A vereadora de oposição Michelly Alencar (DEM), uma das quatro únicas a votar contra o pacote de “benesses” aprovado pela Câmara para os próprios parlamentares a partir de 2022, negou que tenha havido um acordo com os colegas para que não houvesse “barulho” em torno dos projetos.
Em entrevista à Rádio Capital FM, ela afirmou que ficou “desconfortável” com a forma como as matérias entraram em pauta, durante sessão extraordinária noturna e sem que os projetos fossem apresentados e discutidos previamente em plenário.
“Essa situação me deixou extremamente desconfortável. Não gostaria de estar votando isso, foi uma sessão em que saímos já era mais de 23h. E esse foi um projeto que não chegou nas minhas mãos, eu não tive acesso, não estava no sistema”, disse.
“Nós ficamos desesperados, sem saber como votar. Eu quase saí da votação, porque não queria votar algo que eu não tinha conhecimento. Mas ao mesmo tempo, as pessoas que não têm conhecimento iam dizer: ‘Olha, ela não votou. Por que será?’”, explicou.
Ao todo, a Câmara de Cuiabá aprovou e aguarda sanção do Executivo para a criação de auxílios transporte (R$ 5 mil), saúde (R$ 1,6 mil) e alimentação (R$ 1,4 mil).
Se efetivados, os valores serão acrescidos ao subsídio mensal dos parlamentares, sem qualquer desconto da Previdência ou Imposto de Renda. Atualmente um vereador de Cuiabá recebe R$ 15 mil de salário, mas a partir da folha relativa ao mês de janeiro eles passarão a receber R$ 18,9 mil.
Nos bastidores, foi dito que houve acordo com os parlamentares da oposição para que não fizessem mobilizações nas redes sociais, como já fizeram em relação a outras pautas. Michelly nega.
“Quero deixar claro que essa reunião que disseram que houve acordo entre base e oposição, até com pizza, eu não estive presente, não sei o que foi conversado, não sei o que foi acertado. Eu sei que esse projeto passou na Casa, nós tivemos que votar e não tive como me manifestar porque não tive acesso ao projeto”, disse.
“Eles chegaram impressos, porque nem tinha dado tempo de protocolar no sistema. Falei para todos: não é o momento de aprovarmos um projeto desses e, se dependesse de mim, não aprovaria”, completou.
Na mesma sessão polêmica, os vereadores aprovaram ainda o pagamento de um terço de férias a si mesmos. Ou seja, apesar de não terem férias previstas na legislação, receberão anualmente R$ 6,3 mil a mais.
Nesse caso, Michelly afirmou ter votado a favor, lembrando que no ano passado, durante o recesso parlamentar, foi duramente criticada por viajar com a família.
“Todo trabalhador tem direito a férias. Eu trabalho todos os dias e não tenho direito a férias? Em janeiro temos recesso parlamentar. Por que não tornar esse recesso as férias dele?”, questionou.
“Porque aí para de deixar no ar aquela coisa de que pode viajar ou não pode. Porque eu viajei por 10 dias e fui muito criticada”, disse.
Fonte: Midianews