Com o retorno das aulas presenciais na rede estadual de Mato Grosso nesta quarta-feira (4), muitos pais e integrantes em geral da comunidade escolar tem tido uma grande preocupação: como está sendo essa realidade após o hiato causado pela pandemia e que cuidados estão sendo tomados? Para responder essas perguntas o Olhar Direto esteve na Escola Estadual Liceu Cuiabano e conversou com estudantes e o diretor da unidade escolar.
Na unidade que fica na Capital, cerca de 1.500 alunos estão matriculados, distribuídos entre o período matutino, vespertino e noturno. Com a retomada, o Liceu Cuiabano adotou um sistema híbrido escalonado onde apenas 50% dos alunos devem comparecer semanalmente à escola. Isto é, um grupo A e B, com 750 alunos cada, que se revezerá em cada semana. O que também significa dizer que haverão 250 alunos por turno.
“A gente dividiu em duas turmas [por período], teoricamente, cada uma com 250 alunos. Esses alunos vão vir em semanas distintas. O grupo A vem na primeira semana e na segunda semana ele faz tarefa ou faz os exercícios. [Isso com] os acompanhamentos direto da sua residência, [com] aquilo que for providenciado pelo professor no decorrer da semana em que o aluno esteve aqui. Quando esse [grupo] tiver em casa o outro grupo vai tá na escola”, contou Thiago Baldrighi, diretor do Liceu Cuiabano.
De acordo com o gestor, neste sistema, os estudantes devem ter um melhor aproveitamento e rendimento escolar. Opção que, segundo ele, é melhor do que a realização de um escalonamento diário, onde os grupos teriam que se revezar em diferentes dias da semana, como já chegou a ocorrer em outras unidades.
“Nesse formato de sistema híbrido, acredito que seja talvez a melhor opção, melhor até mesmo que o aluno vir um dia, ficar o outro [dia] em casa. Então trabalhando uma semana, você trabalha focado com aquele grupo, na outra semana você trabalha focado com outro grupo”, explicou.
Medidas de biossegurança
Sobre as medidas de biossegurança, o Liceu Cuiabano conta com algumas mudanças nesta nova temporada. Entre elas estão: a utilização das salas com apenas 50% da sua capacidade; substituição dos bebedouros de esguicho, que necessitava da aproximação da boca, pelos de tipo torneira; e a utilização de materiais sanitizantes para dedetizar os espaços da escola.
“A gente tem que levar em consideração que, como eu disse no princípio aqui, a pandemia permanece e diante dessa situação a segurança passa a ser também prioridade na unidade”, disse Thiago.
Além disso, a unidade escolar também conta com uma campanha de conscientização com cartazes, que tem o objetivo de promover a importância dos cuidados de prevenção ao vírus da Covid-19. O diretor da escola, por sua vez, também enfatiza que os protocolos devem ser entendidos como essencial por toda a comunidade escolar.
“Cartazes foram afixados no pátio escolar tentando trazer para o aluno a percepção da necessidade da gente também se cuidar e até porque [eles] tem parentes em casa e muitos desses parentes às vezes possuem alguma comorbidade. Nós servidores temos as nossas famílias. Então é fundamental que esse processo de segurança, essa atenção à biossegurança seja de todos, não da equipe gestora, não só dos professores e também não só dos alunos, mas de todos”, destacou.
Apesar do déficit, expectativa são boas
Para Thiago, o ano de 2020 foi marcado por mudanças. Ao analisar o processo atravessado pelo Liceu com a chegada da pandemia, o gestor reconheceu que um déficit educacional foi deixado como legado da interrupção presencial das aulas.
“Esse período vai nos trazer uma deficiência muito grande na parte de conhecimento. Até porque a gente sabe que apesar de não termos parado, a efetividade dele [período] pode ser questionada por alguns, mas de uma forma geral é notória de que, infelizmente, você não consegue atingir todos os objetivos”, enfatizou Baldrighi.
Apesar disso, o diretor da escola destaca que com a ciência desse déficit, por parte dos professores, e a retomada presencial, atualmente escalonada, o rendimento dos alunos, principalmente para aqueles que tiveram impactos mais relevantes, deve ser recuperado.
“A partir de agora, nós estaremos retomando o processo de aula e vai carecer muito que os professores tenham consciência de que essa retomada com o aluno precisa se dar. O aluno precisa voltar a, verdadeiramente, ter o aprendizado daquilo que passou no ano de 2020”, completou.
Estudantes esperam recuperar rendimento
Entre os estudantes, também é grande a expectativa de que com a retomada, mesmo escalonada, eles possam recuperar o fluxo educacional, interrompido fortemente pela pandemia. Este é o caso, por exemplo, de Eduarda Louzado, de 17 anos, aluna do 3º ano do ensino médio, que atualmente se prepara para fazer vestibular.
“Foi bom [voltar presencialmente] porque fiquei muito tempo fora e as coisas não foram tão fáceis no online. É prazeroso voltar a um lugar que tu tava acostumado. [Espero] que dê muito certo e que eu consiga aproveitar esses últimos meses de aula, pra me sair bem no vestibular”, disse a jovem.
Pedro Henrique Alves, de 17 anos, também integrante do 3º ano do ensino médio está no mesmo caminho. Prestes a fazer o exame que pode lhe garantir uma vaga na faculdade, ele cita as dificuldades que foram impostas pela pandemia. Uma mostra disso, a sua própria turma, da qual restaram apenas três estudantes.
“Nosso terceiro ano e segundo ano foram fracos, a gente pode ser sincero. Os alunos depois que saíram do sistema normal e foram para o sistema híbrido eles não se acostumaram. Pelo que mostraram hoje parece que vai ser muito bom. [Espero] aprender o triplo do que o segundo e esse ano [terceiro]”, finalizou Pedro.
Fonte: Olhar Direto