Ataques de piranhas foram registrados 24 vezes no Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, em 2 anos, segundo a Secretaria Estadual e Meio Ambiente (Sema-MT). Foram instaladas placas de sinalização na região, onde há o registro de ataques.
A Sema informou por meio de nota que deve ser feita uma investigação por parte da empresa responsável pela barragem da usina hidrelétrica nos locais que ocorrem a incidência de piranhas e devem ser sinalizadas com placas indicativas de perigo, além de remover os substratos e as macrófitas que abrigam os ninhos do peixe. Segundo o órgão, após a apresentação do estudo, a Sema irá emitir parecer sobre a viabilidade, quais espécies, e modo de inserção de alevinos no Manso para o equilíbrio ambiental.
O g1 tentou contato com a Furnas, empresa que administra a usina hidrelétrica, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Para a diminuição dos ataques, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) aprovou um projeto de lei, em janeiro deste ano, que determina que a empresa apresente um estudo para realizar o peixamento no lago.
Após a aprovação, a proposta foi sancionada pelo Governador Mauro Mendes (União Brasil) no dia 30 de março deste ano. A lei determina que a empresa faça um estudo na área para averiguar quais espécies precisam ser repostas na região, para equilibrar a população de piranhas.
A empresa tem um prazo de 180 dias para realizar o estudo do lago.
Lago de Manso já teve vários registros de ataque de piranhas — Foto: Leandro J. Nascimento/G1
De acordo com o superintendente de infraestrutura, mineração e serviços da Sema, Valmi Lima, a empresa ainda não apresentou o estudo e, por isso, o peixamento ainda não foi realizado.
“A lei estabelece que eles elaborem um plano de ação e ainda não foi entregue para a secretaria. O estudo prevê o equilíbrio do reservatório das espécies que podem ser introduzidas no local. Temos que aguardar o fim do prazo para fazer as cobranças”, disse.
O superintendente explica que o estudo é o primeiro passo para o processo de peixamento e que após a análise, será feito o levantamento das espécies que precisam ser inseridas no lago.
“Acredito que não seja nesse ano ainda porque é um processo complexo. É preciso levar em consideração as espécies existentes, o processo de fechamento, reequilibro do reservatório. Tem que ter esses conceitos de estabilidade, biodiversidade, equilíbrio ecológico e isso é que vai decidir quais espécies serão introduzidas”, contou.
Conforme a Sema, o procedimento de licenciamento ambiental para cultivo de espécies de peixes, a soltura de alevinos em corpos hídricos em Mato Grosso, visando o peixamento de rios e lagos, só pode ser feita com autorização emitida pelo órgão.
Piranhas no Lago do Manso
O Lago do Manso é um ambiente, onde a água apresenta pouco ou nenhum fluxo, o que é propício ao desenvolvimento de peixes como a piranha, segundo a Sema. Elas são atraídas por sons de frutas e sementes que caem de árvores e batem na água.
A Sema orienta que a população evite hábitos como jogar comida e entrar na água com qualquer lesão não cicatrizada no corpo, pois são ações que poderiam atrair a atenção destes peixes.
Outra recomendação, é realizar o cercamento de quiosques que ficam dentro da água com sombrites ou outro tipo de tela que permita a passagem da água e impeça o trânsito de qualquer tipo de peixe.
O superintendente de infraestrutura, Valmi Lima explicou que a mudança no comportamento das pessoas podem ajudar na proliferação do peixe.
“Acredito que mais comportamento humano melhora a questão da proliferação das piranhas porque isso existe em todo reservatório. Existe uma tendência que ela se adapte mais rapidamente e aumente o número. Então o comportamento das pessoas vai ajudar a diminuir os ataques”, disse.
Fonte: G1 MT