Na gravação, o tornozelado aparece deitado no chão, com um militar agachado perto de sua cabeça, segurando suas mãos para algemá-lo, enquanto outro agente está sentado em suas costas. Na cena, é possível ouvir o suspeito gritando, desesperado, que está sem ar e que os policiais iriam matá-lo.
“Para de matar eu! Tô sem ar, tô sem ar [sic]!”, diz aos berros.
Mesmo com a súplica, os militares não aliviam a abordagem. Em determinado momento, o procurador e o defensor chegam e dizem que as coisas “não eram assim”. Um dos militares que atende a ocorrência responde grosseiramente: “É assim sim”, afirmando que ele era da Polícia Militar.
Em seguida, os três – defensor, procurador e tornozelado – acabam detidos. Já na Central de Flagrantes, um major tirou as algemas do suspeito. Segundo o documento, o tornozelado não parava de xingar um soldado e, em seguida, o major agrediu o colega de farda. O motivo da agressão não foi revelado.
Por meio de nota, a Defensoria Pública relatou que os servidores do Estado estavam no bar para assistir a uma partida de futebol quando flagraram a ação truculenta da Polícia Militar.
Ainda conforme o pronunciamento, o defensor, ao se deparar com a situação, lembrou de casos de abusos envolvendo policiais como o de George Floyd, que foi assassinado em 2020 nos Estados Unidos, durante uma abordagem policial. A morte deu início a uma série de protestos do movimento ‘Black Lives Matter’ (Vidas Negras Importam).
Após a confusão, o defensor e o procurador foram liberados pela autoridade policial, que não encontrou elementos para a manutenção da prisão.
O QUE DIZ A POLÍCIA MILITAR
A PM se manifestou por meio de nota afirmando que abriu um Processo Administrativo para apurar a conduta dos policiais.
LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA
“A Polícia Militar de Mato Grosso informa que tomou conhecimento das imagens registradas em um restaurante de Cuiabá, na noite desta quarta-feira (03), e determinou, imediatamente, abertura de procedimento administrativo na Corregedoria-Geral para apuração da conduta dos policiais na ocorrência com máxima transparência.A PMMT ressalta ainda que não coaduna com nenhum tipo de violência ou abuso de poder por parte dos seus integrantes“.
RELEMBRE
Conforme o boletim de ocorrência, a corporação foi acionada pelo gerente do estabelecimento, informando que um homem, identificado como ‘Neguinho’, que faz uso da tornozeleira eletrônica, estava no bar ensanguentado, causando transtorno no local.
O tornozelado resistiu à abordagem e precisou ser contido com uso de força. Ele teria dado um chute em um policial. Consta no documento, que durante o procedimento de imobilização do tornozelado, alguns clientes que estavam no local começaram a xingar os policiais, entre eles o procurador do Estado e o defensor público. Eles também tentaram impedir a prisão do suspeito.
Diante dos fatos, todos foram presos e conduzidos para a Central de Flagrantes para o registro da ocorrência. Vídeo gravado por outro cliente que estava no local, mostra o momento que o tornozelado, o procurador e o defensor são detidos.
Ainda segundo informações do boletim de ocorrência, já na central de flagrantes, um major tirou as algemas do suspeito. Segundo o documento, o tornozelado não parava de xingar um soldado e, em seguida, o major agrediu o colega de farda. O motivo da agressão não foi revelado. A situação foi presenciada pelo jornalista Serginho Lapada e seu cinegrafista.
O comandante da 21ª companhia da PM, tenente-coronel Marcelo Moraes foi acionado e orientou o registro da ocorrência contra o major que deu o tapa no soldado. Posteriormente, o tornozelado foi levado para o Pronto-Socorro Municipal para atendimento médico em razão de ferimentos na boca e ombro deslocado. (HNT)
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