A ausência de chuva e o solo aquecido pelas queimadas influenciam diretamente no surgimento dos redemoinhos, fenômeno natural registrado com frequência em Mato Grosso nos últimos dias. Com o aumento dos incêndios, a incidência de redemoinhos de fogo também sobe e assustam aqueles que presenciam as cenas.
Em conversa com o Gazeta Digital, o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), José Carlos Ugeda Júnior, explica que a falta de chuva vivenciada nesta época do ano faz o solo se aquecer, gerando um movimento de ascensão que são os redemoinhos. “Essa atmosfera perto do solo recebe muita energia, muito calor e esse ar começa a circular formando um turbilhão e se elevar”, explica o especialista.
Ugeda ainda relata que o clima alternado do Centro-Oeste, aliado a vegetação, é propício para a formação de redemoinhos e diz que a ocorrência de tornados, fenômeno parecido, é possível, mas é muito rara na região.
Quando um redemoinho ocorre próximo de um incêndio florestal de grande proporção, o fogo se junta ao turbilhão de ar aquecido, se fortalecendo e ganhando mais altitude.
O principal risco que um redemoinho de fogo traz é o transporte das partículas de fogo a serem transportadas para as áreas próximas, reiniciando outros focos de incêndio e dificultando o controle das queimadas.
Alguns registros feitos por internautas em diferentes regiões do estado foram publicados pelo Gazeta Digital no decorrer das últimas semanas.
Quanto aos redemoinhos formados por vento e carregados de areia e restos de vegetação, o professor pontua que, apesar da velocidade e proporção, eles não costumam provocar grandes estragos como um tornado. “Se estiver numa trajetória que passe por uma casa, pode quebrar uma telha, eventualmente, mas não há muitos registros de destruição de vegetação”, diz Ugeda, que recomenda manter distância dos redemoinhos por conta do desconforto causado pelas finas partículas de poeira.