TJ mantém prisão de youtuber acusado de lavar dinheiro de “pirâmide”

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A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT) manteve a prisão do youtuber mato-grossense Renato Evangelista dos Santos, um dos alvos da operação Easy Money, do Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco). As investigações revelam a atuação de uma suposta quadrilha especializada em aplicar o golpe da “pirâmide financeira” em pelo menos 40 mil pessoas.

Os magistrados da 2ª Câmara Criminal seguiram o voto do juiz convocado para atuar na segunda instância do Poder Judiciário Estadual, Francisco Alexandre Ferreira Mendes Neto, relator de um habeas corpus impetrado pelo youtuber contra a sua prisão. O acórdão (decisão colegiada) foi publicado na última sexta-feira, 29 de outubro.

Em seu voto, Francisco Alexandre Ferreira Mendes lembrou que os argumentos trazidos pela defesa Renato Evangelista dos Santos não poderiam ser utilizados por meio de um habeas corpus – remédio constitucional que não permite a reanálise de provas no processo. O réu alegou que a atividade de youtuber é “lícita”, e que parte dos crimes teriam ocorrido em outro Estado, por meio de uma empresa de Maceió (AL).

“[O habeas corpus] não se presta ao trabalho de profundo mergulho no contexto fático-probatório para excluir-se a participação do beneficiário na conduta delitiva, visto que é tarefa típica da ação penal de conhecimento e não da ação mandamental, de rito célere e documental, ressalvadas excepcionais hipóteses teratológicas”, analisou o juiz.

De acordo com informações dos autos, Renato Evangelista dos Santos teria utilizado uma empresa especializada em venda de cosméticos (Mler Indústria e Comércio de Cosméticos), que esta nome de sua esposa, Aline Lima Malta Evangelista. A organização seria responsável pela “lavagem” de R$ 460,2 mil de pessoas que caíram no golpe da pirâmide financeira.

As investigações revelam, ainda, que Renato Evangelista dos Santos utiliza seu canal no Youtube (que leva seu nome) para “seduzir” pessoas com o ganho de dinheiro rápido por meio de operações supostamente envolvendo criptomoedas (Bitcoin, Ethereum). Em sua plataforma, o comunicador afirma ser o proprietário de uma empresa chamada N25 Company.

EASY MONEY

A juíza da 7ª Vara Criminal do TJMT, Ana Cristina Silva Mendes, aceitou em setembro de 2021 uma denúncia contra 10 pessoas que fariam parte de uma organização criminosa por trás de uma pirâmide financeira. Mateus Pedro Ceccato, presidente da King Prime – organização que prometia lucro mensal de 33,9% em investimentos -, está preso em Rondonópolis (216 KM de Cuiabá), desde agosto deste ano.

Além de Mateus Pedro Ceccato, a Justiça Estadual também aceitou a denúncia contra sua esposa, Príscilla Dhane Pereira de Oliveira, também chamada de “Primeira Dama”, e que sempre estava “ao lado de Mateus nas publicidades, anúncios, lives e demais vídeos, para captação de vítimas”. Agnaldo Bergamim de Jesus, proprietário da Bentley Investimentos (que se “fundiu” com a King), e que teria uma “carta fiança” apresentada em materiais publicitários para “garantir” os recursos investidos (e que seria inidônea), também virou réu na ação.

A lista de réus é completada por Vanessa Fernandes Dutra, esposa de Agnaldo Bergamim, e “diretora financeira” da organização criminosa, Renato Evangelista dos Santos, Aline Lima Malta Evangelista e Vinicius da Silva Siqueira – estes três últimos, responsáveis por “captar os clientes em massa, por meio de vídeos em plataformas como Youtube e Facebook” -, Eduardo Alves Lopes, que atuava no aporte de “elevadas quantias” em dinheiro para a organização, além de Danilo Cerqueira dos Santos, que “lavava” e “distribuía” o dinheiro ao grupo, proprietário da Skyline Investimentos.

O rol dos denunciados é finalizado pelo policial militar Éder de Mello Gonçalves, morador de Cascavel (PR), o “Amigão Eder King”, apontado como o “braço direito” de Mateus Pedro Ceccato. O grupo responderá por constituir organização criminosa, crimes contra a economia popular e lavagem de dinheiro.

Todos os réus encontram-se presos preventivamente com exceções ao casal Agnaldo Bergamin de Jesus e Vanessa Fernandes Dutra, bem como Eduardo Alves Lopes. O trio é considerado foragido da Justiça. Aline Lima Malta Evangelista foi beneficiada com a prisão domiciliar por ter um filho menor de 12 anos. Na decisão que aceitou a denúncia, a juíza Ana Cristina manteve a prisão preventiva dos réus.

O esquema de pirâmide revelado pelo Gaeco reuniu 40 mil pessoas e movimentou R$ 39 milhões.

Fonte: Folhamax