Por: Antero Paes de Barros
A tricentenária Cuiabá escolhe no domingo o gestor para os próximos quatro anos. E a sua decisão é importante para a vida da cidade. De um lado temos Emanuel Pinheiro, o atual prefeito que desde o inicio da gestão até agora não conseguiu explicar a propina do paletó e muito menos os quatro secretários presos e ou afastados por suspeita de corrupção. A impressão que se tem é que Emanuel implantou uma corrupção sistêmica em toda a prefeitura. De outro lado a candidatura de Abilio Brunini, liderança que se viabilizou como vereador de oposição à atual gestão e tem como principal lema de campanha o combate à corrupção.
Acompanho a política de Cuiabá, desde a minha juventude e posso dizer sem medo de errar, a cidade sempre teve prefeitos que dignificaram o cargo, seus mandatos e nunca tiveram acusações que os envergonhassem. Digo isso, para garantir, sem medo de errar, que Emanuel Pinheiro é o único prefeito comprovadamente corrupto da história de Cuiabá, dos últimos cinqüenta anos. Aos fatos, resumidamente:
José Vilanova Torres – de 71 a 75. Foi também vice-governador. Homem íntegro e cuja austeridade ficou demonstrada em sua gestão.
Manuel Antonio Rodrigues Palma – 1975 a 1979. Um dos grandes prefeitos da história de Cuiabá. Com apoio de Garcia Neto desenvolveu muito a cidade verde. Contra ele, nenhuma denúncia de corrupção.
Gustavo Arruda – 1979 a 1983. Indicado por Frederico Campos. Não foi um grande realizador, mas foi considerado até por seus adversários, como prefeito honestíssimo.
Anildo Lima Barros – 1983 a 1985 – Indicado por Julio Campos chegou a realizar algumas obras em Cuiabá, mas não teve nenhum escândalo na gestão.
Dante de Oliveira – 1985 a 1988 – Foi o vencedor da primeira eleição direta após a derrota da ditadura. Dividiu o mandato com o Cel. Estevão Torquato da Silva, após ter assumido o Ministério da Reforma Agrária. Realizou muitas obras importantes, sendo as principais, a Avenida Miguel Sutil e a organização do setor de saúde de Cuiabá. O Cel. Torquato também foi um grande prefeito. Dois realizadores de um mandato honesto.
Frederico Campos – 1988 a 1992. Político conservador, não fez grandes realizações na prefeitura, mas fez um mandato elogiável do ponto de vista da honestidade.
Dante de Oliveira e Cel. Meireles – 1993 a 1996 – Dante de Oliveira é eleito prefeito de Cuiabá, deixa a prefeitura para se candidatar o governo e com sua vitória assume o Cel. Meireles. Fazem um bom governo e sem nenhum escândalo. Meireles, no final de mandato atrasou os salários dos servidores, mas nenhum gesto de desonestidade.
Roberto França – 1997 a 2004 – Roberto faz uma gestão para a área social cria vários programas importantes e termina seu primeiro mandato com enorme aprovação. Foi o primeiro prefeito reeleito de Cuiabá. No final do seu mandato entrega a prefeitura com salários atrasados. Detalhe relevante: nenhum escândalo na sua gestão.
Wilson Santos – 2005 a 2010. Eleito e reeleito prefeito de Cuiabá. Deixa seu segundo mandato pela metade para se candidatar ao governo, quando perde a eleição. Fez coisas importantes na gestão e não teve nenhum escândalo contra ele.
Chico Galindo – 2010 a 2012. Substituiu Wilson Santos. Sua principal marca foi a privatização da Sanecap e a contratação da CAB ambiental. Existem questionamentos quanto à privatização da CAB, mas nada comparável às denúncias comprovadas contra Emanuel Pinheiro.
Mauro Mendes – 2013 a 2016 – Mauro Mendes é eleito no segundo turno, derrotando Lúdio Cabral. Não foi candidato à reeleição. Deixou a prefeitura com 87% de aprovação popular. Todos os fornecedores e funcionários com salários em dia e dinheiro em caixa para a continuidade de muitas obras que até hoje não foram concluídas, como a UPA do Jardim Leblon. Mauro Mendes deixa a prefeitura sem nenhuma denúncia contra ele.
