Visível a quilômetros de distância, a trilha de acesso ao pico do Monumento Natural Morro de Santo Antônio, localizado em Santo Antônio de Leverger (a 27 km de Cuiabá), tem deixado moradores e visitantes surpresos e “revoltados”.
“Uma ferida aberta da base ao pico do morro. Ferida essa que poderá tornar-se erosões e corredeiras durante as chuvas devido à constituição do solo”, publicou em suas redes sociais o arquiteto e artista plástico Hamilton Leitão Batista, após uma visita ao local no último domingo (11).
A estruturação da trilha faz parte da obra contratada pelo Governo do Estado para facilitar o acesso ao monumento e “fortalecer o turismo no estado”. De acordo com o projeto do Executivo, além do reparo na trilha, a obra visa asfaltar a via que dá acesso ao Morro e serão realizados serviços de drenagem e sinalização da estrada. A Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra-MT) é responsável pela pavimentação, enquanto a estruturação da trilha deve ser feita pelo MT Par.
Segundo a Sinfra, o trecho que será asfaltado tem 3,96 km de extensão e inicia em uma parte da MT-040, seguindo até o “pé do morro”, a um custo de R$ 6,3 milhões. “Apesar do potencial turístico e da grande procura da população, o local não tem a infraestrutura turística necessária (…) Depois, o objetivo é estruturar a trilha até o topo do morro, melhorando o acesso e garantindo mais segurança aos visitantes”, destacou a pasta, antes de abrir o processo licitatório.
Foto: Hamilton Leitão Batista
A “ferida aberda” registrada por Hamilton, vista a quilômetros de distância
Unidade de Conservação
De acordo com o professor, pesquisador e Geólogo da Faculdade de Engenharia, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn, o fato do Morro de Santo Antônio ser uma Unidade de Conservação de Proteção Integral não impede, por exemplo, o asfaltamento ou qualquer obra, caso haja plano de manejo e licenciamento.
O RD News entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para verificar se a “cicatriz” criada para a realização das trilhas traria impactos ao Morro de Santo Antônio, como degradação do solo, por exemplo, visto que trata-se de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.
A pasta afirmou, por meio de nota, que não se trata de degradação e sim de “obras para garantir a acessibilidade”. Além disso, afirmou que emitiu licença para a realização da obra e realiza “vistorias para acompanhar o ordenamento das trilhas”.
Fonte: RD News