram ameaçadas por “lideranças de bairro” durante visitas na Capital. Ambas acusam que seus assessores externos quase foram impedidos por pessoas identificadas como líderes dos bairros de colher demandas. Em outro episódio, uma dupla armada chegou a perseguir servidores tentando intimidar.
Samantha Iris afirmou que o caso mais recente ocorreu com duas assessoras na região do bairro CPA. As servidoras foram paradas por um homem, identificado como a liderança do bairro, que afirmou desconhecer tal função dos gabinetes nas ruas. Indo mais além, o suposto líder disse que qualquer demanda deveria ser tratada direto com presidentes de bairro.
“Nós temos na equipe de gabinete alguns assessores externos, que saem para fazer a coleta das indicações e demandas dos munícipes em todos os bairros de Cuiabá. Nessa semana, foram duas assessoras mulheres na região ali do grande CPA, e foram abordadas por uma pessoa que se intitula liderança de bairro, que falou para as assessoras que elas não deveriam estar lá, que esse não é o papel do vereador e que se alguma pessoa do bairro quiser alguma coisa eu teria que pedir para ele”, denunciou.
A também primeira-dama revelou que o homem chegou a citar que se ela e sua equipe quisesse circular pela região, deveria pedir autorização a ele.
“Nós estamos trabalhando em Cuiabá, com todo o respeito que nós temos, aquelas lideranças de bairro que trabalham de forma séria, que buscam os benefícios para a comunidade, que sabem que o nosso papel é ajudar a cidade. Mas agora, querer que os assessores ou o político saia do bairro por achar que a gente não pode em algum bairro fazer um levantamento, eu acho isso muito grave”, emenda.
Conforme a vereadora, assim que recebeu a informação das servidoras, ordenou que ambas fizessem um boletim de ocorrência e retornassem à Câmara, que depois ela retornaria ao local para averiguar se também seria ameaçada e tomar outras providências.
“Orientei elas a fazerem um boletim, mas não foi feito. Como estavam as duas sozinhas, orientamos a sair do local também, e depois eu falei, que voltarei no bairro e eu quero que ele venha atrás de mim falar comigo, porque se ele for para cima delas, eu também quero saber qual é o motivo, porque a gente não pode trabalhar com o Cuiabá”, finalizou a vereadora.
Maysa Leão, por sua vez, contou que a situação com sua equipe foi mais grave. A vereadora revelou que ela e sua equipe foram cerceadas e intimidadas por dois homens armados em uma moto. Mas, assim como Samantha, a equipe não fez boletim de ocorrência por conseguir entrar no bairro.
“Já tive pessoas que ficaram seguindo a minha equipe, me seguindo, passando de moto, mostrando ali que estavam inclusive armados, mas nunca fui abordada. Nós não fizemos boletim de ocorrência porque conseguimos conversar e deixar claro que iriamos entrar. E nos bairros que aconteceu, não aconteceu mais de uma vez. Mas se necessário for, vamos fazer”, emenda.
As vereadoras não descartam que essas pessoas, na verdade, sejam “infiltrados de outros políticos”, ex-presidentes de bairros e até mesmo integrantes de facções criminosas.
“A gente sempre tem o receio, mas a gente precisa enfrentar, porque nós estamos fazendo um trabalho pela população, então a gente precisa sim tomar as providências, se cuidar, mas a gente não pode simplesmente deixar de atender, porque uma pessoa falou que não é para ir lá. No meu caso, parece que a pessoa é um ex-presidente de bairro, teve algum problema na eleição, e aí por conta disso o bairro acho que está até sem presidente”, pontua Samantha.
“Tem de tudo um pouco, porque a gente não pode jogar nas costas do presidente de bairro. Existem presidentes de bairros muito éticos, honestos e lutadores pelos seus bairros, mas tem pessoas que se acham donos dos bairros. E a gente sabe quem são essas figurinhas carimbadas. Então tem liderança de vereador também, tem liderança de bairro, tem liderança de clube de mães, de associações, e vem cercear o nosso direito de ir e vir e a gente não vai aceitar”, dispara Maysa. (Gazeta Digital)