Queimadas no Pantanal registram queda, mas cenário ainda é o pior dos últimos anos

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O número de focos de queimada no Pantanal mato-grossense dos últimos sete dias registrou queda em comparação à semana anterior, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O alívio pode estar relacionado à frente fria que diminuiu a temperatura no fim de semana. Diante do retorno das altas temperaturas no estado e das poucas chances de chuva, a preocupação, entretanto, é que as queimadas voltem a bater recordes.

De acordo com a Divisão de Geração de Imagens (DIDGI) do Inpe, entre os dias 19 e 26 de agosto, houve o registro de 701 focos de queimadas no Pantanal mato-grossense. O número é cerca de 40% menor que o registrado entre os dias 11 e 18 do mesmo mês, quando os satélites apontaram para 1177 focos de calor na mesma região.

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Dados: Monitor de Queimadas ICV

Apesar da queda no comparativo entre as duas semanas, não há garantias de alívio para os próximos dias. Somente nesta quarta-feira (26), já há pelo menos 174 focos de calor, o que corresponde a 94% de todos os focos do mês de agosto do ano passado. No comparativo entre o mesmo mês de 2019 e 2020, o aumento já é de cerca de mais 1800%.

Ainda preocupa os especialistas o fato de historicamente o bioma registrar mais queimadas no mês que ainda se avizinha. Conforme o Monitor de Queimadas criado pelo Instituto Centro de Vida (ICV), setembro é o mês em que o bioma mais sofre com o fogo. Em 2018, os focos de queimada saltaram cerca de 471% entre agosto e setembro, e em 2019, o aumento entre os meses foi entorno de 334%.

Reforço na fiscalização e na punição

Para Vinicius Silgueiro, engenheiro florestal coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, para que se evite chegar a cenários tão alarmantes quanto os observados esse ano, é necessário que se diminua a sensação de impunidade a crimes ambientais. Ações de fiscalização e autuação são possíveis já que a maior parte das propriedades de onde vem o fogo estão inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), possibilitando a identificação dos responsáveis.

“Quando observamos a sequência de imagens de satélite, conseguimos remontar a origem desse fogo e perceber que muitas vezes ele começa em uma fazenda e com o tempo seco dessa época, vai se alastrando. Então, é possível fazer essa identificação e essa responsabilização, que consideramos ações básicas. É necessário que aquele que esteja mal intencionado veja a reação que houve no ano anterior e não cometa o crime. É algo que precisa ser feito ano após ano. Além disso, toda a parte de sensibilização e de educação ambiental, apresentando outras práticas produtivas que tornam desnecessário o uso do fogo. Sem dúvidas, um conjunto de esforços”.

Fonte: PNB Online