A facção criminosa ‘Tropa do Castelar’ que planejava dominar o território atualmente ocupado pelo Comando Vermelho em Sorriso (420 km de Cuiabá) e foi alvo da Operação Yang, deflagrada na quinta-feira (3), pela Polícia Civil, era composta, em sua maioria, por dissidentes do CV, que se revoltaram com as punições impostas pelo grupo.
De acordo com o delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Antenor Pimentel, ex-integrantes do Comando Vermelho estavam descontentes com atitudes tomadas pelas lideranças. Isso porque, os líderes ordenavam execuções e ataque à família dos próprios membros sem motivo.
A situação gerava revolta nos faccionados. Com isso, eles eram expulsos do grupo ou tinham a morte decretada pelo ‘Tribunal do Crime’ por cabritagem, ou seja, vender drogas sem autorização da facção ou qualquer outra conduta considerada como ‘falta grave’ de acordo com o ‘regimento interno’ do grupo.
Depois da expulsão, os dissidentes tinham duas opções: fugir do estado ou se fortalecerem. Alguns, optaram pelo fortalecimento e originaram a Tropa do Castelar, que foi ‘abraçada’ pelo Primeiro Comando Capital (PCC), rivais históricos do CV.
O grande objetivo do grupo era eliminar os rivais, o que levou Sorriso a ganhar a alcunha infame de ‘cidade do crime’, pelo alto índice de homicídios em decorrência da guerra entre as facções criminosas, que disputam território.
A investigação apontou que a nova facção era altamente estruturada, com divisão de tarefas e hierarquia clara (por meio de Regionais, cargos e funções), objetivando vantagens ilícitas através de práticas penais graves como homicídios, tráfico de drogas e sequestros.
A estrutura contava com a ocupação de cargos específicos como “Geral do Estado”, “Coringa Geral”, “Hórus”, “Regionais”, “Disciplina”, “14”, “missionário”, “irmão”, “companheiro” (CP) e “família” (FML), sendo cada função responsável por atribuições operacionais ou disciplinares dentro da estrutura da organização criminosa.
Sem capital financeiro no Estado, a Polícia Civil neutralizou os ‘Castelares’ através da prisão de seus membros, identificados em diversas operações feitas pela Polícia Militar na cidade. Ao todo, foram cumpridas 27 ordens judiciais contra lideranças do grupo. A maioria já estava presa. (HNT)