Lumar Costa da Silva, de 31 anos, acusado de matar a tia e arrancar o coração dela, em 2019, em Sorriso (395 km de Cuiabá), foi diagnosticado com transtorno afetivo bipolar tipo I. A avaliação foi feita pelo médico psiquiatra forense Rafael de Paula Giusti.
“Segundo as diretrizes da 5° edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 um comprometimento com humor expansível, autoestima grandiosa e atenção a atividades exacerbadamente aumentadas em um período onde apresenta-se mais loquaz que o habitual, seguidos por um período onde há a presença de um humor deprimido associado a sentimentos de inutilidade e pensamentos de morte, caracteriza a doença Transtorno Afetivo Bipolar tipo I”, definiu o médico em trecho do laudo.
Traumas de infância
Conforme o documento, Lumar “carrega traumas físicos e emocionais devido a um convívio familiar conflituoso”. Isso porque os pais se separaram quando ele tinha 7 anos.
Durante a infância, sofreu com as agressões por parte da mãe. Fugiu de casa algumas vezes e chegou a morar com o pai, mas não de forma definitiva.
Ao médico, Lumar disse não ter sido reprovado na escola e ter tido um desenvolvimento escolar bom. Inclusive, teria apreendido inglês e espanhol em cursos online, além de ter começado a fazer aulas de japonês.
O rapaz relatou ainda que se casou aos 18 anos e teve uma filha, hoje com 8 anos. “Cita-se aqui que, durante a entrevista, demonstrou-se emocionado e preocupado com o cuidado da filha”, pontuou o médico.
Uso de entorpecentes
Com relação ao histórico de uso de substâncias por Lumar, o início foi com a maconha. Aqui, o médico elencou que, “esta droga não tem sua ação muito bem estabelecida com efeitos psicóticos”.
Contudo, o psiquiatra, com base na literatura especializada, relaciona os sintomas psicóticos ao momento de uso da substância.
Lumar relatou que no dia do crime fumou um cigarro de maconha e também tomou um comprimido de LSD. Durante a entrevista com o especialista disse ter ouvido vozes ordenando a prática do crime.
O acusado diz ainda que só parou de ouvir as vozes, após três meses de prisão. Atualmente, Lumar faz tratamento médico, inclusive, com medicamentos.
Com relação à outra substância,o LSD, Giusti lembra que é uma droga alucinógena sintética que pode resultar em sintomas graves, como por exemplo, o quadro psicótico.
Tempo indeterminado
“Não restam dúvidas que o periciando padeça de Transtorno Afetivo Bipolar, conforme descrito anteriormente. E é inevitável considerar que o fato do periciando ter feito o uso de substâncias alucinógenas no dia do crime contribuiu para agravamento do quadro do humor e desenvolvimento dos sintomas psicóticos relatados”, definiu Giusti.
O médico indicou ainda que nesse quadro clínico ocorre o comprometimento do juízo, da crítica e a do auto-controle do paciente. Além disso, na síndrome maníaca pode ocorrer o aumento da impulsividade, resultando um comportamento incisivo e agressivo.
Na conclusão do laudo, o psiquiatra frisou que Lumar precisa de um tratamento psiquiátrico e reforçou ainda que há uma ligação entre “o diagnóstico, a psicopatologia apresentada e o ato cometido”.
O documento foi remetido ao juiz Anderson Candiotto, de Sorriso. A avaliação médica era aguardada pelo magistrado para definir acerca do julgamento de Lumar.
Fonte: O Livre