Emanuel Pinheiro – 2017 a 2020. Foi eleito elogiando a gestão Mauro Mendes de quem é hoje adversário político. Com três meses de gestão estoura o escândalo do paletó. É flagrado recebendo propina dentro do palácio do governo. Os vereadores de oposição, liderados por Abílio denunciam corrupção na Secretaria de Saúde. Emanuel não toma providências e tem o secretário de saúde e sub-secretário presos na operação sangria. Emanuel tem também outro secretário de saúde afastado por comprar remédios bem acima do preço para a Covid. Além de não cuidar bem da população na área da saúde, o governo de Emanuel Pinheiro ainda praticou corrupção neste que é um dos setores mais sensíveis em qualquer administração pública.
Não é nenhum exagero afirmar que nos trezentos anos de Cuiabá, ou desde a sua emancipação política, Emanuel Pinheiro é o prefeito que envergonha a cidade e deixou claramente a corrupção como sua marca de governo.
Emanuel, quando deixar a prefeitura, principalmente se perder a eleição estará muito próximo da cadeia, tal o número de crimes que terá que responder. Ele já é réu na justiça federal no escândalo do paletó e lá, a testemunha Valdecir, que tem mentido escandalosamente no horário eleitoral, se mentir diante do juiz pode ser recolhido imediatamente à prisão, pois à testemunha não é dado o direito de mentir. Emanuel pode continuar mentindo para não se incriminar, a testemunha não.
Emanuel terá também que responder ao episódio da Caramurú. Só para refrescar a memória dos internautas, o então deputado Emanuel, seu irmão Popó e sua cunhada Bárbara receberam R$ 4 milhões de reais de propina para conseguir incentivo fiscal no governo Silval Barbosa em favor da empresa Caramurú, conforme denunciou o deputado Wilson Santos. A empresa já fez delação junto à delegacia fazendária e corregedoria do Estado. Inexplicavelmente o processo está “dormindo” em uma das gavetas do Ministério Público, que tem a responsabilidade de fazer a denúncia. E , enquanto não faz, Emanuel não pode ser afastado, tampouco preso, pois a justiça é inerte. O MP parece que já decidiu fazer a denúncia nas próximas semanas, independentemente do resultado eleitoral.
Emanuel já foi condenado no episódio das esmeraldas falsas. Terá agora que responder a delação de Riva, pelos milhões por ele desviados, através de notas fiscais frias da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Ganhando, ou perdendo a eleição – as duas hipóteses existem, Emanuel dificilmente escapará de todas essas acusações, podendo trilhar o mesmo caminho de Silval Barbosa, do palácio para o cárcere.
E neste domingo, o eleitor que reclama da morosidade da justiça terá a oportunidade de acelerar esse processo. Derrotando Emanuel ele fica muito mais próximo das sentenças que poderão transformá-lo em presidiário. Nesta campanha, ainda que vença dificilmente tomará posse tal o número de crimes praticados dentro da prefeitura com coação de funcionários e mais recentemente, com seu homem de confiança Ralf Leite praticando fake news, que podem inviabilizar definitivamente sua candidatura.
De outro lado Abilio. A maior crítica a ele é que nunca governou nada. O próprio Emanuel nunca tinha governado a cidade, antes da eleição anterior. O maior de todos, Dante de Oliveira, coincidentemente, com a mesma faixa etária de Abilio se transformou no maior prefeito da história de Cuiabá, com apenas 33 anos de idade. Mauro Mendes, embora tivesse êxito como empresário, na administração pública, sua bem sucedida passagem pela prefeitura foi a primeira experiência em gestão pública.
Abilio é arquiteto e urbanista. Tem uma visão extraordinária da cidade e seus planos são de inovação para a tri-centenária Cuiabá. Estou me preparando para mais uma vez exercer o direito do voto e no que depender de mim, vamos enterrar a corrupção. Vamos dizer não ao único prefeito que envergonha a capital nos últimos cinqüenta anos.
Como cidadão recomendo o voto em Abílio.
Antero Paes de Barros é jornalista, radialista, advogado, foi deputado constituinte e senador da República.